O artigo intitulado Psicologia e Proteção Social no Enfrentamento a Pandemia da COVID-19 tem como objetivo central realizar reflexão crítica com base no relato de experiência dos autores que estiveram na linha de frente do Sistema Único de Assistência Social, durante os meses de fevereiro a junho do ano de 2020, valendo-se de suas participações na articulação da estratégia de proteção social adotada pela Secretaria de Assistência Social para mitigar os efeitos socioeconômicos da pandemia de Covid-19. Para fins de análise dessa experiência, utilizou-se relatórios técnicos, guias e protocolos de organizações humanitárias especializadas em desastres sociais com vistas a compreensão dos impactos psicossociais da pandemia na população presente no município, juntamente com estagiários, voluntários, trabalhadores e gestores da Política de Assistência Social que participaram da fase de resposta. Investigando nesta perspectiva qual o papel da Proteção Social no enfrentamento das contingências sociais geradas, e/ou agravadas mediante a pandemia de COVID-19, quais as respostas emergências atribuídas e realizadas para minimizar tais contingências, e como a psicologia contribuiu para desenvolvimento dessas ações. Para cimentar a leitura crítica e reflexiva sobre a situação pandêmica e o papel da psicologia na linha de frente da pandemia da Covid-19, recorreu-se a Boaventura Souza Santos através de uma análise pedagógica do vírus, que aponta seis lições importantes para compreender a pedagogia do vírus. A primeira lição trata do tempo político e mediático como condicionante do modo como a sociedade contemporânea se apercebe e dos riscos que corre; A segunda lição aponta que as pandemias não matam tão indiscriminadamente quanto se julga; A terceira destaca que enquanto modelo social, o capitalismo não tem futuro; A quarta lição ensina que a extrema-direita e a direita hiper-neoliberal ficam definitivamente descreditadas; A quinta lição mostra que o colonialismo e o patriarcado estão vivos e reforçam-se nos momentos de crise aguda e por fim, o ensinamento do regresso do Estado e da comunidade, mostrando como o capitalismo neoliberal incapacitou o Estado para responder às emergências (SANTOS, 2020). As atividades desenvolvidas nesse contexto foram voltadas para a escuta sensível das famílias, a avaliação do padrão socioeconômico para concessão do benefício, atendendo aos critérios prioritários. Os profissionais estiveram disponíveis para realizar o acolhimento e também garantir o direito a segurança alimentar, sendo possível realizar intervenções no sentido de promover a emancipação social e fortalecimento da cidadania das familias e seus membros, mostrando que as estratégias implementadas se tratam de um direito constitucional. A partir da experiência, pode-se considerar o papel estratégico da psicologia enquanto ciência e profissão atuando diretamente na garantia dos direitos socioassistenciais em município com dimensões que apresenta assimetrias regionais e desigualdades sociais, apontando para a importância da psicologia na implementação de atividades de gerenciamento de riscos, envolvendo a comunidade e garantindo a proteção social, levando em consideração os níveis de pobreza e exclusão social. Essa primeira experiência traz importante subsídio para analisar a relação sociopolítica no contexto pandêmico e o desafio da gestão pública em envolver a comunidade para organização de tarefas e participação nos processos informativos e de comunicação.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br