A subjetividade negra e o impacto do fundamentalismo cristão: um estudo de caso

A subjetividade negra e o impacto do fundamentalismo cristão: um estudo de caso

• Autor
• Marcelle Gomes de Jesus
• Co-autores
• Clarissa Iris Rocha Leite
• Resumo

• Segundo o último Censo Demográfico realizado em 2010, a grande maioria da população brasileira se autodenomina cristã, e apenas 0,3% se declarou como adepta de religiões de origem afro. Em contraponto histórico, apesar de a população negra representar um grande contingente de fiéis, o cristianismo ainda reproduz ideias coloniais. Uma delas, a negação de religiões de raízes afro, o que pode refletir na subjetividade negra, podendo também trazer impactos à saúde mental. Por se tratar de uma pesquisa que objetivou o aprofundamento teórico de experiência advinda de Estágio Supervisionado em Psicologia, da Universidade do Estado da Bahia, não realizamos submissão em Comitê de Ética, respaldadas no Art. 1º, Inciso VII, da Resolução Nº 510/2016 do CNS. O contexto institucional desse trabalho se deu a partir da realização de plantão psicológico remoto, em uma instituição pública de ensino médio e superior na cidade de Salvador, no ano de 2021, durante o período da pandemia da Covid-19. Os atendimentos foram realizados pela estagiária com supervisão da psicóloga responsável. Tratamos nessa comunicação a análise crítica de um caso de um estudante negro de 19 anos, que trouxe nos atendimentos o impacto perverso do fundamentalismo religioso sobre sua vida. Considera-se aqui fundamentalismo religioso como uma resistência às contingências históricas e políticas, negando a diversidade humana em seus aspectos morais, culturais, e formas de subjetivação. No estudo de caso, a principal questão geradora de sofrimento psíquico é o conflito familiar acionado pela decisão do jovem em não mais participar da experiência religiosa cristã como Testemunha de Jeová, passando a ser hostilizado pela sua família, principalmente enquanto um homem negro. Trilhando caminhos de emancipação e fortalecimento de sua subjetividade negra, o jovem articulou na escuta e contação da própria história à literatura de Jorge Amado, trazendo para a própria vida a experiência e lições dos personagens da obra Jubiabá. Com isso, passa a dialogar com o acesso ao saber da religião afro como uma das formas de emancipação do fundamentalismo cristão. Assim, o estudo de caso traz a busca de um homem negro no aprofundamento de sua subjetividade sob uma perspectiva decolonial, desenhando uma fuga em direção à sua saúde mental e bem viver.

• Palavras-chave
• saúde mental, fundamentalismo cristão, plantão psicológico, jubiabá
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Eixo B: PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS