Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Língua de Sinais | Internellis

Celebrando os 10 anos do Letras-Libras na UFAL

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De 24 a 27 de setembro Todos os dias das 00h00 às 00h00

Sobre o Evento

Em novembro de 2020, o Curso de Letras-Libras: Licenciatura, em parceria com o Programa de Pósgraduação em Linguística e Literatura da UFAL e visando a integração entre graduação e pós-graduação, realizou, de forma gratuita e remota, em razão da COVID-19, o Ciclo Internacional de Estudos Linguísticos em Línguas de Sinais (Ciclo Internellis), com a participação de 18 palestrantes do Brasil e de outros países como Portugal, Inglaterra e Alemanha. O evento foi transmitido pelo youtube e rendeu 4.468 visualizações.

Em 2024, o Internellis passa a ser Congresso Internacional de Estudos Linguísticos em Língua de Sinais, e celebrará os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL. O evento será realizado no auditório da Reitoria, na UFAL, em Maceió. Nesta edição, contaremos com conferências, debates, mesas-redondas, simpósios temáticos, pôsteres e alguns eventos satélites a serem confirmados. Além disso, teremos pela primeira vez o Surday, uma noite na boate para celebrar o dia da pessoa surda com muita animação e palco aberto para apresentações culturais (evento para maiores de 18 anos).

As incrições e submissões de trabalho já estão abertas. Acompanhe as nossas redes para ficar por dentro das atualizações.

@congressointernellis

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

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Política de reembolso

Aceitamos solicitações de cancelamento/reembolso por email até 7 dias após a compra da inscrição.

Minicursos

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Surday e Evento Satélite

Clique na aba MAIS para acessar as informações sobre o Surday (Dia 25/09) e sobre o Evento Satélite promovido pelo Centro de Atendimento ao Surdo de Alagoas - CAS, a IV SEMANA INTEGRADA DA PESSOA SURDA (Dia 26/09).

Comissão Organizadora

Coordenação: Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL) / Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)

Comissão Científica

Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)

Palestrantes

  • Alexandre Melo de Souza
  • Ana Cláudia Luciani
  • Anderson Almeida da Silva
  • Bernardo Luis Torres Klimsa
  • Bruno Gonçalves Carneiro
  • Carlo Geraci
  • Charley Pereira Soares
  • Felipe Aleixo
  • Flaviane Reis
  • Guilherme Lourenço de Souza
  • Isabel Sofia Calvário Correia
  • Jair Barbosa da Silva
  • Marianne Rossi Stumpf
  • Miriam Royer
  • Pâmela Pernis
  • Ronice Muller de Quadros
  • Flávia Medeiros Álvaro-Machado
  • Lucas Gonçalves Dias

Programação

10h00 Credenciamento Credenciamento
Credenciamento
Local: Auditório da reitoria - UFAL

Credenciamento e liberação do material de identificação.

14h00 Mesa de abertura Abertura
Mesa de abertura
Local: Auditório da reitoria - UFAL

Início das atividades do Congresso Internellis

15h30 - Carlo Geraci Conferência de abertura Conferência
Conferência de abertura
Local: Auditório da reitoria - UFAL

Research methodology in SL: the pros and the cons of Elicited, Experimental, and Corpus Data.

16h30 Coffee Break Coffee break
Local: Hall do auditório da reitoria - UFAL

Coffee Break

17h30 - Bernardo Luis Torres Klimsa, Bruno Gonçalves Carneiro, Charley Pereira Soares, Guilherme Lourenço de Souza Ensino de LS Painel
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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20h30 - Ana Cláudia Luciani Surday Festa
Surday
Local: Boate Rex, Jaraguá

Balada em comemoração ao dia da pessoa surda. O surday será numa boate com uma programação especialmente pensada para vocês. Teremos palco aberto para apresentações culturais, DJ, entre outras atrações. O evento é aberto ao público e não será permitida a entrada de menores de 18 anos. A venda de ingressos terá um preço simbólico e estará disponível em breve.

09h00 - Isabel Sofia Calvário Correia, Miriam Royer, Pâmela Pernis, Ronice Muller de Quadros Panorama atual dos estudos sobre as línguas de sinais: Em que pé estamos? Mesa-redonda
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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11h30 Debate Debate
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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13h30 Simpósios temáticos Simpósio Temático
Local: Salas de aula no bloco de Letras-Libras - UFAL

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16h30 Coffee Break Coffee break
Local: Hall do auditório da reitoria - UFAL

Coffee Break

17h30 - Alexandre Melo de Souza, Anderson Almeida da Silva, Bruno Gonçalves Carneiro, Felipe Aleixo, Miriam Royer Metodologias de pesquisa em linguística de LS: compartilhando experiências e limitações Painel
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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09h00 - Felipe Aleixo, Guilherme Lourenço de Souza, Jair Barbosa da Silva, Marianne Rossi Stumpf Letras-Libras e políticas nacionais Painel
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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11h00 Debate Debate
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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13h30 - Isabel Sofia Calvário Correia Pensar o Currículo para o Ensino de/em LS: Estudos Linguísticos em LS: avanços e perspectivas Palestra
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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14h30 - Anderson Almeida da Silva Língua de sinais emergentes Palestra
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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15h30 - Flaviane Reis A escola bilíngue para surdos Palestra
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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16h30 Coffee Break Coffee break
Local: Hall do auditório da reitoria - UFAL

Coffee Break

17h30 - Ronice Muller de Quadros Estudos linguísticos em LS no Brasil: avanços e perspectivas Conferência
Local: Auditório da reitoria - UFAL

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13h30 Sala 1 Apresentação Oral
Local: Sala 1 (Bloco de Letras-Libras)

INTERPRETAÇÃO COMUNITÁRIA E INTERPRETAÇÃO FORENSE: (IM)POSSIBILIDADES LINGUÍSTICAS NO CONTEXTO JURÍDICO

LUCAS GONÇALVES DIAS, Igor Antônio Lourenço da Silva, Flávia Medeiros Álvaro-Machado

A interpretação comunitária e a interpretação forense em contexto jurídico em línguas de diferentes modalidades, português e Libras, tem sido objeto de interesse de muitos pesquisadores, no envolto dos Estudos Linguísticos e dos Estudos da Interpretação. Esta pesquisa de mestrado visa analisar as ocorrências lexemáticas do TILS quando realiza uma interpretação comunitária com desdobramentos no contexto forense, observando, assim, se há nessa interpretação a garantia legal do princípio da isonomia em relação às estratégias interpretativas utilizadas na garantia linguística do acusado/réu durante um processo jurídico. Tomam-se como base teórica Lakoff (1987), Pöchhacker (2006), Russel (2002), Santos (2013) e Machado (2012/2014/2017), dentre outros, que discutem o sentido semântico cognitivo das ocorrências lexemáticas. A problematização refere-se a discutir, a partir de um experimento voltado para a análise do processo cognitivo, a correlação entre escolhas linguísticas e cumprimento do dever legal na atuação dos TILS em contextos jurídicos. A construção do corpus envolve uma metodologia quali-quantitativa, seguida de procedimentos de uma situação controlada com uso de textos elaborados para um experimento a partir de uma súmula de processos jurídicos. As análises dos dados enfocam as ocorrências lexemáticas em Libras durante a interpretação simultânea do TILS e seu impacto no âmbito da garantia do princípio da isonomia. Os resultados esperados são os aspectos que envolvem a atividade cognitiva do TILS em situações de alta complexidade conceitual no que se refere à compreensão do "juridiquês” e às formalidades inerentes ao ambiente de audiências.


AÇÃO CONSTRUÍDA NA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE ENUNCIADOS MATEMÁTICOS

ROBERTA ALENA DE ALCANTARA BRANDÃO, Jurema Lindote Botelho Peixoto

Na Educação Matemática para pessoas surdas, deve-se considerar a diferença linguística no processo de comunicação, a qual interfere diretamente nos métodos de ensino-aprendizagem e nos estilos possíveis de tradução e interpretação dos enunciados. Esta diferença, frequentemente, fica suscetível às escolhas e estratégias de que dispõe o tradutor intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A compreensão das situações-problema depende, entre outros fatores, da interpretação do texto na Língua Portuguesa (LP) ou, no caso de surdos sinalizantes que transitam entre duas línguas, de uma tradução congruente com o que o problema quer indagar. A presente pesquisa é um recorte de uma dissertação em andamento cujos objetivos são: (i) investigar o desenvolvimento de pessoas surdas na resolução de situações-problema do campo aditivo, mediados pela Libras, utilizando o recurso tradutório da Ação Construída (AC) como elemento extralinguístico; (ii) analisar a influência dos enunciados traduzidos em Libras, com base na AC, visando a resolução das situações aditivas e (iii) identificar os esquemas em Libras, mobilizados por surdos durante a resolução das situações. Como aporte teórico, utiliza-se a Teoria dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud (1990), considerando as contribuições de Magina et al. (2008) e Peixoto (2015). Em relação aos aspectos linguísticos da tradução interpretação em Libras, são considerados os estudos de Bernardino (2020), Gurunga, Lessa-de-Oliveira e Oliveira (2021). Os participantes da pesquisa são dois estudantes surdos, um dos anos finais do Ensino Fundamental e um do Ensino Médio, dois tradutores intérpretes de Libras e um consultor surdo licenciado e proficiente em Libras. A pesquisa é de abordagem qualitativa e, como técnicas de produção de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, diário de bordo e filmagens, analisadas por meio da Análise Textual Discursiva (Moraes e Galiazzi, 2016). Os dados estão sendo produzidos em duas escolas na cidade de Canavieiras, localizada no litoral sul da Bahia O estudo está sendo realizado, segundo as etapas: (i) análise e definição dos enunciados das situações-problema; ii) entrevistas com os participantes; (iii) tradução das situações-problemas; iv) produção de vídeo-Libras dos enunciados; (iv) apresentação dos enunciados aos estudantes surdos em LP, seguido da tradução do tradutor intérprete da sala de aula e dois meses após em vídeo-Libras; vi) Análise micro genética associada à videografia das respostas dos estudantes (Meira, 1994). Considera-se como resultados parciais: a análise das entrevistas das tradutoras intérpretes de Libras que atuam diretamente nas escolas com estes participantes e a obtenção dos enunciados de três situações do campo aditivo nas categorias de comparação, composição e transformação traduzidos em vídeo-Libras na AC. A análise das respostas das tradutoras intérpretes de Libras revelou que ambas fizeram apenas cursos livres como forma de capacitação nos últimos dez anos, possivelmente devido à falta de acesso a espaços dedicados ao ensino e aprendizagem dos estudos de Tradução e Interpretação. Essa carência de espaços, aliada a poucas experiências em contextos diversos, ao uso limitado da língua em diferentes ambientes, à insuficiente formação dos tradutores que se desenvolvem em serviço e à pouca familiaridade com a Matemática, resulta em defasagens significativas na formação e traz implicações para a atuação como intérpretes educacionais. Destaca-se que a tradução interpretação dos enunciados, partiu do português escrito no gênero injuntivo (instrutivo argumentativo) para a modalidade gestual-visual na língua de sinais utilizando AC, essa transferência de modalidade possibilitou ampliar as informações contextuais de cada situação usando o gênero narrativo, dando vida aos personagens, suas ações e às relações matemáticas envolvidas. O evento descrito no enunciado matemático deixou de ser meramente instrucional e breve, como acontece em português, para se transformar em um evento mais extenso em Libras. Na LP, a situação-problema sempre aparece na modalidade escrita, estática, mas na Libras, o texto é visual, é corpo em movimento que produz significados e negociação de sentidos nos discursos. O diagrama de Vergnaud, uma representação gráfica das relações presentes no problema, não aparece de forma transparente no português na modalidade escrita, a menos que o professor queira usá-lo como recurso imagético para explicar a solução após a enunciação. Em síntese, a apresentação em vídeo-Libras, apontou que existe uma possibilidade de elaboração mais sistematizada para apresentação dos enunciados do campo aditivo às pessoas surdas.. Conclui-se que esse estudo possa contribuir com a produção de conhecimento científico na área de Educação Matemática para pessoas surdas, podendo apontar caminhos e estratégias para auxiliar os tradutores intérpretes de Libras em sala de aula. Dessa forma, as pessoas surdas terão a possibilidade de acessar o conhecimento matemático através de versões que compreendem as dimensões linguísticas e culturais das pessoas surdas, promovendo uma perspectiva equânime no processo de ensino-aprendizagem.


A FORMAÇÃO DE DISCURSOS ENVOLVENTES SOBRE A DISCIPLINA DE LIBRAS POR DISCENTES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Denise Maria dos Santos Melo

Devido a crescente presença de estudantes surdos das escolas, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tornou-se disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores (Brasil, 2002), visando atender às especificidades linguísticas, metodológicas e culturais dos sujeitos surdos nesse espaço escolar. Assim, como parte do recorte da pesquisa de Mestrando realizada em 2024, esse trabalho tem como objetivo geral apresentar os Discursos Envolventes (Souto Maior, 2009, 2013), sobre a disciplina de Libras produzidos por estudantes ouvintes do curso de licenciatura em Letras-Português da UFAL campus Arapiraca e como objetivo específico descrever como esses Discursos Envolventes podem influenciar sua formação e atuação em sala de aula com os alunos surdos. Propomos para isso um estudo de abordagem qualitativa (Flick, 2009; André, 2005; Lüdke; André, 2022), de cunho etnográfico (Paiva, 2019), cujos instrumentos de construção de dados para essa etapa foram seleção e cotejo da produção de textos escritos no início e no final do semestre de 2023.2. Este trabalho insere-se no campo de estudos da Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006), da LA Implicada (Souto Maior, 2022) e da análise discursiva bakhtiniana. Especificamente sobre a Libras e o ensino da Libras, centramo-nos nas reflexões de alguns autores como Pires (2018), Pires e Santos (2020), Quadros (2004, 2015, 2019, 2022) e Gesser (2006, 2009, 2008, 2019). Concluímos que esses Discursos Envolventes geram a formação de um loop discursivo, mas existe a possibilidade da quebrar desses loops, por meio de uma proposta curricular que parta dos problemas que vivenciamos nos territórios, na própria história do ensino de Libras, uma carga horária que considerasse a transdisciplinaridade dessa disciplina e por parte do professor de Libras, diante do cenário atual de marginalização e descriminação que circula sobre o surdo e sua língua, necessitam ter uma perspectiva e uma prática reflexiva metodológica.


