Arte em intervenção no Centro Pop: [re]interpretações sobre formação em Psicologia e a escuta genuína de adolescentes em situação de rua

  • Autor
  • Gabriel Max da Silva Oliveira
  • Co-autores
  • Brenda Luara dos Santos de Souza , Rita Beraguas de Lima
  • Resumo
  •  

    O presente estudo objetiva discutir a importância da arte na práxis formativa da psicóloga com base na relevância do encontro como exercício a uma escuta genuína não apriorística. Para tanto, optamos por reinterpretar uma prática de intervenção psicossocial realizada pelas psicólogas co-autoras durante sua formação acadêmica. Neste contexto, entendemos aqui o núcleo prático da formação em psicologia como oportunidade de dramatizar o protagonismo de uma prática em curso ampliando as compreensões do currículo acadêmico frente a imprevisibilidade que habita o encontro. O dramatizar, segundo Boal, realça o tema em discussão e possibilita a entrada do sujeito participante na ação real. A já mencionada intervenção, tinha como foco possibilitar um (re)significar passado e futuro frente às limitações situacionais dos adolescentes em situação de rua inseridos no Centro Pop, através da exposição e discussão do anime Naruto, devido a semelhança contextual os adolescente em situação de rua e o personagem principal que nomeia o anime. Naruto é uma criança órfã, incompreendida e desprezada pelas pessoas de onde mora, por essa razão, ele quer provar para a sociedade o valor de sua existência. Então, a fim de que as pessoas notassem sua presença, cometia pequenos atos infracionais e, assim conquistava a atenção, ainda que, nos poucos instantes que dispunha, falava aos outros dos seus sonhos e sentimentos. Todavia, ao serem questionados sobre os episódios, um silêncio se ecoou como resposta, ao contrário do que se esperava, não houve identificação com o personagem. Em meio a isso, nossa reinterpretação enfatiza o silêncio enquanto uma resposta objetiva, ao evidenciar que os participantes pensavam em outros caminhos para encontrar-se. “Heidegger indica o encontrar-se como abertura originária de mundo, isto é, aquilo que cotidianamente chama-se de ‘sentimentos’ ou ‘afetos’ é o primeiro desvelar dos entes do mundo (EVANGELISTA, 2016, pg. 92)”.  A intervenção, então, volta-se a quem se propõe intervir, ao constatar o equívoco das graduandas em limitarem o sujeito investigado à sua vulnerabilidade; como se uma criança de rua não pudesse ser mais que isto, ou seja, o basilar da prática psicológica não fazia parte da proposta de intervenção: a escuta. Seja dito de passagem que, toda vida humana, ainda que investigada em recortes, deve ser escutada na sua integridade. De acordo com Moreno (2010, pg. 88) “o elemento de espontaneidade tem, neste caso, o propósito de servir à conserva cultural, de revitalizá-la” oportunizando a resignificação das experiências apriorísticas das próprias interventoras, ainda comum no enredo cotidiano do atendimento psicossocial ao público socialmente vulnerável. Ainda que o objetivo de ressignificação tenha alcançado como efeito colateral as próprias autoras a partir do silêncio dos adolescentes, é justificável atentar-nos à leitura da própria ação dramática, sendo inegável que, decerto, foi percebido uma satisfação a partir da contemplação da narrativa de Naruto. Destarte, cabe aqui a defesa do núcleo prático da formação, ao dramatizar a prática psicológica oportuniza-se dois papéis aos graduandos: o de seguir limitando o adolescente a um desastre em potencial, ou o de acolher e escutar, promovendo o desenvolvimento do sujeito e a potencialização de sua existência, junto a potencialização do si mesmo.

