A saúde mental é um fenômeno complexo e multifacetado, e, por isso, deve entretecer diversas áreas do conhecimento, contextualizando o cuidado em suas dimensões e processos macro e micropolíticos. À vista disso, os métodos da pesquisa qualitativa, aplicados ao campo da saúde mental, possibilitam a superação de paradigmas biologizantes e construção de olhares frente ao fenômeno, atrelado ao seu contexto sociocultural, alinhando-se aos preceitos da Reforma Psiquiátrica. Esse olhar metodológico considera os participantes da pesquisa como sujeitos ativos e parte do fenômeno estudado, além de levar em conta a influência da presença do pesquisador no estudo. A entrada em campo, portanto, é reconhecida como um processo de construção dos dados, visto que esses não estão postos na realidade compartilhada, de modo estático, para serem coletados, mas em constante dialética. A realização da pesquisa qualitativa nas ciências sociais já prevê a utilização de diversos métodos para construção e análise dos dados. Com isso, a triangulação metodológica propõe a visualização do objeto e do fenômeno por diversos ângulos, por mais de um pesquisador, o que permite que sejam identificadas diferentes óticas que se complementam. A triangulação não busca o esgotamento do assunto, mas o aprofundamento do que é possível identificar, formulação de novas perguntas que acompanhem a transformação do fenômeno bem como realização de novas pesquisas. No projeto intitulado “Triangulação metodológica na pesquisa em representações sociais: Um foco sobre o cuidar em saúde mental”, vinculado à Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Anísio Teixeira, localizado em Vitória da Conquista, foi criado um grupo de pesquisa composto por graduandas/os do curso de Psicologia, entre bolsistas de iniciação científica, voluntários e colaboradores, com o objetivo principal de aprofundar nos limites e possibilidades que o fazer triangular lança sobre as pesquisas em representações sociais, tomando como recorte dados colhidos em pesquisas com distintos grupos de sujeitos e multi-métodos. Tais estudos têm como ponto em comum o compromisso com a temática da saúde mental infantojuvenil, um campo em construção no Brasil, tanto no que concerne à pesquisa como à construção e consolidação de políticas públicas. Para tanto, a pesquisa, de natureza qualitativa, foi desenvolvida a partir do uso de diversas fontes (revisão bibliográfica em artigos e periódicos), grupos de participantes (profissionais e familiares vinculados ao Centro de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência - CAPS IA), instrumentos (roteiro semiestruturado, diários de campo e ECOMAPA), técnicas de coleta (entrevistas e observação participante) e análise de conteúdo. Salvaguardados os aspectos éticos, realizou-se um trabalho eminentemente artesanal de juntar as informações, complementá-las e interpretá-las para que o objeto de estudo - cuidado em saúde mental infantojuvenil - fosse aprofundado. Assim sendo, visto que a prática do cuidado se propõe de modo integral e coletiva, baseada no trabalho multi e interdisciplinar com constante reformulação e reflexão acerca das maneiras de ser exercida, a utilização da triangulação metodológica mostrou-se efetiva no que tange à complexidade do fenômeno. O uso de multimétodos possibilitou o acesso a diferentes dimensões da saúde mental, a construção de conhecimento em conjunto e a valorização dos saberes emergentes da experiência à luz do referencial da Teoria das Representações Sociais. Esse trabalho impacta na formação de futuros profissionais munidos de novos olhares e possibilidades inventivas do trato e do cuidado que estimem a autonomia dos sujeitos.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br