Um panorama da denominação dos tradutores e intérpretes de Libras-Português no Brasil com base no OTRADILIS

Shaiane Passos Santos De Oliveira, Neiva de Aquino Albres

Introdução: O Programa de Extensão “Observatório da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais” (Otradilis) foi concebido e desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina, no âmbito do Departamento de Libras, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução e do Núcleo de Pesquisas InterTrads. A presente pesquisa integra o Otradilis e constitui uma investigação realizada com base em artigos científicos publicados entre 1997 e 2024 em periódicos científicos. Objetivo: O objetivo principal é analisar as mudanças históricas na terminologia utilizada para denominar os tradutores e intérpretes de Libras-português (TILSP), visando construir um panorama das principais tendências e influências sócio-históricas na área. Referencial teórico: Fundamenta-se na linguística aplicada (Moita-Lopes, 1998), referente à existência de problemas sociais que requerem uma compreensão, em uma dimensão interdisciplinar articula-se com a filosofia da linguagem para o estudo do signo (Bakhtin e o círculo). Metodologia: Adotamos como metodologia a pesquisa documental de abordagem quantitativa/qualitativa, utilizando os princípios da cienciometria. O corpus foi construído a partir de artigos catalogados pelo programa Otradilis. O corpus atual compreende 605 artigos publicados sobre tradutores e intérpretes de línguas de sinais. Resultados: Os temas abordados nos artigos incluem a atuação do intérprete educacional, do intérprete juramentado no contexto legal e do tradutor ou intérprete atuando em eventos artísticos como teatro e shows de música, entre outros. Ao " traçar um perfil dos campos científicos, identificar a posição dos principais autores dentro do mapa e analisar as representações específicas de cada um dos ramos do conhecimento" (Vanti, 2002, p. 156). De certa forma, cada esfera pretende cunhar uma denominação específica. Esses elementos "oferecem um panorama do comportamento de um grupo de conhecimento através da produção científica publicada" (Maz et al., 2009, p. 186). Conclusão: Acreditamos que esta pesquisa pode contribuir significativamente para um entendimento histórico e social mais profundo sobre os tradutores e intérpretes de Libras no Brasil. Os resultados revelam que as representações sociais sobre o trabalho do TILP interferiram nas relações que a profissionalização e nas práticas da atividade, contribuindo para mudanças de concepções. O estudo evidenciou também o desejo de reconhecimento da profissão e o detalhamento de suas distintas tarefas (tradução, interpretação, revisão, consultoria, entre outras), assim como o reconhecimento dos surdos como tradutores e intérpretes.


ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS DE MÃES OUVINTES NÃO FLUENTES EM LIBRAS: considerações sobre a relação entre comunicação e desenvolvimento de Surdos

Danielly Caldas de Oliveira, Nadja Maria Vieira da Silva

Conquistas nos cenários institucionais brasileiro, como a aprovação da Lei 10.436 de 2002, que reconhece a Libras como língua e o Decreto 5.626, de 2005, que dentre outras providências, determina a inserção desta língua como disciplina em cursos superiores, e a recente aprovação da Lei 14.191/21, que determina a educação bilíngue como modalidade de ensino na educação de surdos, marcam as últimas décadas (BRASIL, 2005; BRASIL, 2002; BRASIL, 2021). Apesar desses avanços e do lugar de visibilidade ocupado pela Libras no cenário social e acadêmico, as relações comunicativas entre mães ouvintes e filhos surdos parecem permanecer no que Solé (2005, p. 59) chama de ‘estrangeiridade’, “na qual não há uma língua comum que possa mediar essa relação”. Diante dessa “estrangeiridade” nos perguntamos o que as mães ouvintes têm a dizer sobre a relação comunicativa com seus filhos surdos. Realizamos, então, no Programa de Pós-graduação em Psicologia (UFAL), uma pesquisa do tipo estudo de casos, de natureza idiográfica (VALSINER, 2012). Cujo objetivo geral foi investigar processos comunicativos emergentes a partir de histórias contadas por mães ouvintes não fluentes em Libras, sobre sua relação com um filho surdo. E os objetivos específicos foram: destacar estratégias comunicativas utilizadas pelas mães na ausência da Libras. Destacar processos nas narrativas das mães implicados na relação entre comunicação e desenvolvimento de Surdos. Salientamos que, aqui nos ocuparemos em apresentar apenas um recorte dos resultados gerais da pesquisa, no qual evidenciamos o percurso evolutivo das estratégias comunicativas utilizadas pelas mães ouvintes. No nosso desenho metodológico, trabalhamos com narrativas autobiográficas (BRUNER, 2004), enquanto instrumento teórico e metodológico da Psicologia Cultural (VALSINER, 2012) que viabilizou a análise de significados historicamente construídos pelos narradores. Participaram da pesquisa três mães ouvintes não fluentes em Libras, que têm um filho surdo em atendimento em um Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS. Para fomentar as narrativas autobiográficas foram realizadas de forma individual cinco entrevistas episódicas (FLICK, 2009), para focalizar experiências passadas, atuais e expectativas futuras da relação comunicativa das mães participantes com seu filho surdo. Ao fim da etapa das entrevistas, reunimos um total de quinze histórias (narrativas autobiográficas), cinco de cada mãe: duas no passado, duas no presente e uma no futuro. Efetivamente, as narrativas foram analisadas a partir dos procedimentos (decisões) descritos abaixo: Releitura da transcrição das entrevistas após sua transformação em formato de histórias. A releitura foi conduzida sem parâmetros a priori, para favorecer a captura de processos próprios da história de cada participante. Com esse procedimento exercemos pressupostos de uma perspectiva idiográfica da pesquisa científica no campo da Psicologia, que se refere à configuração singular das informações analisadas. Além disso, exercemos também funções descritas no ciclo epistêmico ou ciclo metodológico (VALSINER, 2012), relacionadas com o papel ativo da intuição e conhecimentos prévios do pesquisador. Seleção de trechos nos quais às mães se referiam ao processo de comunicação. Como critério para essa seleção, observamos, primeiramente o uso da palavra comunicação. Mas não limitamos a seleção à presença dessa palavra; consideramos também, para seleção desses trechos, situações nas quais observamos que a mãe se referia, como sentido, à comunicação, à interação ou às formas de falar e escutar o filho. Através desses trechos, observamos o uso de estratégias comunicativas e sua evolução ao longo da história narrada pelas mães. Construímos, então, figuras (1, 2 e 3) nas quais nomeamos as estratégias e indicamos os trechos correspondentes nas narrativas que ilustram o uso das diferentes estratégias. Análise da evolução no uso das estratégias, na medida em que também destacamos as transformações/negociação de sentidos das mães acerca da comunicação com seu filho surdo. Isto é, relacionamos, analiticamente, a evolução/diferenciação no uso de estratégias comunicativas à negociação de sentidos das mães acerca da comunicação com o filho surdo; além disso, discutimos a relação entre a variação no uso de estratégia e a mudança na forma de pensar sobre a comunicação com o filho surdo. Na análise das narrativas apontamos características da relação comunicativa entre mãe e filho, a partir do percurso das estratégias comunicativas utilizadas por cada mãe e confirmamos a hipótese do lugar constitutivo que a Libras ocupa no desenvolvimento de Surdos, mediante dialogo com os postulados teóricos de Vygotsky (2008; 2010). Diante dos resultados obtidos na pesquisa, defendemos que a Libras precisa atravessar os corpos maternos ouvintes, de maneira que ela se torne o elo mediador na relação comunicativa entre mães ouvintes e filhos surdos sinalizadores.


A LÍNGUA BRASLEIRA DE SINAIS E A ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO: O USO DE MARCADORES DISCURSIVOS NA INTERAÇÃO ENTRE SURDOS

Sheyla Cristina Araujo Matoso, Vanessa Hagemeyer Burgo, Claudinèia da Silva

A conversação está ligada à interação cotidiana das pessoas e os estudos que abarcam esse fenômeno linguístico estão pautados nas análises da língua em uso por seus interactantes. Neste sentido, considerar os fenômenos linguísticos que envolvem o ato conversacional, requer a compreensão de fatores inerentes a movimentos executados de forma intencional durante a interação de uma ou mais pessoas, elaboradas e executadas de forma simultânea. Assim como nas línguas orais, nas línguas de sinais a construção da conversação acontece por meio da interação entre seus pares, usuários desta língua, e está em constante desenvolvimento. Apesar de, ainda, percebermos um quadro tímido de representatividade em pesquisas relacionadas aos seus aspectos linguísticos, quando comparados aos estudos linguísticos das línguas orais. Quadros et. al (2018, p. 21) nos apontam que as pesquisas acerca das línguas de sinais têm se voltado para “investigações com base empírica no sentido de analisar aspectos que são comuns e diferentes das línguas de sinais e as línguas faladas. Nessa direção, as pesquisas identificaram os efeitos da modalidade nas formas linguísticas”. Tais afirmações tem apontado para iniciativas de análises e descrições destas línguas, o que indica um vasto campo na área das pesquisas linguísticas. O presente estudo possui o objetivo principal de analisar e evidenciar o uso de elementos linguísticos denominados Marcadores Discursivos, utilizados na interação conversacional entre surdos fluentes na Língua Brasileira de Sinais- Libras. Como objetivos específicos elencamos a difusão dos estudos linguísticos na Libras por meio da análise e descrição de línguas e descrever o processo de construção do texto em Libras em situação real de comunicação. Para isso, tivemos como aporte teórico estudos de autores do campo de pesquisa da Análise da Conversação como: Castilho (1989, 1994, 2000); Burgo e Araujo (2018); Marcuschi (1989, 2006); Risso (1995); Urbano (1997); Galembeck e Carvalho (1997), dentre outros. Buscamos, também, por pesquisadores do campo da linguística das línguas de sinais como: Quadros e Karnop (2004); Quadros (2017, 2018); Gesser (2009); Pereira (2009); Leite (2008, 2013), dentre outros que tem contribuído para a área de análise e descrição das línguas de sinais. O corpus desta pesquisa foi retirado de trechos de vídeos compostos pela interação em Libras de pessoas surdas, tais vídeos foram mapeados e coletados em um acervo do projeto Corpus de Libras, parte que compõe o Inventário Nacional de Libras, organizado pela Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com outras instituições e disponibilizado no site do projeto. Para a análise dos dados, utilizamos um software desenvolvido pelo Max Plank Institute, instrumento este que se encontra disponível de forma livre e recebe o nome de Sistema de Anotação Eudico Annotator-ELAN. Por meio deste sistema foi possível a transcrição dos vídeos de conversação de forma mais detalhada, pois alguns recursos contribuem para o processo de transcrição e tradução da língua de sinais. Como resultado e discussão deste estudo, obtivemos a identificação da utilização de Marcadores Discursivos durante trechos das conversas analisadas, o que nos permitiu evidenciar que, assim como nas línguas orais, estes elementos são típicos da organização da fala e podem ser acionados à medida que o sinalizante intencionalmente pretende marcar ou monitorar seu discurso. Localizamos, nos vídeos analisados, a incidência do uso de marcadores correspondentes a função ideacional (voltados para o texto) e de função interacional (voltados para o interlocutor). Percebemos que a Libras possui sua construção e elaboração da enunciação planejada de maneira análoga às línguas orais auditivas. Galembeck e Carvalho (1997) assinalam como algumas características básicas da língua falada, a ausência de uma etapa nítida de planejamento, a existência do espaço partilhado entre os interlocutores e o envolvimento dos interlocutores. Essas características, de igual forma, puderam ser evidenciadas na Libras e as análises nos permitiram apontar a legitimidade do uso destes elementos nas construções sentenciais das conversações, corroborando, assim, com a desconstrução de possíveis visões equivocadas quanto às línguas de sinais, visões essas alicerçadas em uma sociedade que, nem sempre, respeita e tampouco valoriza aquilo que é diferente do convencional. Concluímos que a divulgação dos resultados obtidos pode acrescentar na legitimação da língua de sinais por parte dos usuários da mesma e de toda sua comunidade, dando a visibilidade necessária a fim de que o respeito à diversidade linguística ocorra de maneira efetiva.


Efetividade no Ensino de Libras no Ensino Superior: Análise da Teoria e da Prática Docente

Adeilson da Silva Alves

Com a promulgação do Decreto nº 5.626/2005, o ensino de Libras passou a ser obrigatório no ensino superior para os cursos de licenciatura e Fonoaudiologia. Pode-se considerar que essa decisão foi um passo muito importante para a inclusão de pessoas surdas, pois, dessa forma, os novos profissionais formados poderiam romper com as barreiras de aprendizagem e assim incluírem alunos e pacientes surdos em suas vivências. Contudo, a realidade está aquém do que é estabelecido na legislação. Embora não se possa negar o fato de que a existência desse decreto e de outras leis foram fundamentais para que fosse possível se avançar em quesitos de inclusão e melhorias no cenário educacional brasileiro, ainda existe um déficit muito grande quando se trata do ensino da Libras no Ensino Superior. Diante essa problemática, este trabalho tem como objetivo geral analisar a prática docente dos professores de Libras e a teoria que lhes fundamentam. Os objetivos específicos são: investigar as metodologias utilizadas pelos professores de Libras no Ensino Superior e sua eficácia na formação de novos professores; examinar a percepção dos alunos dos cursos de licenciatura sobre o ensino de Libras e sua aplicação prática em contextos profissionais; analisar a infraestrutura e recursos disponíveis nas instituições de Ensino Superior para o ensino de Libras; e explorar as barreiras e desafios enfrentados pelos professores de Libras no Ensino Superior e propor estratégias para superá-los. Os textos de Rossi (2011) e de Sousa, Ferreira e Neto (2017) fundamentaram as análises desta pesquisa. Esta é uma pesquisa qualitativa de análise bibliográfica e pesquisa etnográfica. Até o presente momento, apenas as análises bibliográficas foram realizadas, mediante leitura e interpretação dos textos. A próxima etapa será uma pesquisa etnográfica com professores de Libras do Ensino Superior e com estudantes de cursos de licenciatura que já tenham cursado a disciplina em período anterior a esta pesquisa. A pesquisa procurou discutir como as ementas das disciplinas de Libras e como a prática dos professores têm se efetivado. Aqui se destaca a ausência de debate e aporte teórico em muitas aulas. Após analisar algumas ementas, foi possível perceber que existe uma prática docente centrada no ensino de sinais fora de contexto e na ausência de discussões socioeducacionais sobre o tema, sobretudo para explicar o que é surdez, quais as terminologias corretas, o que é a Libras e quais as diferenças para a Língua Portuguesa, dentre outros temas importantes para que os egressos dessas licenciaturas consigam atuar de forma eficiente para com os seus possíveis alunos surdos. Com isso, concorda-se com Rossi (2011) quando a autora afirma que é necessário que os profissionais sejam devidamente preparados durante a sua formação para que a inclusão de pessoas surdas no sistema de ensino brasileiro aconteça de forma efetiva. Para isso que seja possível, é preciso que os futuros professores estejam aptos para dominar a Libras, entender conceitos culturais que permeiam a comunidade surda e saber respeitar o processo comunicativo dos seus estudantes surdos. Sousa, Ferreira e Neto (2017) exemplificam como isso pode ser feito. Ao analisarem a ementa de uma disciplina de introdução à Libras, mostraram uma organização curricular que consegue suprir o teórico e o prático da Libras de acordo com o nível de formação proposto. Segundo o relato dos autores, a sinalização na prática em sala de aula com os estudantes de graduação se desenvolveu de forma a integrá-los com contextos de sala de aula, que envolvem a sua formação, possibilitando que os alunos experimentassem o processo comunicativo de forma lúdica e consciente. Entretanto, uma única disciplina não é suficiente para explicar todos os contextos sociopolíticos que envolvem a comunidade surda, bem como não é possível ensinar toda uma língua. Embora esse breve contato seja crucial para a formação dos futuros docentes, a formação dos professores para a Libras e para a comunidade surda não pode se resumir a esse contato. Portanto, mesmo que a pesquisa ainda não esteja concluída, pode-se afirmar que a formação em Libras precisa ser constante para que se possa melhorar. A proposta analisada por Sousa, Ferreira e Neto (2017) concebe uma perspectiva de ensino que chama atenção para o fato que essa formação deveria ser concebida desde a Educação Infantil. Outrossim, a Libras enquanto disciplina no Ensino Superior precisa perpassar pelos campos teóricos e práticos de forma integrada, contextualizada e com contato com a comunidade surda, para que haja a devida valorização dos professores surdos e o aprendizado efetivo para a sua futura prática docente.

13h30 Sala 2 Apresentação Oral
Local: Sala 2 (Bloco de Letras-Libras)

Professor de Libras

Neemias Gomes Santana, João Lipe Nogueira Reis

Com o objetivo de contribuir para o registro de sinais-termo na área de automação industrial, apresentamos uma proposta de Léxico Alfabético Bilíngue – Libras/Português da área de Automação Industrial do Instituto Federal da Bahia – IFBA.


CONTRIBUIÇÃO PARA O REGISTRO DE SINAIS-TERMO NA ÁREA DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL.

João Lipe Nogueira Reis, Neemias Gomes Santana

Com o objetivo de contribuir para o registro de sinais-termo na área de automação industrial, apresentamos uma proposta de Léxico Alfabético Bilíngue – Libras/Português da área de Automação Industrial do Instituto Federal da Bahia – IFBA. Essa pesquisa visa divulgar, discutir e destacar a importância dos sinais-termo no âmbito de atuação dos surdos e dos profissionais TILS (tradutores intérpretes de Libras).Enfatizamos, de uma perspectiva interdisciplinar, que, por meio de técnicas relacionadas aos processos de observação, mapeamento, análise e uso da língua, bem como de uma abordagem didática para a organização dos processos interpretativos, é possível suprir possíveis limitações, dificuldades, imposições e outros aspectos decorrentes do extenso processo que envolve o ato de registrar, traduzir e interpretar na língua de sinais. Essa contribuição pode impactar positivamente a formação e a pesquisa linguística no Brasil e no mundo.Pretendemos suscitar reflexões acerca dos fundamentos linguísticos para o léxico e a terminologia, considerando o processo de aprendizado, o contexto cultural e histórico de atuação dos sujeitos surdos e dos profissionais TILS. Além disso, focamos nos sinais-termo específicos da área técnica de automação industrial em Libras, explorando metodologias e uma abordagem lexicográfica que envolve técnicas tradutórias e interpretativas da língua de sinais.Nesse sentido, o presente estudo se insere no desafio de analisar a Libras na Lexicologia e Terminologia com um viés científico da Linguística da Língua de Sinais, buscando contribuir para diversos campos, incluindo tecnologia e inovação.Os procedimentos metodológicos adotados para a coleta de dados basearam-se nos pressupostos teóricos propostos por Castro Jr (2014), Faulstich (2014) e Prometi (2020). Os procedimentos consistiram no registro dos sinais-termo utilizados pelos intérpretes durante as aulas do curso de Automação Industrial de uma turma do curso técnico de Automação e Controle Industrial do IFBA. Na Terminologia, a língua é percebida como um ramo da Linguística responsável pela ampliação do léxico. Vale ressaltar que o processo de criação do sinal-termo tem grande significância para os sinalizantes da Língua de Sinais, pois também são processos naturais das línguas visual-espaciais quando o foco da comunicação permeia o âmbito da área do conhecimento.Posteriormente, verificamos se os sinais-termo propostos correspondiam efetivamente aos conceitos transmitidos pelos professores das disciplinas. Esse processo visou identificar sinais-termo eficazes que possibilitassem uma comunicação mais técnica. A turma em questão contava com a presença de um aluno surdo, além de aproximadamente 30 não-surdos. Durante as aulas, diversos temas relacionados à Automação Industrial foram discutidos, e catalogamos cerca de 15 sinais-termo. No entanto, selecionamos apenas 10 sinais-termo comuns na área de Automação Industrial para nossa discussão neste trabalho.Os principais resultados de nossa investigação apontam para algumas observações importantes: a maioria dos termos “criados” provisoriamente pelos TILS é predominantemente icônica e não abrange as especificidades dos alunos surdos, pois não passam por processos linguísticos. Além disso, há um descompasso entre os sinais utilizados pela intérprete e a fala dos professores, ocorre o uso de termos inadequados no ensino do curso de Automação Industrial, falta de interações entre alunos surdos e alunos/professores não-surdos, e incoerências na interpretação de termos técnicos no início do curso. Ao final, sugerimos uma maior interação entre intérpretes de Libras e demais profissionais envolvidos na educação dos alunos Surdos do IFBA. Destacamos a importância da colaboração dos professores que trabalham diretamente com esses estudantes, bem como o uso dos sinais-termos propostos e pré-validados pelos alunos Surdos do Instituto Federal da Bahia e apresentados neste trabalho através de um glossário alfabético bilingue (Libras – Português). Concluímos que a falta de vocabulário em Libras dificulta a aquisição de conceitos científicos e técnicos por parte dos Surdos, assim como a compreensão de conteúdos abordados em sala de aula. A fim de superar as adversidades, grande parte desses surdos cria sinais-termo dentro da própria sala de aula, juntamente com os intérpretes que ali trabalham. No entanto, esses sinais-termo não são validados tampouco disseminados, o que causa um grande problema no contato linguístico entre pessoas que se comunicam em Libras e atuam na área da educação tecnológica.


ANÁLISE TOPONÍMICA (FORMAL E SEMÂNTICO-MOTIVACIONAL) DOS SINAIS EM LIBRAS QUE NOMEIAM OS MUNÍCIPIOS DE SERGIPE: DESENHO TEÓRICO-METODOLÓGICO

José Affonso Tavares Silva, Alexandre Melo de Sousa

As pesquisas que descrevem a Língua Brasileira de Sinais, Libras, tem ganhado espaço nos estudos linguísticos, especificamente, a partir dos primeiros estudos realizados como o de Ferreira-Brito (1995), por exemplo. Na Linguística, há um campo que estuda os signos que nomeiam lugares, isto é, nomes de ruas, cidades, estados e outros, a Toponímia. Como uma das percursoras desses estudos, nas línguas orais, temos a professora Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (1992), a qual propôs taxionomias para a descrição de topônimos. No caso das línguas de sinais, especificamente, da Libras, temos as primeiras pesquisas de Souza-Júnior (2012) e Aguiar (2012) que podem ser consideradas como percursoras neste campo. A partir desse contexto, o presente estudo visa analisar e descrever os aspectos morfológicos e semânticos-motivacionais de sinais em Libras que nomeiam os municípios do estado de Sergipe. Para tanto, pretendemos, inicialmente, repertoriar as pesquisas acadêmicas que abordam sobre a Toponímia em Libras e discutir os seus principais resultados, servindo como aporte teórico, tais como: Souza-Júnior (2012), Aguiar (2012), Sousa; Quadros (2019); Miranda (2020) e Sousa (2022, 2023). Para atingir esse objetivo maior, será necessário: 1) coletar os sinais toponímicos que nomeiam os munícipios sergipanos, descrevendo a sua constituição e produção fonético-fonológica; 2) descrever as estruturas morfológicas dos sinais toponímicos realizados por surdos; 3) identificar os aspectos semânticos-motivacionais que levaram o surdo a nomear determinado local e 4) observar possíveis variações linguísticas nos topônimos. Considerado como o menor estado em território do Brasil, Sergipe possui 75 municípios e faz divisa com os estados de Alagoas e Bahia. A comunidade surda sergipana se concentra, em sua maior parte, na capital Aracaju, local em que surdos e surdas, da área urbana e interiores, estabelecem espaços de convívio e interação entre seus pares. Para a realização do estudo, pretendemos partir por uma pesquisa de abordagem quanti-qualitativa, a qual se configura do tipo descritiva. Como instrumento de coleta de dados, será utilizada a entrevista com 06 (seis) surdos, sendo 03 (três) do sexo feminino e 03 (três) do sexo masculino. A escolha por estes surdos participantes acontecerá da seguinte forma: a) surdos com nível superior; b) proficiência em Libras; c) residir em Sergipe há mais de 10 anos ou ser natural do estado e d) inserção na comunidade surda sergipana. As entrevistas ocorrerão de forma individual e em grupo. Para o seu registro, será gravada em ambiente formal e seguindo as normas de gravação de vídeo em Libras. Os dados coletados serão analisados a partir de quatro pontos: estrutura fonética, fonológica e morfológica do topônimo; a Taxionomia semântico-motivacional com base em Dick (1992); a referência icônica e a variação linguística. O estudo ainda não está concluído, portanto não há resultados.


PROJETO ATLAS TOPONÍMICO EM LIBRAS DO BRASIL: PRIMEIRAS NOTÍCIAS

Magno Prado Gama Prates, Alexandre Melo de Sousa

As relações entre língua e cultura têm motivado pesquisas linguísticas, especialmente a partir do componente lexical, que possibilita verificar os reflexos das visões de mundo de um povo no processo de nomeação das pessoas, dos lugares, das coisas em geral (Biderman, 2001). Uma das áreas linguísticas que se interessa pelo processo de nomeação é a Onomástica, cujo interesse é o estudo dos nomes próprios. Esse ramo linguístico possui algumas subáreas: Antroponímia (que estuda os nomes próprios de pessoas), Toponímia (que estuda os nomes próprios de lugares), Astronímia (que estuda os nomes próprios de corpos celestes), Zoonímia (que estuda os nomes próprios de animais), Hidronímia (que estuda os nomes próprios de cursos d’água), Teonímia (que estuda os nomes próprios de deuses e outras entidades religiosas), Onionímia (que estuda os nomes de estabelecimentos comerciais, marcas e produtos); Metereonímia (que estuda os nomes próprios fenômenos atmosféricos), etc. (Sousa, 2022). Os estudos onomásticos com foco na Língua Brasileira de Sinais (Libras) tiveram início em 2012 com a pesquisa de Souza Jr. (2012), que se dedicou à análise toponímica de sinais que nomeavam diversas cidades brasileiras. De lá pra cá, outros estudos foram desenvolvidos – o que proporcionou um melhor reconhecimento do processo de nomeação de espaços geográficos por surdos. Com o propósito de traçar o perfil toponímico em Libras no Brasil, propomos a criação do Projeto Atlas Toponímico em Libras do Brasil, que reunirá dados já selecionados e estudados por pesquisadores surdos e ouvintes em diversas instituições de ensino superior brasileiras e dados novos selecionados pela equipe de pesquisadores. Inicialmente, o projeto já inclui os sinais em Libras dos seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Goiás, Paraná, Roraima, Rondônia e Tocantins. Estão em fase de geração os dados de Alagoas, Bahia, Mato Grosso e Sergipe. O projeto tem como objetivos, ainda: a) verificar os aspectos motivadores que influenciaram os surdos no ato de nomeação/criação dos sinais toponímicos; b) identificar traços de iconicidade nos sinais selecionados, e c) verificar possíveis influências do português na formação dos sinais toponímicos em Libras. O estudo fundamenta-se nos estudos de Dick (1990; 1992), Sousa e Dargel (2020), Sousa e Quadros (2021) e Sousa (2022, 2023). O projeto encontra-se em desenvolvimento, mas esperamos contribuir com a descrição linguística da Libras, além de favorecer o reconhecimento das relações entre os sinais toponímicos, a cultura surda e as diversas identidades que formam o Povo Surdo.