  • Palavras-chave
  • Adolescentes em situação de rua, dramatização, escuta psicossocial, formação da psicóloga, Naruto.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Eixo E: PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
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Ao longo dos anos os campos de práticas em Psicologia vêm se ampliando e alcançando os mais variados âmbitos, principalmente se considerarmos os avanços das políticas sociais, bem como o atual quadro de retrocessos enfrentados na presente conjuntura de crise social e política que, por sua vez, influencia direta ou indiretamente nos espaços em que a psicologia ocupa.

Atualmente, as políticas públicas se configuram como o espaço de grande inserção desses profissionais, como discutido por Mandelbaum (2012) que vê o campo social como “território fértil”, um verdadeiro laboratório para a produção em Ciências Humanas, uma vez que cada vez mais o social e o psicológico são concebidos de modo indissociável.

Com o objetivo de visibilizar práticas ligadas à psicologia e políticas públicas, bem como de interiorizar e desse modo divulgar o que tem sido proposto e desenvolvido no estado baiano, o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), órgão operacional do Conselho Regional de Psicologia 3ª região (CRP-03), tem procurado construir espaços coletivos de discussão, convocando a categoria e os estudantes de Psicologia a repensarem seus papéis nas políticas públicas e assim potencializar os espaços de atuação em todas as suas instâncias.

A Mostra de Práticas em Psicologia e Políticas Públicas concretiza esse papel. Desde sua primeira edição, em 2016, agrega trabalhos de todo o estado da Bahia, evidenciando a pluralidade do fazer psi nesse território.

Em sua terceira edição, a Mostra celebrou os 15 anos do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) na Bahia e pautou os seguintes eixos temáticos nos trabalhos submetidos e nos debates da programação em geral: a) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQI+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO; b) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS; c) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO; d) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE; e) PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; f) PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA; g) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TR NSITO; h) PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES; i) PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19.

  • Eixo A: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+, SEXUALIDADES E QUESTÕES DE GÊNERO
  • Eixo B: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
  • Eixo C: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO
  • Eixo D: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
  • Eixo E: PSICOLOGIA E SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
  • Eixo F: PSICOLOGIA EM INTERFACE COM A JUSTIÇA
  • Eixo G: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, MOBILIDADE HUMANA E TRÂNSITO
  • Eixo H: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, TRABALHO E ORGANIZAÇÕES
  • Eixo I: PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19

ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS 
Natani Evlin Lima Dias 
Pablo Mateus dos Santos Jacinto 
Gabriela Evangelista Pereira

COMISSÃO ORGANIZADORA

Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)

Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Gabriela Evangelista Pereira (CRP-03/6656)
Monaliza Cirino de Oliveira (CRP-03/9621)
Natani Evlin Lima Dias (CRP-03/16212)
Pablo Mateus dos Santos Jacinto (CRP-03/14425)
Renan Vieira de Santana Rocha (CRP-03/11280)

 

AVALIADORAS/ES

Ailena Júlie Silva Conceição
Alana Oliveira Cintra Pedreira
Ana Caroline Moura Cabral
Candice Santana Souza de Oliveira
Carmem Virgínia Moraes da Silva
Cintia Palma Bahia
Claudson Cerqueira Santana
Denise Viana Silva
Gabriela Evangelista Pereira
Giuliano Almeida Gallindo
Glória Maria Machado Pimentel
Iara Maria Alves da Cruz Martins
Jaqueline de Lima Braz Santos
Lara Araújo Roseira Cannone
Lívia Guimarães Farias
Luana Souza Barros Palmeira
Mailson Santos Pereira
Monaliza Cirino de Oliveira
Natani Evlin Lima Dias
Pablo Mateus dos Santos Jacinto
Renan Vieira de Santana Rocha
Rodrigo Márcio Santana
Ruthe Castro de Aquino Pinheiro
Silier Andrade Cardoso Borges
Thais Santos Ouais
Thaís Teixeira Cardoso
Tiago Ferreira da Silva
Valdineia Aragao dos Santos
Vanina Miranda da Cruz
Washington Luan Gonçalves de Oliveira

 

Equipe CREPOP:

crepop03@crp03.org.br