A atenção primária à saúde (APS) constitui um dos inúmeros campos possíveis para atuação do profissional da psicologia dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), também marcado por oportunidades e desafios. Considerando a saúde pública como área de visita simplória pela psicologia e seus profissionais, notadamente dedicados à clínica tradicional, destacamos como importante que relatemos nossas vivências para contribuir com a expansão do conhecimento e estudo da psicologia nesses cenários de práticas. Este trabalho tem como objetivo relatar as experiências de duas psicólogas residentes do Programa de Residência em Saúde da Família da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), no período de 08/04/21 à 31/08/2021, em duas Unidades de Saúde da Família (USF), no município de Itabuna/BA, tratando-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência. Traz à tona o advento da pandemia causada pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2 e seu impacto na atuação no campo do profissional residente de psicologia: enquanto limitação, desafio e de oportunidades à realização de práticas em psicologia neste contexto. Enquanto limitação destacamos a realização restritas de atividades condicionadas à segurança epidemiológica: atendimentos individuais, implementação de Projeto Terapêutico Singular (PTS) e educação em saúde, utilizando a sala de espera como ferramenta. Visitas domiciliares, grupos de educação em saúde e processo de territorialização deixaram de ocorrer. A impossibilidade de inserção inicial do profissional no território colocou em evidência as demandas à USF. Observamos a emergência ao atendimento tradicional, individual. O trabalho preconizado no âmbito da atenção primária, clínica ampliada e contexto psicossocial, só foi possível ser efetivado quando nos foi viável estar no processo de territorialização. Essa ampliação diz respeito a ver o sujeito também a partir do território e compreender as demandas sociais e comunitárias que o circundam como parte das demandas individuais dos usuários. O contexto da pandemia trouxe desafios à prática profissional: promoção do acolhimento aos usuários, atendimento interprofissional, multidisciplinar, integração à equipe de saúde da unidade alinhando o retorno gradativo à nova normalidade e atendimento às demandas acumuladas pela necessidade imperativa de medidas restritivas. Às limitações e desafios somou-se, como oportunidade, a necessidade recorrente de busca de revisão de bases teóricas e práticas em psicologia que contribuíssem de forma integrada, dinâmica (inter e multiprofissional) e, ao mesmo tempo, específica para a inserção da psicologia no cenário pandêmico da atenção primária à saúde, articulando esse cuidado com a atenção às vulnerabilidades e riscos característicos desses territórios. Consideramos, dentro do espaço de tempo das experiências relatadas, que as possibilidades de atuação para o profissional da psicologia na APS, já extensas e a serem afirmadas, foram ampliadas em consequência da pandemia, cujos desafios exigem e exigirão do profissional um olhar e atuação qualificados ao contexto de territorialização, políticas públicas e emergências, mais atento aos usuários quando nas USF, em atendimentos individuais ou coletivos, para que, a partir desse olhar, consigamos também afirmar nossa competência profissional nesses espaços.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br