Em dezembro de 2019 foi notificado na China o primeiro caso da COVID-19. Sua rápida disseminação no início de 2020 configurou-se em uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Frente à emergência de saúde pública, muitos estudos demonstram a vulnerabilidade da população a agravos psíquicos. Estima-se que até metade de todos os expostos à situação de pandemia possa apresentar algum agravo psíquico caso não seja feito nenhum tipo de intervenção de apoio em saúde mental. Destacam-se os profissionais de saúde, considerados linha de frente neste contexto, submetidos a uma dupla pressão. Precisam lidar com as questões físicas e emocionais tanto dos usuários quanto das suas próprias. Vivenciam a incerteza diante do desconhecido, o distanciamento da família por cautela e cuidado, o risco elevado de óbitos durante o atendimento. Tanto os profissionais quanto os usuários do serviço necessitam de apoio e suporte emocional, ou estratégias de cuidado eficazes para prevenção e promoção de saúde mental. Diante disto, este estudo tem como objetivo relatar uma experiência de capacitação em saúde mental para profissionais de uma Equipe de Saúde da Família – ESF, desenvolvida por profissionais de uma Residência Multiprofissional em Saúde da Família no interior da Bahia (psicóloga, fisioterapeuta, preceptor de psicologia). A ação foi realizada através de roda de conversa e prática de relaxamento com uso de alongamentos e exercício de respiração. Este trabalho enquadra-se na abordagem qualitativa de caráter descritivo. Como resultado, constatou-se a possibilidade de realizar ações de cuidado em saúde mental em situações de elevada carga de estresse, como uma pandemia. Além disso, ocorreu a tomada de consciência sobre o processo de acolhimento como uma responsabilidade de todos os profissionais do serviço e elucidou a importância do fortalecimento de vínculo entre a equipe. Assim, a capacitação de um grupo de profissionais de saúde favoreceu o sentimento de pertença, de apoio mútuo e aproximação entre eles. Diante o distanciamento físico imposto, que deixou as pessoas predispostas a sentimento de solidão, angústia e dificuldades de lidar com as adversidades, a capacitação proporcionou aos profissionais maior segurança para lidar com a problemática psicológica dos usuários e para agir com habilidade ao realizarem uma escuta qualificada das queixas emocionais da população. Requisitos estes, primordiais para o desenvolvimento de uma atuação integral pela equipe de Saúde da Família, especialmente, neste momento de pandemia. Dentre o conjunto de todos os serviços de atenção à saúde, a Atenção Básica tem, pela sua aproximação com o território, condições necessárias para ofertar cuidados em saúde mental e facilitar a oferta de cuidados psicológicos paliativos e preventivos aos seus usuários. Verificou-se que, a inserção do psicólogo na Unidade de Saúde Família favorece a realização de ações de promoção e prevenção em saúde mental, contribuindo para a concretização dos princípios do Sistema Único de Saúde e oportunizando a interdisciplinaridade e a contextualização das intervenções. Além disso, práticas que tem como estratégia alcançar o coletivo transcendem a prática direcionada pelo modelo clínico e fortalece a inserção da psicologia na saúde pública.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br