A Pandemia Covid-19 provocada pelo novo coronavírus evidenciou problemas sociais, econômicos que, em sua maioria, já estavam presentes em nossa sociedade, mas eram sufocados pelo cotidiano e suas pressões. Neste contexto, a área da Educação pública foi especialmente atingida pelas medidas de isolamento e distanciamento social. Pela primeira vez, as escolas, estabelecimentos tão caros a nossa organização social foram fechados e os processos de trabalho modificados. A ausência da presencialidade da escola desvelou uma série de elementos que embora já existentes ficavam mascarados como por exemplo: a extrema desigualdade entre escolas públicas e privadas escancaradas pela ausência de tecnologias para aulas remotas (o acesso a internet, a qualificação profissional, o material impresso, entre tantas outras coisas). Outro elemento é o espaço escolar como lócus de trocas, de pluralidade e convívio social que vai além de uma compreensão meramente cognitivista de aprendizagem. E por fim a desvalorização da profissional da educação que foi atirada na prática remota sem as condições materiais, formativas e emocionais mínimas para o exercício de sua atividade. Assim em meio ao debate sobre retorno as aulas faz-se necessário refletir sobre a saúde mental dos profissionais da educação diante dos efeitos socioemocionais produzidos pelo isolamento social bem como sua importância como agente promotor de saúde. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de duas estagiárias do Curso Psicologia da Universidade Federal do Sul da Bahia no campo escolar. As intervenções aconteceram na modalidade remota em uma escola municipal de uma cidade do interior da Bahia sempre através da plataforma do Meet. Ao longo do período do estágio, três meses, foram realizados levantamentos das demandas direcionadas a Psicologia entre quais destacou-se a necessidade de uma escuta qualificada para as professoras. Deste modo, foi proposta uma roda de conversa a respeito da saúde mental das docentes em tempo de isolamento social e trabalho remoto. Participaram dos encontros seis professoras do ensino fundamental que relataram a dificuldade no manuseio das tecnologias para o novo formato de ensino, carga exaustiva de trabalho, medo, angústias e expectativas para o retorno das atividades presenciais. Apontaram ainda os desafios impostos pela conciliação das atividades domésticas, familiares e profissionais. Destacaram as perdas de familiares e amigos por infecção da covid-19 e o medo se contaminarem e transmitirem para outras pessoas. Por fim demonstraram preocupação com o processo ensino-aprendizagem das estudantes e as inúmeras situações de violências e vulnerabilidades a que estão sendo submetidas no período de isolamento social. As demandas e queixas apresentadas foram acolhidas e trabalhadas em grupo. O confronto com os limites da profissão e os limites pessoais levaram-nas a refletir sobre a necessidade de reconhecimento da profissional da educação. Apontaram também para importância de espaços qualificados de escuta no ambiente escolar visto que a saúde mental da docente é muitas vezes negligenciada. Concluiu-se com esta intervenção que as sequelas impostas pela pandemia na Educação Publica brasileira não podem ser invisibilizadas. A psicologia escolar tem importância fundamental na promoção de espaços de acolhimento e construção de estratégias para enfrentamento das adversidades apresentadas.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br