Este trabalho apresenta a experiência de mobilização da rede de proteção intersetorial do município de Lauro de Freitas-Ba, desenvolvida no âmbito da Superintendência do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entre os anos de 2017 e 2020. A implementação do mesmo partiu da compreensão da intersetorialidade como princípio organizativo do SUAS, que integra e articula a rede socioassistencial com as demais políticas e órgãos. Na Política Nacional de Assistência Social (2004), a intersetorialidade é destacada como um novo paradigma para a gestão pública, articulado à descentralização, com o objetivo de promover a inclusão social ou melhorar a qualidade de vida das pessoas, a partir dos problemas concretos que incidem sobre uma população em determinado território. Assim, a rede, como o entrelaçamento de serviços e pessoas, pode ampliar o fluxo de informações, além de descentralizar ações e poder. (PEREIRA, SANTOS E INOCENTE, 2011).
As autoras do trabalho (duas Psicólogas, uma Assistente Social e uma Pedagoga) ocupavam cargos de gestão do SUAS, consolidaram a experiência em artigo escrito em 2018, a partir do curso “Trabalho Social com as Famílias no Paradigma Sistêmico”, oferecido pela Prefeitura de Lauro de Freitas.
Em agosto de 2017, a rede passou a reunir-se mensalmente, com os objetivos de: Promover o conhecimento mútuo das equipes, serviços e fluxos; Otimizar a comunicação entre os integrantes, proporcionando encaminhamentos mais assertivos e resolutivos; Promover ações integradas; Organizar um catálogo da rede de proteção.
O trabalho apresenta um panorama das reuniões de rede, metodologia utilizada, resultados e dificuldades, a partir de avaliação dos participantes. As autoras analisam a experiencia, destacando aspectos que se conectam à teoria sistêmica.
Metodologia:
1. Formalização do convite e solicitação de participação junto aos órgãos e entidades da rede;
2. Atuação das proponentes como catalizadoras dos encontros, divulgando e mobilizando os participantes;
3. Os encontros mensais realizados em diferentes equipamentos da rede, com a condução sob a responsabilidade dos anfitriãos.
4. Escolha coletiva dos temas abordados, a partir da necessidade percebida no fazer cotidiano, e consolidados numa programação anual passível de alteração pelo grupo.
Resultados:
-Oportunizou aos participantes conhecer os diversos serviços e fluxos de atendimento, possibilitando qualificar o acesso às políticas públicas, através da compreensão das dinâmicas de encaminhamentos e referenciamentos;
-Promoveu articulações mais efetivas e resolutivas, com a comunicação entre as equipes, o compartilhamento de problemas e possíveis soluções, ampliando as perspectivas sobre os mesmos;
-Contribuiu para o fortalecimento das parcerias e ações integradas.
Dificuldades:
-Lidar com os limites de atuação e lacunas existentes entre as políticas setoriais;
-Falta de mapeamento dos serviços da rede;
-Fragilidades na comunicação dos serviços;
-Diferenças nas condições de acessibilidade nos locais das reuniões;
Conclui-se que o caráter sistêmico presente na metodologia da experiencia: responsabilidade compartilhada na condução do processo; espaços rotativos das reuniões, ampliação da compreensão sobre o funcionamento dos serviços; condução alternada dos encontros; estratégia coletiva de escolha das temáticas; análise das situações problema a partir de diversas perspectivas, contribuíram para a adesão, participação voluntária e efetiva dos envolvidos.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br