O fato de a Libras ter sido legitimada em todo território nacional com a Lei de Libras nº 10.436/02 e regulamentada pelo Decreto nº 5626/05 reconhecendo oficialmente como meio de comunicação e expressão da comunidade surda, contribuiu para sua notoriedade e consequentemente com os avanços nas pesquisas pela língua, seu uso, funcionamento, gramática e fenômenos da língua. Embora os avanços sejam significativos ainda há muitas questões que carecem de uma melhor compreensão e aprofundamento teórico conceitual, uma delas a respeito dos sinais polissêmicos na Libras. Buscando compreender como de fato esse fenômeno se manifesta na Libras, buscamos com esse estudo refletir como os sinais polissêmicos se manifestam? Será que pelo viés da Semântica Lexical é possível compreender a relação que se estabelece com os sinais polissêmicos? Assim, nosso objetivo é analisar alguns itens lexicais da Libras que foram selecionados no banco de sinais Signbank, analisando os vídeos para uma melhor compreensão de como esse fenômeno se manifesta na Libras, para que possamos alcançar os objetivos específicos respondendo as nossas hipóteses a fim de aprofundar e obter uma melhor compreensão de como o fenômeno da polissemia se manifesta na Libras. Dessa forma, para as nossas discussões, apoiamo-nos, não somente, mas principalmente, em Martins (2013), Ribeiro (2016), Girma (2021) e Asken (2023), pois em nossa investigação defendemos que o fenômeno da polissemia se manifesta com uma variação de sentidos que o mesmo item lexical pode apresentar desde que ocorra uma relação semântica entre eles. Vale destacar que o nosso percurso metodológico está norteado por uma pesquisa básica, de cunho qualitativo, com abordagem na Semântica Lexical, pautada no levantamento dos sinais polissêmicos que constam no banco de sinais Signbank, que é uma importante fonte de pesquisa linguística, considerada como “Identificador de Sinais” que foi criado com o objetivo de se constituir como um sistema de busca que oportunizasse localizar os sinais por nome, na língua portuguesa, e/ou a partir dos parâmetros do sinal. Justificamos a seleção pelo Signbank porque consideramos que pelo fato de a Libras ser uma língua visuoespacial, fazer a análise pelos vídeos dos sinais possibilita um maior detalhamento, pois, diferentemente da observação realizada por obras em que os sinais se apresentam de forma estática, por meio das imagens, a análise por meio dos vídeos sinalizados nos permitem uma melhor compreensão considerando as nuances na sua execução. A partir da seleção de nossa fonte de pesquisa, realizamos um levantamento dos possíveis sinais polissêmicos e então fizemos uma busca para localizar os sinais constavam no banco de dados. Embora, inicialmente tivéssemos uma lista considerável dos possíveis sinais, foi necessário excluir alguns, pois não constavam no banco de dados. Feita a seleção dos sinais, criamos uma pasta com os vídeos a fim de visualizar, analisar e descrever como se manifestam. Na sequência realizamos uma análise minuciosa e detalhada que foi preenchida no Formulário Excel. Contudo, para nossa fundamentação a análise observou os exemplos dos itens lexicais analisados em cada produção dos vídeos das entrevistas realizadas com surdos fluentes na Libras que constam no Signbank. Dessa forma compreendemos que a relação semântica se manifesta pelo conhecimento linguístico e cultural, possibilitando assim a compreensão do sentido expresso nos sinais polissêmicos. Com os dados obtidos passamos para discussão dos dados trazendo para o debate no presente trabalho alguns resultados obtidos após uma análise criteriosa na pesquisa em andamento do pós-doc. O que os dados nos revelam é que os sinais considerados polissêmicos pertencem ao mesmo campo semântico, isto é, estabelecem uma relação de sentido entre eles; são semelhantes em sua execução, embora em alguns casos seja possível identificar algumas nuances nos movimentos considerando que em alguns sinais denotam uma ação que favorece a compreensão do sinal, como por exemplo, os sinais: PINTAR/PINTOR; CADEIRA/SENTAR; VOTAR/ELEIÇÃO; PEIXE/SEXTA-FEIRA entre outros. Assim, de acordo com a análise realizada na perspectiva da semântica lexical, consideramos que os sinais polissêmicos podem se manifestar em sintonia com os mesmos traços presentes na execução do sinal, pois, embora apresentem diversos sentidos no mesmo item lexical, é possível estabelecer uma compreensão a que denota o sinal. Concluímos então, após análise minuciosa e detalhada da execução do sinal que as unidades sublexicais presentes em cada sinal, revelam que há elementos semelhantes revelando assim que é possível considera-los como sinais polissêmicos devido a relação semântica que se estabelece entre eles e que os sinais polissêmicos é um fenômeno que está presente em toda e qualquer língua natural estabelecendo assim uma relação de sentido perceptível no contexto da comunicação não gerando assim nenhuma confusão de compreensão entre eles.
Comissão Organizadora
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)
Comissão Científica
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)
congressointernellis@gmail.com
Publicação dos anais do II Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais | Internellis - celebrando os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL.
ISBN: 978-65-01-25702-0