O plantão psicológico em um Núcleo de Práticas Jurídicas: um processo de ressignificação das vivências humanas

  • Autor
  • Hárllen Eric Benevides de Castro
  • Co-autores
  • Valquiria de Jesus Nascimento
  • Resumo
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    Ser estagiário de psicologia em um serviço de Plantão Psicológico é, dentre outras coisas, um fazer ético, profissional e humano. Sabe-se que o plantão psicológico, por ser uma prática que vai além da clínica convencional, pode ocorrer em distintos lugares, sendo um destes o Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ). A equipe neste contexto era composta por profissionais e estagiários do direito e da psicologia. Os atendimentos realizados pelos profissionais e estagiários de psicologia, como dito anteriormente, seguiam a lógica do plantão psicológico, assim, os atendimentos ocorriam na medida em que eram solicitados, podendo haver continuidade ou não das sessões - fator que dependeria da lógica de cada caso atendido. As intervenções realizadas nos atendimento se baseavam na escuta psicoterapêutica (principal instrumento utilizado no serviço) da pessoa que solicitava o atendimento. Entende-se que o sujeito que solicita por acolhimento psicológico no NPJ vivencia demandas que atravessam o campo jurídico (como a alienação parental e a violência doméstica), essas  que afetem diretamente a sua saúde mental. Diante disso, para acolher o sofrimento trazido pelo sujeito nesta instituição, o estagiário de psicologia, fundamentado pela Abordagem Centrada na Pessoa, se posicionava enquanto congruente consigo mesmo, pois é aceitando quem se é que se torna possível ajudar o outro. Além disso, ele estava disponível para escutar e acolher empaticamente quem pede por ajuda, e assim, ouvir não apenas o que é dito explicitamente pela pessoa, mas também o semblante presente em seu discurso. Ademais, o estagiário / psicólogo, na posição de plantonista, partilha de uma lógica de que o sujeito que busca o atendimento não é um mero resultado de uma série de fatores, e sim o iniciante de todo o seu processo como sujeito. Sujeito este que é livre para existir da forma que consegue sustentar. Assim, esse profissional reconhece, de atendimento a atendimento, que todas as realidades psíquicas são válidas e subjetivas, e, por meio disso, corrobora no processo de plantão psicológico para que o sujeito atendido reconheça, aceite e atualize seu autoconceito, para que consiga, por conseguinte, emergir em um processo de expansão pessoal a cada sessão. Logo, o plantão psicológico desenvolvido no NPJ proporciona uma experiência de ressignificação e autoconhecimento humano, em que a pessoa atendida, por meio de sua implicação e transferência desenvolvida pelo psicólogo / plantonista, poderá se organizar frente as questões que o afetam, e ainda, vir-a-ser o que sempre se foi, mas que “nunca” se quis saber, pois ao colocar em palavra suas angústias expressas na demanda jurídica a pessoa conseguirá ouvir aquilo que anteriormente não ouvia – o seu próprio self.

     

  • Palavras-chave
  • Psicologia jurídica, Políticas Públicas, Saúde Mental
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Eixo F: PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA
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Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.

Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.

Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.

A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.

Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.

  • Eixo A: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO
  • Eixo B: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
  • Eixo C: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO
  • Eixo D: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
  • Eixo E: PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
  • Eixo F: PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA
  • Eixo G: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TRÂNSITO
  • Eixo H: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES
  • Eixo I: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19

ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS 
Natani Evlin Lima Dias 
Pablo Mateus dos Santos Jacinto 
Gabriela Evangelista Pereira

COMISSÃO ORGANIZADORA

Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)

Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)

 

AVALIADORAS/ES

Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira

 

Equipe CREPOP:

crepop03@crp03.org.br