Em Março de 2020 foi declarada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavírus (OPAS/OMS, 2020). Diante do contexto emergente, houve a necessidade de uma reorganização do funcionamento da população mundial, visando enfrentar o avanço e disseminação da doença e conter as graves consequências sociais, econômicas, relacionais, político-jurídicas e, principalmente, na saúde física e mental da população. Um dos grandes impactos da pandemia foi observado no Sistema de Saúde, no processo de reorganização das rotinas e fluxos, incluindo aqui a rotina das Residências Multiprofissionais e Médicas. Especificamente sobre o Programa de Residência Multiprofissional em Urgências (PRMU), onde esta experiência é embasada, houve alteração dos rodízios práticos e dos perfis dos setores de atuação, inclusive das clínicas médica e cirúrgica, nas quais a residência estava inserida no período de março à agosto/2020. O presente artigo consiste em um relato de experiência nas clínicas médica e cirúrgica no decorrer do primeiro ano da Residência Multiprofissional em Urgências, no Hospital Geral de Vitória da Conquista, durante o contexto da pandemia da COVID-19, ainda vigente na realidade mundial, apresentado através da vivência de duas residentes em psicologia. A clínica médica neste recorte de tempo, que, comumente, se caracteriza pelos longos internamentos, pacientes com faixas etárias elevadas (em sua maioria idosos), adoecimentos crônicos e pacientes em Cuidados Paliativos. Neste período, o significativo aumento no número de casos de COVID-19 desembocou na necessidade de destinar parte dos leitos de clínica médica para os pacientes em questão. A clínica cirúrgica, com características opostas, também teve seu fluxo alterado. Representava uma alta rotatividade, pacientes mais jovens, grande concentração de quadros oncológicos, pacientes apresentando maiores níveis de gravidade física e psicológica, ritmo de trabalho mais acelerado e procedimentos neurológicos, vasculares, clínicos, na sequência de maior para menor quantidade. Em face desse novo contexto, houve o acréscimo de novas e intensas demandas para a psicologia: hospitalização, diagnóstico, medo da pandemia, da contaminação, distanciamento familiar e social. Para além da reorganização dos leitos de ambas as clínicas, houve redução dos procedimentos cirúrgicos, priorizando as cirurgias de urgência e emergência, cancelamento/redução dos procedimentos eletivos, ao passo que o hospital também deixou de ser porta aberta para a população. Considera-se que os meses de prática nas clínicas exigiram resiliência e uma intensa preparação técnica por parte das residentes devido às alterações já citadas, bem como a experimentação de sentimentos e emoções relacionadas ao contexto pandêmico. É importante considerar que a vivência não foi apenas profissional, perpassando os aspectos psicológicos e emocionais também experienciados pela população de um modo geral e descritos na literatura. A título de exemplo, o medo da contaminação e da morte de si e dos outros, tristeza, ansiedade, alterações de sono e solidão.
Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.
Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.
Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.
A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.
Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.
ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Gabriela Evangelista Pereira
COMISSÃO ORGANIZADORA
Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)
AVALIADORAS/ES
Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira
Equipe CREPOP:
crepop03@crp03.org.br