Glossário Do Patrimônio Cultural do Recife em Libras: os caminhos de uma construção lexicográfica coletiva

Carlos Antonio Fontenele Mourão, Nilson da Rocha Cordeiro, Marcelo Renan de Souza, Amanda Carla Gomes Paraíso

Introdução: As primeiras experiências lexicográficas em Libras que resultaram em publicações para o ensino desse idioma, remontam ao pioneirismo de Flausino José da Gama e sua indispensável obra: Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos (1845). Para uma língua eminentemente visual, como a Libras, cujo principal suporte de registro, por muito tempo, foi apenas a memória de grupos restritos, a criação de um trabalho lexicográfico, por menos abrangente e precário que seja, ganha dimensões maiores no contexto das línguas de sinais, ainda mais reforçadas quando tal trabalho aborda um tema que não é facilmente presente na realidade da população usuária de Libras. Essa é uma das principais problemáticas que levou um grupo de pesquisadores surdos e ouvintes, oriundos de instituições distintas a se unirem em torno de dois temas pouco fronteiriços em suas trajetórias: três pesquisadores ligados à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), Marcelo Renan, Nilson Cordeiro e Amanda Paraíso foram os idealizadores de um projeto desenvolvido em parceria com estudantes e professores ligados ao Programa de Acessibilidade em Libras (Proacesso Libras), do Curso de Licenciatura em Letras/Libras da UFPE. Sob financiamento da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Recife, o projeto, intitulado Glossário do Patrimônio Cultural do Recife em Libras produziu, coletivamente, ao final de um ano, um glossário inovador em seus aspectos imagéticos e metodológicos, com mais de trinta termos ligados ao Patrimônio Cultural da cidade de Recife. O trabalho priorizou a exposição em Libras por agentes surdos e agregou ainda traduções para a língua portuguesa e a escrita de sinais (signwriting) em um conjunto de vídeos editados de forma a trazer um conteúdo ilustrado, atrativo e funcional que refletisse o tema em tela. Objetivo Geral: Relatar a experiência e participação nos processos de elaboração do Glossário do Patrimônio Cultural do Recife em Libras. Objetivos específicos: a) Dispor aos estudos lexicográficos em Libras, o caminho metodológico coletivo realizado na construção deste Glossário; b) Refletir sobre sua importância para a construção de conhecimento na comunidade surda brasileira e dimensionar o acesso da população surda a conceitos ligados ao tema “Patrimônio Cultural” através da Libras. Metodologia: O percurso que nos levou à construção deste GLOSSÁRIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO RECIFE EM LIBRAS, contém em cada um dos mais de trinta sinais-termos trabalhados, um longo estudo lexicográfico que seguiu as seguintes etapas: a) Estudo coletivo de termos-chaves para a temática escolhida (patrimônio cultural da cidade de Recife) entre os idealizadores do projeto, pesquisadores e membros voluntários da comunidade surda pernambucana; b) Levantamento de sinais-termos, seus conceitos e exemplos, junto à comunidade surda circunscrita ao tema; c) Registro espontâneo de sinais-termos com o publico participante; d) Avaliação dos termos pelo grupo proponente; e) Construção de sinais-termos essenciais ao tema, mas sem registro junto à comunidade envolvida; f) detalhamento lexicográfico, fonológico e conceitual dos sinais-termos em fichas baseadas nos estudos de Ferreira (2021) e Fleuri (2019); g) Filmagem, editoração e edição do glossário para testagem e retorno do público envolvido; h) Revisão final e disponibilização do glossário ao grande público na web (ver site: https://www.youtube.com/playlist?list=PLMkTlfNiE-u2M7cou9QXqma-ptO5mdFoq). Resultados: Como principal contribuição deste trabalho lexicográfico em Libras, destacamos a construção de conhecimento coletiva e democrática realizada em zonas fronteiriças entre públicos e termas marcadamente distintos, ao mesmo tempo em que circulam por um espaço cultural comum, a cidade de Recife, que pelo seu potencial é considerada uma das matrizes culturais do país. Outro ponto de destaque é o alcance educativo do glossário produzido. Quanto a isso, será necessário aguardar o tempo de recepção deste trabalho pela população. Estamos atentos a suas provocações futuras, tanto entre surdos e ouvintes. Conclusões: Concluímos que pesquisar, produzir e publicar um glossário sinalizado em Libras no formato proposto, garante não somente o direito linguístico, mas também o acesso à cultura, através do conhecimento de termos, locais e histórias antes distantes ou invisíveis para a comunidade surda. Para qualquer área do conhecimento que a Libras avance, um trabalho lexicográfico acessível, que respeite o saber comunitário dos povos surdos como este que se apresenta, é uma etapa indispensável no desenvolvimento socioeducativo desta população. Faz-se, portanto, necessário o incentivo à pesquisa e desenvolvimento dos estudos lexicográficos em Libras.


Proposta de Fichas Terminológicas em Escrita de Sinais para o Glossário do ENEM em Libras

Juan Teixeira Arruda Bandeira, Patrícia Tuxi dos Santos

Esta pesquisa propõe a elaboração de uma ficha terminológica em Escrita de Sinais para o Glossário do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em Libras. O objetivo é facilitar o acesso e a compreensão de termos técnicos e científicos por estudantes surdos, garantindo equidade nas avaliações. A ficha incluirá definições precisas, contextualização dos termos e sua representação em Escrita de Sinais. A proposta enfatiza a importância da padronização terminológica para a inclusão educacional e o desenvolvimento de materiais de estudo acessíveis, contribuindo para o pleno exercício dos direitos linguísticos dos Surdos. A inclusão de estudantes Surdos no ENEM é um avanço significativo para a educação brasileira. No entanto, a acessibilidade linguística é essencial para assegurar a participação equitativa desses estudantes. Nesse contexto, a criação de uma ficha terminológica em Escrita de Sinais para o glossário do ENEM em Libras representa um passo crucial na construção de um material didático mais inclusivo, que facilite a compreensão dos conteúdos e a realização da prova por parte dos Surdos. A elaboração dessa ficha terminológica exigiu uma metodologia rigorosa e interdisciplinar, que considere aspectos linguísticos, culturais e pedagógicos, além de contar com a colaboração de especialistas em Libras, Linguística e áreas específicas do conhecimento abordadas no ENEM. Esse recurso contribuirá para a sistematização do vocabulário técnico em Libras e para a produção de materiais didáticos acessíveis aos estudantes Surdos. O objetivo principal da proposta é facilitar a compreensão dos termos técnicos e conceitos utilizados no ENEM por estudantes surdos. Além disso, busca-se padronizar a terminologia em Libras nas áreas do conhecimento abordadas no exame, estimular a produção de materiais didáticos bilíngues e promover a inclusão dos Surdos no ensino superior. A implementação da ficha terminológica trará diversos benefícios para a comunidade Surda, incluindo a ampliação do acesso ao conhecimento, a redução das barreiras comunicacionais, a valorização da Libras como língua de instrução e a promoção da autonomia dos estudantes Surdos. Ademais, a criação desse recurso poderá servir como modelo para a elaboração de materiais didáticos acessíveis em outras áreas do conhecimento.

13h30 Sala 3 Apresentação Oral
Local: Sala 3 (Bloco de Letras-Libras)

A INTERAÇÃO ENTRE O ELEMENTO CLAUSAL PAM E PREDICADOS DE AÇÃO CONSTRUÍDA (AC) EM DGS

Thiago Bruno de Souza Santos, Pamela Perniss

Resumo: As línguas de sinais exploram o uso do espaço tanto para estabelecer relações referenciais no discurso quanto para marcar os argumentos dos verbos na sintaxe através do uso de elementos pronominais, como os sinais de apontação e a modificação dos verbos. Além disso, há a possibilidade de mapear argumentos/referentes no corpo a partir do uso de Ações Construídas (CA), quando o sinalizante encena um referente em uma ação, experiência ou citação. No entanto, o uso de elementos clausais, como os elementos pronominais e a modificação dos verbos, pode não ser muito comum em Ações Construídas, uma vez que os primeiros tendem a aparecer em predicados livres e os segundos em predicados fundidos (KENDON, 2004; JANTUNEN, 2017). Utilizamos dados naturalísticos do Corpus Público da DGS (KONRAD ET AL., 2020) para investigar o uso do elemento referencial PAM na DGS em CA. Os resultados preliminares apontam que, de fato, o uso de PAM não é comum em CA. De todas as sentenças com PAM encontradas no corpus (N=462), apenas 12% (N=56) delas estão inseridas em uma citação, e os números são ainda menores (6%, N=27) quando PAM está ligado a predicados que representam ações e emoções com Full CA (CORMIER ET AL., 2015). A partir da noção de proeminência linguística (HIMMELMANN & PRIMUS, 2015), entendemos que o uso de PAM e de CA costumam não ocorrer juntos, não só porque CA apresenta uma mudança no mapeamento referencial do espaço, mas também porque os usos de PAM em citações são raros, mesmo não comprometendo a estrutura de referência espacial. Todavia, propomos que, ainda que o uso de PAM e de CA possam atribuir proeminência a um mesmo referente no domínio do discurso, isso é raro de acontecer em um mesmo predicado, já que, no domínio da sintaxe, o referente em CA é comumente interpretado como sendo o sujeito do verbo (MEIR, 2007), enquanto PAM, apesar de poder indexar sujeito e objeto ao mesmo tempo, tem preferência pela marcação do objeto (de Souza Santos, submetido). Assim sendo, o uso de um mecanismo como a CA, que dá proeminência sintática ao sujeito, tende a não coocorrer com a marca de PAM, que dá proeminência sintática ao objeto, uma vez que a proeminência sintática é definida principalmente em termos de competição entre estes argumentos.


A ICONICIDADE NA PRODUÇÃO LEXICAL DE HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS NA LIBRAS

Marcos de Moraes Santos, Jair Barbosa da Silva

Os estudos sobre iconicidade têm apontado que a iconicidade é um fator estruturante nas línguas de sinais, de modo que, não só a fonologia dos sinais, mas também sua estrutura sintática, semântica e morfológica não são afetadas por este fenômeno, mas geradas a partir dele. Esta pesquisa caminha nesta linha de investigação, à medida que relaciona a criação e produção de sinais hiperônimos e hipônimos com o fenômeno da iconicidade. Trazer luz a como a categorização vertical na Libras é formada à partir de processos cognitivos ligados à iconicidade é relevante, na medida em que estreita teoricamente ainda mais as relações e interface entre língua e cognição. Portanto, apresentamos as seguintes perguntas para a pesquisa: de que forma adultos surdos estabelecem as relações hiponímicas e hiperonímicas na Libras? Quais são as diferenças linguísticas na produção de itens básicos e subordinados do ponto de vista da iconicidade? Para responder a esta questionamento acima exposto, a presente pesquisa tem como objetivo central: investigar ///////////////como adultos surdos estabelecem as relações hiponímicas e hiperonímicas na Libras. Partimos da hipótese de que surdos tendem a realizar referentes hipônimos com o sinal do seu hiperônimo, majoritariamente, seguidos de sinais modificadores, presentes no núcleo do léxico, mas principalmente com sinais de representação, que são mais icônicos, para distinguir os itens hipônimos. Nossa segunda hipótese é de que itens hipônimos, mesmo sendo itens subordinados, apresentam processos de criação icônicas semelhantes aos itens básicos, evidenciando assim, a iconicidade como sendo estruturante em todo o léxico da Libras. Utilizamos as noções de Lyons (1977) e Vidal (2011) para entender hipônimos como sendo uma combinação do hiperônimo com uma informação específica modificadora. Além disso, utilizamos o modelo de Johnston e Schembri (2007) para descrever a estrutura lexical da Libras, de modo que instrumentalizamos a nossa análise a partir da definição dos autores para sinais de representação, diferenciando-os dos sinais lexicalizados. Ainda utilizamos Rosch (1975) para introduzir a noção de itens básicos e subordinados, que foram analisados como sendo hiperônimos e hipônimos no recorte de itens analisados na pesquisa. Por fim, utilizamos o modelo de Taub (2004) para dividir o processo de criação do sinal em três etapas: seleção da imagem, esquematização e codificação. Metodologicamente, fizemos uma elicitação de dados, apresentando cartões com figuras de animais para participantes surdos de Maceió. 5 (cinco) surdos e 5 (cinco) surdas estudantes do curso Letras Libras participaram do experimento que consistiu em ver a figura e dizer o que estava vendo. Escolhemos 4 (quatro) animais, cão, gato, pássaro e macaco, e dividimos cada um deles em 8 (oito) itens subordinados, ou seja, 8 (oito) espécies de cada animal, seguindo o modelo de Santos (2018). Além disso, escolhemos 32 (trinta e dois) itens que potencialmente seriam sinalizados de forma padrão, sendo assim categorizados como itens básicos, e 32 (trinta e dois) itens distratores, com animais menos conhecidos. Dos potenciais itens básicos, analisamos 17 (dezessete) itens (e.g. leão, boi, zebra etc) que tiveram pelo menos 6 (seis) respostas idênticas. Nossa análise foi dividida em duas partes, sendo a primeira dos itens básicos, ou hiperônimos, e a segunda dos itens subordinados, ou hipônimos. A primeira análise mostrou que os itens básicos eram em sua maioria monolexicais, com uma seleção de imagem ações ou descrições imagéticas diretamente relacionadas ao animal, uma esquematização principalmente de partes do corpo da cabeça, e com uma codificação basicamente com o uso do espaço topográfico esquemático, movimentos de modo para representar movimentos reais e movimentos de locação e formato para representar descrições imagéticas dos animais, enquanto as configurações de mão foram principalmente de entidade parcial. Já os sinais subordinados foram principalmente de composições com o uso do hiperônimo combinado com um sinal modificador do léxico ou um sinal de representação; além disso, a seleção da imagem foi maior em proporção de descrições do que de ações, mas sempre diretas; as esquematizações selecionavam em maior parte elementos gerais como cor e tamanho do animal, mas também partes do corpo como pelugem e mãos; por fim, a codificação também teve maior proporção de uso do espaço topográfico esquemático, movimento de modo para ações e de locação e formato para descrições, e configurações de mão de entidade parcial. Os resultados mostram, não só que a iconicidade está presente em todo o processo de categorização e subordinação, mas também aponta semelhanças nas construções de sinais básicos, já lexicalizados, e sinais subordinados recém criados na Libras.


CONSTRUÇÕES RECÍPROCAS EM HOMESIGNS

Júlia Dias da Silva, Anderson Almeida-Silva

É comum que crianças surdas sejam filhas de pais ouvintes e convivam na maioria de seu tempo com os mesmos. A falta de conhecimento ou de contato com uma língua de sinais institucionalizada faz com que a família desenvolva meios para se comunicar com a criança surda, podendo emergir dessa comunicação o que chamamos no campo linguístico de sinais caseiros ou língua de sinais emergente (De vos e Pfau, 2015). Os sinais caseiros/emergentes são comuns também em comunidades mais afastadas do centros urbanos, onde os surdos lá residentes não tiveram contato com a libras por diversos fatores, como por exemplo, a Cena (Almeida-Silva e Nevins, 2020), língua de sinais emergente da comunidade surda de Várzea Queimada (PI). Direcionando nosso foco para as línguas de sinais caseiras produzidas em comunidades familiares, encontramos uma família de surdos em Buriti dos Lopes - PI que utiliza seu próprio sistema linguístico manual-visual pois nunca aprenderam a língua de sinais institucionalizada no Brasil (Libras), sendo esse sistema linguístico caseiro o objeto de estudo e interesse desta pesquisa. A família composta por dois irmãos surdos e uma irmã surdo-cega desenvolveu um sistema linguístico visual utilizado por eles no dia-a-dia e além de desenvolverem, precisaram também adaptar o sistema de forma tátil, para que a irmã, antes surda e agora surdo-cega, conseguisse continuar se comunicando com os irmãos. Por não terem recebido o input linguístico de qualquer outra língua, esse sistema torna-se extremamente relevante pela naturalidade dos fatos, nos dando a possibilidade para análise desse sistema em diversos níveis (fonológico, morfológico e sintático) e suas modalidades (oral, visual e tátil), visto que seria inviável projetar esse acontecimento de forma controlada em laboratório devido às restrições éticas. Langendoen (1978) inicia seus estudos com foco nas construções recíprocas em línguas orais, apontando a dificuldade nas análises desse tipo de construção devido às diferentes estratégias encontradas para construir reciprocidade em uma língua oral. Lichtenberk (1985) deixa claro a existência dessas estratégias e as nomeia, conceituando construções recíprocas como meios linguísticos específicos para codificar situações recíprocas. Também presentes nas línguas de sinais, as construções recíprocas vem tornando-se alvo de pesquisas que comprovam sua presença nas duas modalidades de língua. Figueiredo (2024) investiga as construções recíprocas na Libras e propõe que os verbos recíprocos nessa língua de sinais apresentam como característica a bimanualidade, ou seja, todos os sinais recíprocos em libras são realizados com as duas mãos do sinalizante e identifica também padrões de movimentos, definidos pela autora como movimento simples (ou repetitivo) e movimento alternado. Pesquisas anteriores realizadas por Gleitman et al. (2019) e Ergin et al. (2020) revelam a presença de construções recíprocas em línguas de sinais caseiras/emergentes. A partir desses estudos, temos como objetivo geral identificar construções recíprocas presentes no sistema linguístico da família surda de Buriti dos Lopes - PI, tendo também como objetivos específicos: i. analisar o corpus já registrado em formato de vídeo, a fim de identificar essas construções no diálogo natural dos usuários desse sistema, a transcrição do conteúdo do corpus com o auxílio do ELAN e do SignWriting; ii. identificar se as construções recíprocas são bimanuais desde o início (origem) dos sistemas linguísticos e por fim iii. identificar quais estratégias recíprocas são utilizadas para construir as estruturas que causam reciprocidade dentro do sistema linguístico. De abordagem quanti-qualitativa, essa pesquisa visa também gerar conhecimentos científicos para avanço da linguística, mas especificamente nas línguas de sinais. O corpus com os dados da referida família contém mais ou menos 1 hora de gravações em que os membros da família surda de Buriti dos Lopes (PI) se comunicam de forma natural e espontânea. Resultados parciais: Através das análises realizadas no corpus até o então momento, conseguimos identificar 4 verbos recíprocos, sendo eles ABRAÇAR, CASAR, NAMORAR E SEPARAR-DIVORCIAR, no sistema linguístico utilizado pela família surda de Buriti dos Lopes (PI), em que todos são realizados por movimento simples, mas nem todos são inerentemente bimanuais, como propõe Figueiredo (2024) para a libras. Portanto, podemos concluir que sinais recíprocos não são necessariamente bimanuais desde de sua origem, podendo vir a ser com o tempo, avanço e refinamento do sistema linguístico. Algo que ainda precisa ser debatido com mais vagar.


O sinal 'que' da Libras em seus contextos sintáticos e sua gramaticalização

Alessandro Augusto de Souza Vasconcelos

Este resumo corresponde a um recorte de uma dissertação desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Paulista (UNESP), no campus Araraquara. O objetivo da pesquisa é investigar como os sinalizadores surdos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) utilizam o sinal (que). Esse sinal foi extraído de dois córpus principais: o Corpus Libras (UFSC) e o Minicórpus compilado por pesquisadores do Grupo SignL da UNESP. Os usos desse sinal incluem sua categorização como pronome interrogativo, conforme previsto nos dicionários Lira e Souza (2011) e Capovilla et al. (2017). No entanto, também observamos, com base nos dados coletados, que o sinal pode ser associado a diferentes contextos sintáticos nos pares pergunta-resposta: (1) pergunta plena: é formulada pelo sinalizante e respondida por outro sinalizante; (2) pergunta retórica, é uma formulada para não ser respondida; (3) pergunta semirretórica: é formulada e respondida pelo próprio sinalizante. Além disso, o sinal também pode ser usado como complementizador em contextos sintáticos da oração subordinada substantiva. De acordo com Pfau e Steinbach (2011) e Rodrigues (2022), os estudos sobre gramaticalização em línguas de sinais são profícuos e pertinentes, porém enfrentam desafios metodológicos devido à falta de um conjunto robusto de evidências diacrônicas. Iniciamos nossa análise com um conjunto de 46 videossinalizados pelos extraídos de dois córpus, devidamente anotados no programa ELAN (HELLWIG, 2020), os sinalizantes surdos utilizam o sinal associado a pares pergunta-resposta como uma estratégia de pergunta semirretórica. Os resultados obtidos incluem 107 ocorrências de uso do sinal em contextos sintáticos de pares pergunta-resposta e orações subordinadas substantivas. Demonstramos a frequência das marcações não manuais associadas ao sinal, incluindo o uso de movimentos de cabeça e sobrancelhas associados aos sinais. Apresentamos o processo de gramaticalização do sinal, fornecendo informações das descrições fonológicas para compilar uma demonstração dos sinais em sua própria categoria gramatical com suas propriedades. Para isso, seguimos Hopper e Traugott (2003), considerando um arranjo de formas analisadas como menos e mais gramaticalizadas: pronome interrogativo > subordinação.


O Papel da (não) Iconicidade e da (não) Marcação de Configurações de Mão nas Percepções de Ouvintes acerca de Sinais da Libras

Dayane Celestino de Almeida

Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo piloto que visa a depreender as percepções de ouvintes sobre certos sinais da Libras. Trata-se de percepções do tipo 'bonito', 'complexo', 'interessante', 'legal', 'feio' etc. A pergunta que orienta a pesquisa é: a presença (ou não) de iconicidade e/ou de configurações de mão marcadas se correlacionam a determinadas percepções? Por exemplo, um sinal com configuração de mão marcada e menos icônico é considerado por ouvintes como mais difícil? Ressalta-se que os dados foram coletados dentre ouvintes que sem conhecimento nem contato com línguas de sinais. Diferentemente de trabalhos clássicos ou seminais sobre percepção linguística, o foco desta pesquisa não está no levantamento de inferências que podem ser feitas sobre os falantes e seus grupos sociais a partir de determinados usos linguísticos, mas sim nas percepções sobre a língua em si. O entendimento dessas avaliações sobre a língua poderão dar pistas sobre as atitudes de ouvintes diante de questões sobre surdez e linguagem como um todo, já que algumas percepções sobre os sinais estão acompanhadas de preconceitos ou desconhecimento sobre o funcionamento das línguas sinalizadas. Em termos de metodologia, o estudo é prioritariamente quantitativo. Foram apresentados 10 sinais icônicos e 10 não icônicos (subdivididos em com CM marcada ou não marcada) a 25 participantes que deveriam escolher, numa lista de adjetivos, aqueles que, na sua opinião, se relacionam a cada sinal. Comparações entre os quatro grupos de sinais (icônico marcado, icônico não marcado, arbitrário marcado, arbitrário não marcado) foram realizadas. Na ocasião da apresentação, mostraremos os resultados para todas as percepções mais relevantes, mas vale ressaltar alguns pontos neste resumo: os sinais arbitrários e com CMs marcadas foram os mais associados ao adjetivo 'complexo' e sinais icônicos foram mais frequentemente associados a adjetivos como 'legal' ou 'interessante' do que os não icônicos, como esperávamos em nossa hipótese. Trabalhos futuros pretendem expandir consideravelmente a amostra, tanto em quantidade de sinais a serem testados quanto em participantes respondentes. Vislumbram-se algumas contribuições posteriores para este trabalho, tanto no ensino de Libras como L2 para ouvintes quanto no que diz respeito ao melhor entendimento da percepção da iconicidade, além de uma possível contribuição na frente mais política que pretende dirimir certas concepções errôneas sobre as línguas sinalizadas.


AS CATEGORIAS FUNCIONAIS DO ESPAÇO IP NA LIBRAS

Flore Kedochim

Chomsky (1986), em um momento da Teoria de Princípios e Parâmetros da Teoria Gerativa, mostrou que o esqueleto de uma sentença podia ser concebida como composta por uma camada lexical (VP) e uma estrutura funcional mais alta, composta pelo sintagma flexional (IP) e pelo complementizador (CP), cada um deles sendo uma única projeção X-barra. Porém, ainda no final da década de 1980, algumas pesquisas mostraram que o esqueleto de uma sentença envolvia um número maior de projeções (POLLOCK, 1989; RIZZI, 1997). Essas pesquisas formaram, ao longo dos anos 90, um projeto de pesquisa chamado Cartografia Sintática, cujo objetivo é estabelecer a sequência funcional dos domínios sintáticos e traçar mapas detalhados da estrutura sintática das sentenças (Cinque; Rizzi, 2010, p.51). Assim, Cinque (1999) propõe uma representação refinada para o Espaço IP, composto de cerca de quarenta projeções funcionais, cada qual dotada de um traço semântico distinto. Derivando a ordenação de advérbios e a ordenação de núcleos funcionais e considerando a correspondência das ordens dessas duas hierarquias, ele concluiu que cada categoria da hierarquia da oração corresponde a um advérbio em posição de especificador e a um núcleo funcional. A descrição linguística das línguas de sinais já apresenta uma longa história na Teoria Gerativa. Acreditamos que a Libras pode contribuir para as discussões teóricas sobre a hierarquia das categorias funcionais das línguas naturais. De fato, as línguas de sinais fornecem evidências de natureza diferenciada em relação às línguas orais. Bross (2020) descreveu a estrutura hierárquica das orações em língua de sinais alemã (Deutsche Gebärdensprache, DGS) . Ele faz a hipótese de que o escopo é mapeado iconicamente no corpo na DGS e, talvez, universalmente em todas as línguas de sinais. Quando mais alto o escopo de um operador, mais alta será a parte do corpo usada para sua expressão. Bross (2020) mostra, por exemplo, que todas as categorias superiores de CP são expressas com os olhos e as sobrancelhas, as categorias inferiores de CP com as bochechas, e, por fim, as categorias de IP têm uma expressão apenas manual. Os objetivos do nosso estudo são descrever a hierarquia das categorias funcionais no Espaço IP de Cinque (1999) e testar a hipótese de Bross (2020). Separamos o Espaço IP em três partes: advérbios altos, advérbios médios e advérbios baixos. Selecionamos quatro advérbios para cada parte do Espaço IP. Eles estão em negrito na figura (1). Pedimos para três informantes traduzirem sentenças do português para a Libras. Cada sentença apresentava um advérbio distinto. Colocamos três exemplos de sentenças com advérbios (cf. (2), (3) e (4)). Colocamos um contexto para auxiliar os informantes na interpretação dos advérbios altos. As sentenças com advérbios médios e baixos foram traduzidas sem contexto. (1)Hierarquia universal do Espaço IP[francamente MoodSpeechAct > [surpreendentemente MoodMirative > [felizmente MoodEvaluative > [supostamente MoodEvidential > [provavelmente ModEpistemic > [uma vez TPast > [então TFuture > [talvez MoodIrrealis > [necessariamente ModNecessity > [possivelmente Modpossibility > [geralmente AspHabitual > [finalmente AspDelayed > [tendencialmente AspPredispositional > [novamente AspRepetitive(I) > [frequentemente AspFrequentative(I) > [de/com gosto ModVolition > [rapidamente AspCelerative(I) > [já TAnterior > [não … mais AspTerminative > [ainda AspContinuative > [sempre AspContinuous > [apenas AspRetrospective > [(dentro) em breve AspProximative > [brevemente AspDurative > [caracteristicamente AspGeneric/Progressive > [quase AspProspective > [de repente AspInceptive > [obrigatoriamente ModObligation > [em vão/à toa AspFrustrative > [(?) AspConative > [completamente AspSgCompletive(I) > [tudo AspPlCompletive > [bem Voice > [cedo AspCelerative(II) > ... > Verbo(2) Contexto: Está chovendo muito hoje. Português: Felizmente Maria tem um carro. _______lsLibras: CARRO MARIA TER (3) Português: Maria já sabe dirigir. Libras: DIRIGIR MARIA SABER JÁ (4) Português: Maria acordou cedo. Libras: ACORDAR CEDO MARIAUm primeiro resultado do nosso estudo é que os advérbios altos foram traduzidos com uma expressão não manual: o levantamento das sobrancelhas (___ls), como ilustrado pelo exemplo em (2), ou seja, a categoria MoodEvaluative é expressa por um núcleo funcional na Libras. Por outro lado, os advérbios médios (cf. (3)) e baixos (cf. (4)) foram traduzidos por sinais, advérbios em posição de especificador. Bross (2020) mostrou que, na DGS, todas as categorias do Espaço IP eram expressas por meio de sinais, o que não parece ser o caso da Libras, já que os advérbios altos são expressos através de expressões não manuais. Esse estudo é introdutório e exploratório. Não testamos as quarenta categorias funcionais da hierarquia de Cinque (1999) e ainda não verificamos a ordenação dos advérbios na Libras. Pretendemos fazê-lo em trabalhos posteriores.


ORDEM DAS ORAÇÕES CONDICIONAIS NA LIBRAS: UMA ANÁLISE FUNCIONALISTA

Felipe Aleixo

Nesta pesquisa, que tem como escopo a perspectiva da Gramática Funcional, fazemos uma investigação sobre a posição das orações condicionais na Língua Brasileira de Sinais introduzidas pelas conjunções SE, EXEMPLO e das justapostas, ou seja, sem qualquer marcador manual. Buscamos descrever, por meio de produções reais de uso, se as orações condicionais da Libras podem ser enunciadas sob a forma [se p, q], quer dizer, com a oração condicional anteposta à oração principal, ou a sua forma inversa [q, se p], com a condicional posposta à oração principal. Para isso, relacionamos o tipo de informação veiculada pelas prótases e, ainda, observamos se apresentavam as noções de tópicos de retomada, de contraste, de exemplificação ou de opção ou funcionavam como adendos restritivos (nos termos de Ford e Thompson (1986)). Nossa pesquisa segue uma abordagem quali-quantitativa. Nosso córpus reúne 64 ocorrências extraídas do Corpus de Libras, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os dados foram transcritos e anotados por meio do software ELAN. A análise do nosso córpus, embora revele a precedência representativa das orações condicionais em relação às principais na Libras, mostra que a anteposição não é absoluta. Isso, de fato, está vinculado ao fato de as orações condicionais, quando antepostas, veicularem informações dadas ou inferíveis, quer dizer, de se estabelecerem como tópicos de realizações condicionais. A posposição das condicionais na Libras configura-se como a ordem marcada de realização, em que uma informação nova é codificada. Isso vai ao encontro do postulado por Ford e Thompson (1986), que afirmam que as condicionais pospostas podem restringir, enfatizar ou realçar a oração principal. Logo, nossos resultados demonstram que a anteposição da oração condicional à oração principal configura-se como a ordem não marcada na Libras. As condicionais pospostas, por seu turno, não são agramaticais; elas funcionarão sempre como adendos restritivos, quer dizer, especificarão o conteúdo desenvolvido nas orações principais, introduzindo, assim, informação nova ao contexto do discurso. Portanto, a ordem das orações condicionais está diretamente relacionada ao tipo de informação veiculado nas suas prótases, de modo que, na Libras, pode ser realizada de modo anteposto ou posposto. Se forem antepostas, poderão veicular tópicos de retomada, contraste, opção e exemplificação, independentemente do tipo de enlace realizado (conjuntivo ou justaposto). Todavia, se forem introduzidas pela conjunção EXEMPLO, utilizarão, de forma categórica, tópicos de exemplificação. As pospostas funcionarão como adendos restritivos de suas orações principais.

13h30 Sala 4 Apresentação Oral
Local: Sala 4 (Bloco de Letras-Libras)

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NA LIBRAS: UM ESTUDO DESCRITIVO

Ewerton Douglas Canuto de Albuquerque

As Expressões Idiomáticas (EI) fazem parte de todas as línguas naturais, emergindo da comunicação como uma forte marca cultural de uma dada comunidade e não é diferente quando pensamos na Libras. Diferentes EIs são sinalizadas em Libras por surdos alagoanos, mas pouco se sabe sobre como é o processo de estruturação das EIs no léxico da Libras e como elas estão inseridas no contexto social da comunidade surda. Pensando nisso, esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar como são estruturadas as Expressões Idiomáticas da Libras sinalizada por surdos alagoanos. Para apresentar os principais conceitos relacionados à gramática da Libras, trouxemos Quadros & Karnopp (2004) e Ferreira-Brito (1997), Johnston & Schembri (2007) e Santos (2018). Por fim, para destacar as principais características das EIs de uma maneira geral, trouxemos a contribuição de Xatara (2001), Camara Jr (2002), Tagnin (2005) e Dubois et al (2007). Metodologicamente nós escolhemos 10 expressões da Libras com características apontadas pelos autores como sendo comuns às EIs e fizemos uma entrevista com 5 surdos e 5 ouvintes da comunidade surda alagoana. Todos viviam em Alagoas há pelo menos 10 anos e os ouvintes já estavam inseridos na comunidade surda há pelo menos 8 anos. Perguntamos aos participantes se eles conheciam as expressões e pedimos para que eles explicassem o significado das expressões. A análise quantitativa apontou que os surdos responderam 96% (N=48) das expressões com um significado igual ao previsto pelo pesquisador, enquanto que os ouvintes responderam apenas 34% (N=17) de acordo com o significado previsto pelo pesquisador. A análise linguística demonstrou que as expressões foram criadas a partir de derivações e composições, apresentando mudanças fonológicas e semânticas. As mudanças fonológicas incluem mudança e/ou cristalização de movimento, configuração de mão ou ponto de articulação. As mudanças semânticas apresentaram uma restrição de significado, saindo de um contexto mais amplo do sinal para um contexto mais restrito na EI. Concluímos que as EIs são mais utilizadas entre surdos dentro da comunidade surda do que com ouvintes, e que isto aponta para uma forte marca cultural dos surdos na comunicação.


OS SINAIS POLISSÊMICOS NA LIBRAS

Rosana de Fatima Janes Constâncio, Marianne Rossi Stumpf

O fato de a Libras ter sido legitimada em todo território nacional com a Lei de Libras nº 10.436/02 e regulamentada pelo Decreto nº 5626/05 reconhecendo oficialmente como meio de comunicação e expressão da comunidade surda, contribuiu para sua notoriedade e consequentemente com os avanços nas pesquisas pela língua, seu uso, funcionamento, gramática e fenômenos da língua. Embora os avanços sejam significativos ainda há muitas questões que carecem de uma melhor compreensão e aprofundamento teórico conceitual, uma delas a respeito dos sinais polissêmicos na Libras. Buscando compreender como de fato esse fenômeno se manifesta na Libras, buscamos com esse estudo refletir como os sinais polissêmicos se manifestam? Será que pelo viés da Semântica Lexical é possível compreender a relação que se estabelece com os sinais polissêmicos? Assim, nosso objetivo é analisar alguns itens lexicais da Libras que foram selecionados no banco de sinais Signbank, analisando os vídeos para uma melhor compreensão de como esse fenômeno se manifesta na Libras, para que possamos alcançar os objetivos específicos respondendo as nossas hipóteses a fim de aprofundar e obter uma melhor compreensão de como o fenômeno da polissemia se manifesta na Libras. Dessa forma, para as nossas discussões, apoiamo-nos, não somente, mas principalmente, em Martins (2013), Ribeiro (2016), Girma (2021) e Asken (2023), pois em nossa investigação defendemos que o fenômeno da polissemia se manifesta com uma variação de sentidos que o mesmo item lexical pode apresentar desde que ocorra uma relação semântica entre eles. Vale destacar que o nosso percurso metodológico está norteado por uma pesquisa básica, de cunho qualitativo, com abordagem na Semântica Lexical, pautada no levantamento dos sinais polissêmicos que constam no banco de sinais Signbank, que é uma importante fonte de pesquisa linguística, considerada como “Identificador de Sinais” que foi criado com o objetivo de se constituir como um sistema de busca que oportunizasse localizar os sinais por nome, na língua portuguesa, e/ou a partir dos parâmetros do sinal. Justificamos a seleção pelo Signbank porque consideramos que pelo fato de a Libras ser uma língua visuoespacial, fazer a análise pelos vídeos dos sinais possibilita um maior detalhamento, pois, diferentemente da observação realizada por obras em que os sinais se apresentam de forma estática, por meio das imagens, a análise por meio dos vídeos sinalizados nos permitem uma melhor compreensão considerando as nuances na sua execução. A partir da seleção de nossa fonte de pesquisa, realizamos um levantamento dos possíveis sinais polissêmicos e então fizemos uma busca para localizar os sinais constavam no banco de dados. Embora, inicialmente tivéssemos uma lista considerável dos possíveis sinais, foi necessário excluir alguns, pois não constavam no banco de dados. Feita a seleção dos sinais, criamos uma pasta com os vídeos a fim de visualizar, analisar e descrever como se manifestam. Na sequência realizamos uma análise minuciosa e detalhada que foi preenchida no Formulário Excel. Contudo, para nossa fundamentação a análise observou os exemplos dos itens lexicais analisados em cada produção dos vídeos das entrevistas realizadas com surdos fluentes na Libras que constam no Signbank. Dessa forma compreendemos que a relação semântica se manifesta pelo conhecimento linguístico e cultural, possibilitando assim a compreensão do sentido expresso nos sinais polissêmicos. Com os dados obtidos passamos para discussão dos dados trazendo para o debate no presente trabalho alguns resultados obtidos após uma análise criteriosa na pesquisa em andamento do pós-doc. O que os dados nos revelam é que os sinais considerados polissêmicos pertencem ao mesmo campo semântico, isto é, estabelecem uma relação de sentido entre eles; são semelhantes em sua execução, embora em alguns casos seja possível identificar algumas nuances nos movimentos considerando que em alguns sinais denotam uma ação que favorece a compreensão do sinal, como por exemplo, os sinais: PINTAR/PINTOR; CADEIRA/SENTAR; VOTAR/ELEIÇÃO; PEIXE/SEXTA-FEIRA entre outros. Assim, de acordo com a análise realizada na perspectiva da semântica lexical, consideramos que os sinais polissêmicos podem se manifestar em sintonia com os mesmos traços presentes na execução do sinal, pois, embora apresentem diversos sentidos no mesmo item lexical, é possível estabelecer uma compreensão a que denota o sinal. Concluímos então, após análise minuciosa e detalhada da execução do sinal que as unidades sublexicais presentes em cada sinal, revelam que há elementos semelhantes revelando assim que é possível considera-los como sinais polissêmicos devido a relação semântica que se estabelece entre eles e que os sinais polissêmicos é um fenômeno que está presente em toda e qualquer língua natural estabelecendo assim uma relação de sentido perceptível no contexto da comunicação não gerando assim nenhuma confusão de compreensão entre eles.


VARIAÇÃO FONOLÓGICA NA LIBRAS: UMA ANÁLISE DOS SINAIS EM SIGNWRITING

Raquel Flavia Victor Cabral, Helmiton Thiago de Araújo, Anderson Almeida Silva

A variação fonológica é um fenômeno presente tanto nas línguas orais quanto nas línguas de sinais (LS). Esse fenômeno é perceptível na comunicação quando indivíduos de diferentes regiões se encontram, compreendendo que Labov (2008) define o foco da Sociolinguística como a análise da linguagem oral em seu contexto social. O ponto de partida é a comunidade linguística, que é vista como um grupo de pessoas que não apenas interagem por meio da linguagem, mas também seguem um conjunto de regras comuns relacionadas ao uso da mesma. Logo, podemos exemplificar, o que ocorre na língua portuguesa com a palavra PORTA, uma variação fonológica na pronúncia: /poRta/ e /porta/ que tem a pronúncia realizada de forma diferente, dependendo do indivíduo ou região, enquanto o /R/ retroflexo, é semelhante ao “r” em inglês, característico do falar “caipira”, o /r/ vibrante pode ter duas variantes, a vibrante alveolar, que é o som mais suave, como em “caro” e “faro” e o vibrante velar, que é o som mais carregado, grafando-se com “r” no início e “rr” no meio, como em “carro” e “torre”. Entretanto, na modalidade escrita permanece sem alterações. Na LS não é diferente, logo, a pergunta da nossa pesquisa é: como variações na produção da configuração de mão de sinais em Libras são representadas na escrita? Nesta pesquisa, analisaremos as variações fonológicas das configurações de mão “S” e “O” na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Utilizaremos o sistema de escrita de sinais: SignWriting. O objetivo geral é analisar as variações fonológicas das CM, S e O na Libras, utilizando o SignWriting. Com o propósito de compreender como essas variações afetam a compreensão dos sinais. Os objetivos específicos: i. investigar se ambas CM pertencem à mesma classe fonêmica, isso auxiliará no entendimento da relevância dessas variações em termos de significado e por fim ii. analisar se a modificação na CM altera o significado do sinal, nos permitindo compreender melhor a relação entre a forma da mão e o conteúdo semântico dos sinais. Battison (1978 apud Alecrim 2022, p. 27) explica que as CM podem ser de dois tipos: marcadas e não-marcadas, portanto, selecionamos do grupo das não-marcadas as configurações de mão S e O, por observarmos uma variação na pronúncia do sinal CRIAR. Identificamos que em algumas escritas, surdos e ouvintes tendem a usar variantes entre-sujeitos. A metodologia de pesquisa é de caráter quantitativo, onde um corpus de sinais escritos, registrados no site Signbank, serão coletados, buscando pelas CM em S e O, com o intuito de investigar a variação fonológica presente nos sinais que possuem ambas as CM supracitadas. A partir da coleta e análise do corpus e levando em consideração que os registros são realizados por sujeitos sinalizantes e as possíveis variações de escrita dos sinais, será possível investigar a variação que ocorre em ambas as CM e se pertencem à mesma classe fonêmica, visto que em algumas situações, ambas são utilizadas para execução do mesmo sinal. Em seguida, para quantificar e refinar os sinais que correspondem às características da análise da pesquisa, utilizaremos uma tabela onde os registros serão armazenados. Serão usados como critério de categorização as seguintes características: bimanualidade, monomanualidade, dinamicidade, estabilidade e se há influência da letra inicial.Resultados parciais: Identificamos variantes no Signbank. Categorizamos alguns sinais como: ENSINAR, CRIAR, CIDADE e outros 17 que apresentaram variação em suas CM: S e O. Logo, essa pesquisa se baseia em uma análise a partir de registros de usuários do Signbank. Estes registros podem ser válidos para análises e pesquisas futuras acerca da escrita da língua de sinais. Posto isso, através do refinamento dos registros e a análise dos mesmos, será possível constatar se ambas as CM pertencem à mesma classe fonêmica e quais particularidades e similitudes elas possuem para estar na mesma classe. Além disso, identificamos que as configurações mencionadas são mais recorrentes em sinais dinâmicos, ou seja, com mudança na CM durante a sinalização. Esta pesquisa lança luz sobre como os sinalizadores a partir de sua produção linguística efetuam suas escolhas ortográficas em SW. REFERÊNCIASALECRIM, Elisane Conceição. A variação fonético-fonológica da configuração de mão na Libras. Curitiba, 2022.BARRETO, Madson e BARRETTO, Raquel. Escrita de sinais sem mistérios. Belo Horizonte: Ed. do autor, 2012.LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.LABOV, William et al. Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.SILVA JÚNIOR, Daltro Roque Carvalho da. A configuração de mão como unidade significativa na formação de sinais da Libras. Florianópolis, 2023.


O PARÂMETRO DO SUJEITO NULO NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Marcos Grutzmacher, Adeilson Pinheiro Sedrins, Telma Moreira Vianna Magalhães

As línguas naturais são constituídas por elementos comuns e universais, os princípios, e por elementos variáveis, os parâmetros, dos quais, um dos mais comuns é o Parâmetro do Sujeito Nulo (PSN). Línguas que apresentam o PSN marcado com valor positivo apresentam a possibilidade de silenciar foneticamente o sujeito na sentença, tais como o português europeu, o italiano, a ASL (língua americana de sinais), LIS (língua italiana de sinais), DGS (língua de sinais alemã) e o espanhol. Este trabalho tem o objetivo de investigar, através de dados de aquisição e de fala de indivíduos adultos, de que forma o sujeito nulo se manifesta na Libras, para classificá-la quanto ao tipo de língua a qual pertence em relação a esse parâmetro. Os dados analisados foram provenientes de falas espontâneas de quatro indivíduos surdos, advindos de dois projetos desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC: três do Projeto Corpus de Libras; e um do Projeto Aquisição da sintaxe de crianças surdas brasileiras: repercussões das diferentes formas de acesso à língua de sinais. Sob o olhar da linguística gerativa, em sua perspectiva minimalista, foram analisadas todas as sentenças produzidas em ambos os corpora e então classificadas em relação aos seguintes elementos: apagamento ou o preenchimento do sujeito; tipo de verbo utilizado; tipo de pessoa pronominal produzida; e tipo de preenchimento da posição de sujeito (sintagma nominal ou pronome). Para os dados de aquisição foi possível observar que o PSN na Libras se comporta de forma semelhante ao português brasileiro, uma língua de sujeito nulo parcial, uma vez que no início da aquisição observa-se o apagamento do sujeito de forma produtiva, que ao longo do desenvolvimento divide espaço com o preenchimento por pronomes e sintagmas nominais, com preferência para os pronomes, diferentemente do que acontece em PE, uma língua de sujeito nulo. Os dados de indivíduos adultos apresentaram sujeitos nulos em todas as pessoas pronominais, bem como sujeitos nulos indefinidos de terceira pessoa, reforçando a presença de indícios de que a Libras apresenta características semelhantes às expressadas por línguas de sujeito nulo parciais. Portanto, este estudo assume que a Libras marca o PSN com valor positivo.


A CONCORDÂNCIA NOMINAL DE GÊNERO NA ESCRITA DO PORTUGUÊS COMO L2 POR SURDOS

THAYSA OLIVEIRA BARBOSA

Nesta pesquisa apresentamos um estudo sobre a escrita do português como L2 por surdos brasileiros, usuários da Libras, tendo como objetivo principal analisar como se dá a marcação da concordância nominal de gênero gramatical, em produções escritas, considerando que o português e Libras apresentam mecanismos distintos de concordância nominal de gênero. Para tanto, investigamos se e como características morfossintáticas da Libras têm influenciado a escrita do português como L2, e se há um padrão na marcação da concordância nominal de gênero nos dados analisados, haja vista que se tratam de línguas de modalidades e propriedades sintáticas distintas. Apresentamos três hipóteses norteadores para o estudo: (a) a marcação de concordância nominal, em produções escritas em português, por brasileiros surdos, usuários de Libras, apresenta uma instabilidade, ora manifestando o padrão encontrado no Português, ora desviando desse padrão, apresentando uma concordância que denominaremos default; (b) quanto maior for a escolarização dos surdos em Língua Portuguesa menor será o aparecimento de ocorrências que estão em desacordo com o padrão formal dessa língua e (c) A composição do nome e a sua vogal temática têm relação direta com a marcação ou não da concordância, isto é, os desvios da concordância tendem a ocorrer com maior frequência em nomes cuja vogal temática não é -a . Utilizamos como suporte para análise dos dados estudos realizados por pesquisadores como Luchesi (2009 e 2012) e Sedrins e Silva (2012) que analisam ocorrências da concordância nominal de número e de gênero em variedades do português faladas em países africanos e comunidades quilombolas brasileiras. Os resultados mostram que o Português escrito como L2 pelos surdos parece sofrer influência direta da estrutura Libras que é uma língua que não tem obrigatoriedade de marcar o gênero dos substantivos no SN e que esse é um processo que ocorre a todos os adquirentes/aprendizes de uma língua sem a obrigatoriedade de marcação de gênero para uma língua que essa marcação é obrigatória.


PRODUÇÃO LEXICAL EM LIBRAS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ADULTOS SURDOS E OUVINTES

Marcos de Moraes Santos, Jair Barbosa da Silva, Alexandre Melo de Sousa

Esta pesquisa tem como objetivo investigar como adultos surdos estabelecem as relações hiponímicas e hiperonímicas na Libras, fazendo uma comparação com crianças surdas e com adultos ouvintes. A pesquisa realizada por Santos (2018) aponta que tanto crianças surdas, quanto ouvintes apresentaram um alto índice de hiperônimos em vez de hipônimos, em tarefas eliciadas com o campo semântico animais. Desta vez, numa perspectiva quantitativa, focaremos em participantes adultos surdos para entender como a aquisição lexical de adultos interfere nas estratégias de construção de hipônimos, ou seja, como adultos surdos, tendo tido mais experiências e possuindo um vocabulário mais extenso podem apresentar resultados mais abrangentes do que as crianças surdas. Tendo como referência a metodologia desenvolvida por Santos (2018), serão selecionados 10 participantes surdos e 10 ouvintes. Para os surdos, os critérios de inclusão serão: ter surdez bilateral profunda, ser fluente em Libras e ter mais de 18 anos. Serão realizadas o que Grolla e Silva (2014) chamam de tarefas de produção eliciada. Serão apresentadas fichas com imagens de 4 tipos de animais: Gato (8 grupamentos genéticos), Cão (8 grupamentos genéticos), Pássaro (8 grupamentos genéticos) e Macaco (8 grupamentos genéticos), e os participantes irão produzir sinais que façam referência a cada grupamento genéticos apresentada. No tratamento dos dados, utilizaremos os códigos propostos por Santos (2018) para cada tipo de produção (e.g. HIPE + MOD, ou seja, hiperônimo mais modificador). Por fim, os dados serão analisados a fim de que possam ser expressos quantitativamente.


PESQUISAS ONOMÁSTICAS EM LIBRAS NO ESTADO DO ACRE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

João Carlos Paiva Xavier, Alexandre Melo de Sousa

A Onomástica é um ramo da Linguística que se dedica ao estudo dos nomes próprios em geral, tanto em línguas orais, quanto em línguas de sinais. Há subáreas onomásticas específicas para cada grupo de referentes nomeados: a Antroponímia, por exemplo, trata dos nomes próprios de pessoas; a Toponímia trata dos nomes próprios de lugares; a Zoonímia trata dos nomes próprios de animais; a Teonímia trata dos nomes próprios de deuses, santos, entidades, orixás e outras figuras religiosas; a Onionímia trata dos nomes de estabelecimentos comerciais, instituições financeiras, marcas e produtos; a Metereonímia trata de nomes próprios fenômenos naturais, atmosféricos e assim por diante (Sousa, 2022). Embora existam diferentes ramos onomásticos, há, no Brasil, uma prevalência de estudos toponímicos e antroponímicos (Sousa, 2022), especialmente relacionados às línguas orais. No Brasil, alguns pesquisadores têm se dedicado a investigar certas subáreas onomásticas com foco na Língua Brasileira de Sinais (Libras) – a Universidade Federal do Acre. A Universidade Federal do Tocantins, a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Estadual de Feira de Santana são algumas das instituições que têm se destacado nos estudos onomásticos em Libras (Sousa; Barreiros, 2020). Neste trabalho, objetivamos investigar as pesquisas onomásticas em Libras realizadas no estado do Acre, a partir do Grupo de Pesquisa ESLIN (Educação de Surdos, Libras e Inclusão). De modo específico, pretendemos: a) verificar quais subáreas onomásticas são mais privilegiadas nas pesquisas desenvolvidas; b) quantificar os dados onomásticos provenientes dessas pesquisas; c) destacar o estado atual das investigações onomásticas acreanas. A pesquisa toma como base teórica os estudos de Dick (1990; 1992), Amaral e Seide (2020), Sousa e Dargel (2020), Sousa (2022, 2023). A pesquisa se caracteriza como de revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa e quantitativa, e, quanto aos objetivos, do tipo descritiva. Os dados foram extraídos: a) da Plataforma de Teses e Dissertações da Capes, b) da página institucional do Curso de Licenciatura em Letras Libras da Universidade Federal do Acre e c) do Diretório de Grupos de Pesquisas do CNPq. Foram identificadas 26 investigações no âmbito da onomástica em Libras realizadas no estado do Acre e publicadas em forma de trabalhos de conclusão, artigos ou capítulos de livros. Desse número, 58% são de pesquisas toponímicas, 25% são de pesquisas antroponímicas, 7,5% são de pesquisas zoonímicas, 7,5% são de pesquisas onionímicas, e 2% de pesquisas teonímicas. Não foram identificadas pesquisas metereonímicas, hidronímicas e astronímicas. O resultado mostra que prevalecem os estudos de nomes próprios de lugares e pessoas, confirmando a tradição brasileira de privilegiar os estudos toponímicos e antroponímicos. Contudo, os dados revelam que outras subáreas têm ganhado espaço: Zoonímia, Onionímia e Teonímia – o que poderá inspirar outros pesquisadores que se interessem pelos estudos onomásticos em Libras. Cabe ressaltar que as investigações dos nomes próprios de animais, de estabelecimentos comerciais e de Orixás, numa perspectiva onomástica, são pioneiros no Brasil, uma vez que não se encontram registros na Plataforma de Teses e Dissertações da Capes. Os estudos do léxico contribuem para a descrição da Libras e relevam marcas sociais e culturais do Povo Surdo. Assim, conhecer o léxico onomástico e o ato de nomear os elementos que compõem o mundo é revelar as visões, a cultura e as interações dos Surdos.

13h30 Sala de reuniões Apresentação Oral
Local: Sala de reuniões (Bloco de Letras-Libras)

TOPONÍMIA EM LIBRAS: Análise dos Sinais para os Municípios de Pernambuco

Thiago Ramos de Albuquerque, Williane Virginia Holanda de Souza

Este estudo realizado por professores universitários tem como objetivo geral documentar e analisar os topônimos utilizados na Libras para os 284 municípios do estado de Pernambuco. Utilizando uma abordagem que combina pesquisa online e contato direto com comunidades surdas nas regiões do Agreste, Sertão e Litoral, buscamos compilar uma amostra representativa dos sinais utilizados pelos surdos em diferentes áreas do estado. As informações sobre a origem desses sinais foram registradas em um banco de dados no Excel, integrado ao Microsoft Office, onde foram analisados os tipos de processos de formação de sinais, variações linguísticas, além de mudanças morfológicas e fonológicas. Os objetivos específicos deste estudo são: (i) realizar pesquisa extensiva pela internet para coletar os sinais utilizados na Libras para os topônimos dos municípios pernambucanos; (ii) estabelecer contatos diretos com a comunidade surda em diferentes regiões do estado, incluindo o Agreste, Sertão e Litoral, garantindo uma amostragem representativa; (iii) analisar os dados coletados para identificar os tipos de processos de formação dos sinais, variações linguísticas e mudanças fonológicas, morfológicas e lexicais. Os resultados preliminares indicam que a maioria dos sinais para os municípios de Pernambuco são empréstimos do português, frequentemente formados por hibridismo, combinando uma letra do alfabeto manual com outros parâmetros da Libras. Esta constatação levanta questões sobre a influência da língua majoritária na formação dos sinais em Libras e suas implicações para a identidade linguística e cultural da comunidade surda pernambucana. Este estudo se fundamenta nas contribuições de diversos autores relevantes na área, como Souza-Júnior (2012), Aguiar (2012), Ribeiro (2010), Quadros e Karnopp (2004), Stumpf (2015), Fischer (2002), Lopes (2017) e Santos (2019), cujos trabalhos têm enriquecido o campo da linguística de Libras, estrutura e formação de sinais, variações linguísticas e adaptações de línguas de sinais em diferentes contextos. Este texto resume as principais etapas, resultados e implicações do estudo sobre toponímia em Libras para os municípios de Pernambuco, enquadrando-se no eixo temático de Documentação de Línguas de Sinais.


IMPACTOS E AVANÇOS DO PROJETO VARLIBRAS: 2014-2024

Glaucio de Castro Junior, Daniela Prometi, Neemias Gomes Santana

O projeto VARLIBRAS, iniciado em 2014 e que completará uma década em 2024, teve um impacto significativo na pesquisa em Linguística da Língua de Sinais e na promoção da inclusão linguística e cultural de pessoas Surdas. Originalmente concebido para investigar a variação linguística na Libras, o projeto evoluiu ao longo dos anos, abrangendo diversos desdobramentos e contribuindo de maneira ampla para a comunidade Surda e para a sociedade em geral. Uma das principais conquistas do projeto VARLIBRAS foi a compreensão mais profunda da diversidade Linguística na Libras. Por meio de extensas pesquisas e estudos, foram identificadas e analisadas variações lexicais na Libras, o que contribuiu para uma compreensão mais abrangente de sua estrutura e uso. Além disso, o projeto desempenhou um papel crucial na formação de recursos humanos qualificados no campo da Linguística de Sinais, capacitando pesquisadores e profissionais, Surdos e não-surdos, para atuarem em diversas áreas relacionadas à Libras. Outro desdobramento importante foi a aplicação dos conhecimentos adquiridos no desenvolvimento de políticas linguísticas mais inclusivas e eficazes para a comunidade Surda. O projeto VARLIBRAS colaborou ativamente com órgãos governamentais e organizações da sociedade civil na formulação e implementação de medidas que visam promover o reconhecimento e o uso da Libras em diferentes contextos sociais, educacionais e profissionais. Ademais, o projeto contribuiu para a produção de materiais didáticos e recursos pedagógicos voltados para o ensino e aprendizado da Libras, facilitando o acesso à educação bilíngue para Surdos e promovendo uma maior inclusão no ambiente acadêmico e escolar. Em resumo, os desdobramentos do projeto VARLIBRAS ao longo de uma década representam um marco importante na valorização e promoção da Libras, bem como na promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades para a Comunidade Surda.


O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL E O ENSINO DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: o que nos revelam os dispositivos legais

Claudinéia da Silva, Sheyla Cristina Araujo Matoso

No que concerne às pesquisas relacionadas à educação de surdos e à Língua Brasileira de Sinais-Libras, vale destacar que os avanços e discussões acerca dessas temáticas têm permitido uma maior visibilidade da comunidade surda e sua língua natural. O presente estudo teve como objetivo, mapear e analisar as Leis estaduais e municipais que indicam a proposta de ensino de Libras nos espaços educacionais do Estado de Mato Grosso do Sul. Um estado localizado na região centro oeste do país, que teve o reconhecimento da língua utilizada pelos surdos locais no ano de 1996, pela Lei n.º 1.693 (MATO GROSSO DO SUL, 1996). Reconhecimento este que aconteceu no estado pesquisado antes mesmo da oficialização nacional da Libras, ocorrida em 2002 pela Lei nº 10.436 (BRASIL, 2002). Para tal mapeamento, foi realizada uma busca eletrônica pelas leis da capital do estado e dos demais 78 municípios. Tal procura foi realizada na plataforma digital Leis Estadual e Leis Municipais, uma plataforma organizada com dados dos dispositivos legais dos estados e municípios brasileiros, com objetivo de facilitar a consulta pública destes dispositivos. Para completar a investigação, foram realizadas também buscas nos sites das prefeituras e câmaras municipais de cada cidade do estado. Contextualizando os movimentos que culminaram nos direcionamentos legais que apresentaremos nesta breve pesquisa, coadunamos com o que apresenta Quadros (2006), que indica a importância dos estudos e as estratégias políticas utilizadas para a vitalização da Libras no país. Para este debate, nos alicerçamos nas discussões de Garcia (2007), Quadros (2006; 2007; 2017), Caporali e Dizeu (2005), Gianotto e Marques (2021), Perlin e Strobel (2014), entre outros autores que debatem a temática da educação de surdos. Após a investigação, constatamos um dispositivo legal de cunho estadual e mais quatro municipais, que contemplam a abordagem acerca do ensino de Libras nas escolas. No entanto, após a realização de uma análise do texto das referidas Leis, obtivemos o resultado de que, por hora, no estado de Mato Grosso do Sul, a maioria dos municípios do estado pesquisado ainda não possuem nenhum tipo de indicação clara da inserção da Libras como componente curricular de aprendizagem na educação básica e, constatamos ainda, nas Leis que indicam o ensino de Libras nos espaços educativos, o fazem de forma confusa ou imprecisa, apontando muitas lacunas de como este ensino deveria ser feito ou recomendam que isso deva acontecer de forma transversal. Tais resultados evidenciam o quanto ainda carecemos de orientações e direcionamentos legais que contemplem a inserção da disciplina de Libras como componente curricular de ensino na etapa da Educação Básica. Medidas que auxiliariam na acessibilidade linguística dos alunos surdos e poderiam contribuir para uma movimentação que instigue a população em geral a conhecer mais sobre a realidade surda e sua língua natural nos contextos educacionais e sociais, corroborando, assim, para o empoderamento da comunidade surda. Tal empoderamento permite uma maior visibilidade, abrindo espaço para novas discussões.


O (NÃO) RECONHECIMENTO DA LIBRAS COMO LÍNGUA OFICIAL DO BRASIL PELA LEI 10.436/2002: IMPLICAÇÕES SOBRE O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Larissa da Motta Xavier, Taciana Gacelin-Oliveira

A investigação sobre qual ou quais idiomas possuem o status de língua oficial demanda uma análise dos efeitos de sentido dessa expressão, tarefa que é fundamental para a compreensão das implicações sociopolíticas relacionadas ao tratamento jurídico direcionado às línguas no território brasileiro. O Brasil, país continental e heterogêneo em seu aspecto populacional e cultural, apresenta grupos sociais diversos, de modo que, na sociedade, coexistem falantes de línguas distintas. Entre esses sujeitos, situa-se a população usuária da Língua Brasileira de Sinais - Libras, que não vive isolada, convive em espaços sociais, comerciais, educacionais e políticos. Este artigo tem como objetivo geral observar as implicações do posicionamento jurídico da Libras sobre o currículo da educação básica brasileira. Para atingir esse propósito, a pesquisa busca avaliar o posicionamento desse idioma frente ao contexto social, político e jurídico atual, com vistas a averiguar sua relação com a Língua Portuguesa e analisar a propriedade da afirmação de que aquela, assim como esta, se classifica como língua oficial do Estado. Para atingir o escopo, utilizou-se a pesquisa qualitativa de natureza exploratória, documental e bibliográfica, a partir da coleta de dados em instrumentos normativos que tratam do caráter jurídico, político e social das línguas; bem como em produções acadêmicas e científicas fundamentadas na análise do discurso materialista. A concepção de pessoa surda adotada neste trabalho parte das contribuições de Skliar (1998) e Klein e Formozo (2009), alinhando-se à perspectiva sócio-antropológica da surdez, a qual compreende o sujeito surdo a partir do discurso da diferença cultural. Entende-se, consoante Pêcheux (1988), que a Libras configura-se como um elemento de constituição e estruturação do sujeito surdo. Um idioma oficial é aquele adotado por um Estado para utilização em seus atos legais e formais, ainda que existam outras línguas no país, de modo que a língua oficial é elevada, por uma decisão política, a uma posição de poder, impondo-se necessariamente sobre outras em contextos públicos institucionais (Guimarães, 2005). A Constituição Federal de 1988 reconhece a Língua Portuguesa como o idioma oficial do Estado brasileiro, tratamento jurídico que não foi o mesmo com relação à Libras. Nem a Constituição Federal nem a Lei 10.436/2002 elevam-na a esse patamar, estabelecendo-se uma situação de ausência de clareza normativa que ocasiona ruídos na comunicação do Estado para com a sociedade a respeito do lugar – e do (não) lugar, conforme Abreu (2018) – ocupado pela Libras no país. É possível identificar discursos divergentes proferidos por várias instituições públicas e privadas, inclusive, relacionadas à educação e à comunicação massiva, de modo que ora a Libras é enunciada como um idioma oficial, ora se lhe nega esse estatuto jurídico. Essa conjuntura produz efeitos de sentido e determinações políticas, históricas e culturais relacionadas a uma posição de desigualdade entre as línguas e no tratamento aos direitos de surdos e ouvintes, questão que pode ser percebida também quando da análise da estrutura da educação básica preconizada pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, que, a despeito de afirmar expressamente ser a Libras um idioma oficializado pela Lei 10.436/2002, não a inclui como um componente curricular da área de Linguagens – ou de qualquer outra –, nem determina a obrigatoriedade de seu ensino, como o faz com o Português e até mesmo com Inglês, um idioma estrangeiro. Na BNCC, em cinco ocasiões, em discursos bem semelhantes, o caráter de língua atinente à Libras chega a ser destituído, uma vez que o documento a insere no rol das linguagens, caracterizando-a como uma linguagem verbal visual-motora. Em relação à Língua Brasileira de Sinais, reconhece-se, pois, a partir das contribuições de Orlandi (2007), a presença de um silêncio significante e de uma incompletude no currículo da educação básica, cuja consequência consiste na produção de posições-sujeito que restringem a comunidade surda (sujeitos surdos e seus familiares, professores de Libras e tradutores e intérpretes de Libras e Português) a um patamar de invisibilidade e silenciamento. Desse modo, evidencia-se a importância de desmascarar a relação conflituosa de poder, a predominância e a valorização do Português em detrimento da Libras no ordenamento jurídico brasileiro, com vistas ao desenvolvimento e à aplicação de políticas linguísticas que atendam aos direitos linguísticos, políticos e educacionais da comunidade surda no país. Ressalta-se que este artigo não nega a possibilidade e a necessidade de que a Libras seja reconhecida, de fato e de direito, como outra língua oficial do Brasil. Contudo, para que esse patamar seja alcançado, é preciso que haja mudanças concretas e estruturais no funcionamento da política, educação e relações sociais no país.


UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O-QUE NA ESTRUTURA DA SENTENÇA EM LIBRAS

Pollyanna Lino de Araújo, Adeilson Pinheiro Sedrins

A posição de realização do elemento interrogativo WH nas sentenças em Libras é um processo complexo que envolve sua realização in situ, na periferia esquerda da sentença e até mesmo de forma duplicada, ocorrendo tanto na periferia esquerda quanto na posição in situ simultaneamente. A pesquisa realizada investigou a posição de ocorrência dos elementos WH em dados de produção e julgamentos de aceitabilidade, analisando testes aplicados a informantes surdos, falantes de Libras, e controlando as propriedades dos verbos nas sentenças apresentadas.Estudos convergem para a afirmação de que a ordem de palavras mais produtiva e natural em Libras é a ordem SVO, embora fenômenos como a topicalização possam alterar essa ordem, levando a ordens como OSV, especialmente nos casos de topicalização do objeto. Quadros (1999) observa que a ordem natural em Libras é SVO, podendo derivar para OSV e SOV, com motivações sintáticas e informacionais condicionando as ordens marcadas, especialmente em construções interrogativas, de tópico, foco e com 'verbos pesados'.A pesquisa direcionou-se para identificar as motivações gramaticais que influenciam as diferentes posições de realização dos elementos WH em Libras, investigando o tipo de verbo nas construções analisadas e controlando propriedades como verbos de concordância, verbos ancorados e verbos direcionais. Os testes de produção demonstraram que a presença de verbos com concordância favorece o movimento do elemento interrogativo para a periferia esquerda da sentença, enquanto os testes de aceitabilidade indicaram que esse movimento foi menos aceito em contextos com verbos sem concordância. A pesquisa está fundamentada na Teoria da Gramática Gerativa, em sua versão minimalista, permitindo a interpretação das diferentes ordens e propriedades verbais em termos dos princípios que regem as línguas naturais e os parâmetros específicos da Libras em relação à posição do elemento WH.


Mudança Linguística da Libras em Recife

Leane Pereira Cordeiro, Carolina Silva Resende da Nóbrega

O presente trabalho destaca a variação regional como uma de suas dimensões, que se caracteriza pela evidência de formação de palavras, pronúncias e estruturas sintáticas distintas entre as regiões, o que também ocorre em Língua de Sinais. Os autores Brito (1995), Felipe (2001), Quadros e Karnopp (2004), Diniz (2011), Castro Júnior (2014) entre outros, dialogam com a variação linguística nas Línguas de Sinais na comparação das formas: a) Configuração de Mão (CM); b) Locação (LOC); c) Movimento (M); d) Orientação de palma de mão (OP) e e) Expressão facial e não manual (EXNM). O objetivo do trabalho é analisar e descrever a história da mudança das Línguas de Sinais na cidade do Recife, esse fenômeno linguístico denominada de variação linguística, que pode gerar outras formas de sinais. Os sinais cuja forma pode ter mudado por motivos que podem ser definidos pela linguística. O levantamento do trabalho apresentou a variação linguística que ocorre espontaneamente nas línguas humanas naturais, que foi iniciada por William Labov, o percussor da teoria da sociolinguística variável, percebendo que os falantes não expressam de forma homogênea, mas sim de maneira heterogênea, considerando o objeto principal - fator social, para estudar o fenômeno. Realizando o objeto geral do trabalho foi possível apresentar a metodologia qualitativa a qual foi determinada para quantificar os dados da amostra, verificar e analisar a variação linguística apresentada com sinais gerados por falantes surdos em Recife sob o objetivo de encontrar sua variação diatópica (variação regional ou geográfica) e a variação diacrônica (variação história) nas Línguas de Sinais. No decorrer do levantamento teórico foi possível perceber que é necessário associar as releituras das teorias analisadas com as práticas do uso das línguas de sinais cujo seus itens foram modificados o que nos leva a compreender melhor que fora necessária realizar um levantamento de dados para identificar quais associações as teorias apresentam suas relações com os dados variáveis das línguas de sinais. A análise dos dados foi dividida em três partes, dos dicionários em comparação de variações de diferentes parâmetros em Libras, por exemplo, observar os exemplos de um sinal dos três dicionários para cada parâmetro em configuração de mão (CM), locação (LOC), movimento (MOV) e orientação de palma (OP). A conclusão foi apresentada em que as análises encontradas apresentaram suas variações com suas estruturas linguísticas afetadas sob mudança histórica no percorrer do uso da língua de sinais.

09h00 - Guilherme Lourenço de Souza M1: Fonética articulatória de língua de sinais Minicurso
Local: Sala 1 (Bloco Letras-Libras)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial: Libras

09h00 - Charley Pereira Soares M2: Descrição funcional de línguas sinalizadas Minicurso
Local: Sala de Reuniões (Bloco de Letras-Libras)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Libras

09h00 - Marianne Rossi Stumpf M3: Básico de escrita de sinais (signwriting) Minicurso
Local: Sala 2 (Bloco de Letras-Libras)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Libras

09h00 - Anderson Almeida da Silva, Carlo Geraci M4: Basic sign language syntax Minicurso
Local: Sala 3 (Bloco de Letras-Libras)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Inglês e Libras

09h00 - Ronice Muller de Quadros M5: Estudos gramaticais da Libras Minicurso
Local: Auditório da reitoria - UFAL

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Libras

09h00 - Isabel Sofia Calvário Correia M6: Estratégias para o ensino do português a alunos Surdos: multiculturalidade e pedagogia visual Minicurso
Local: Auditório do LCCV

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Português e Libras

09h00 - Miriam Royer M7: A transcrição de línguas de sinais por meio do software ELAN Minicurso
Local: Lab de informática do CIC (por trás dos bancos)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Libras

09h00 - Flávia Medeiros Álvaro-Machado, Lucas Gonçalves Dias M8: Interpretação no Contexto Jurídico e Forense:(im)possibilidades no par Libras-Português Minicurso
Local: Sala 4 (Bloco de Letras-Libras)

Os minicursos ocorrerão no dia 24/09/24 e terão duração de 6h, com certificação.

Língua oficial do minicurso: Português

16h30 Pôsteres Apresentação Pôster
Local: Hall do auditório da reitoria - UFAL
  • (Auto)etnografia da aprendizagem da Libras: metodologia de pesquisa para registros linguísticos.
    Ademar Miller Junior, Igor Antônio Lourenço da Silva, Flavia Medeiros Álvaro Machado.

  • Ensino-aprendizagem de Libras no formato remoto: Um estudo de caso.
    Fernando Alves Barboza, Janiete Pilar dos Santos, Michelle dos Santos Silva.

  • A Estrutura Gramatical da Negação em Libras: análise e novas descrições.
    Williane Virginia Holanda de Souza, Thiago Ramos de Albuquerque, Betiza Pinto Botelho.

  • Composição de Elementos Linguísticos e Gestuais na Libras: Conceituação teórica e reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem.
    Marcelo Porto, Lídia da Silva.

  • Estratégias Metodológicas a partir da Organização de Materiais Didáticos no Ensino de Libras para Ouvintes em Curso Intermediário.
    Evely de Souza Mendonça Silva.

  • Pessoas Surdas Sinalizantes Adquirentes da Surdocegueira: Reelaborações linguageiras.
    Lucília Santos da França Lopes, Wolney Gomes Almeida, Rodrigo Camargo Aragão.

  • Teoria de Movimento por Cópia na Sintaxe Gerativa: Uma discussão teórica na Língua Brasileira de Sinais.
    Layse da Costa Santos, Júlia Dias da Silva, Lindilene Maria de Oliveira, Tammyres Cássia Silva Ferreira.

  • Estudo Diacrônico da Iconicidade dos Sinais na Libras.
    Philipe Aguiar Pacheco dos Santos, Lindilene Maria de Oliveira.

  • Interferências Comunicativas: Parâmetros linguísticos dos aspectos fonomorfológicos da gramática de língua de sinais.
    Priscila Delfina de Souza Ribeiro, Flávia Medeiros Álvaro Machado.

  • Expressão-Sinal (ES): Proposta terminológica para análise de sinais lexicais não-manuais.
    Allisson Felipe de Santana Silva, Chandra Guerra Vilela, Anderson Almeida Silva.

  • O Uso de Classificador de Movimento Diferentes para Mesmos Referentes na Libras.
    Anderson Almeida Silva (UFPE), Samuel Feijó de Melo (UFPE), Maria Cecília Ferreira (UFPE).

  • Considerações sobre a Sintaxe para o Verbo Copular na Libras.
    Lindilene Maria de Oliveira, Roberto Carlos Silva dos Santos, Layse da Costa Santos.

  • Transtorno do Espectro Autista, Libras, Linguagem e Comunicação Alternativa: Uma pesquisa bibliográfica.
    Flávia Araújo dos Santos, Cláudia Virgínia de Carvalho Cerqueira, André Vinícius Cerqueira de Melo, Maria Victória da Silva Costa.

  • O Uso de Eventos de Letramento como Suporte para o Ensino nas Aulas de Libras.
    Moisés Lima da Paz.

  • A Incorporação da "Negativa” do Verbo em Língua de Sinais Brasileira (Libras): Uma análise a partir da frequência de ocorrência.
    Keli Maria de Souza Costa.

  • Diagnóstico Linguístico e Contrastivo de Elementos Paramentais de Leitura e Escrita da Libras por meio do Sistema SignWriting, por Discentes do Curso de Letras-Libras: Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas.
    Radjalma da Silva Teixeira, Alice Noia da Silva, Letícia Alanna da Silva Santos.

  • (Re)Construir Sentido(s) de Ensinar-Aprender Libras: Diálogos com professores em formação inicial.
    Fábio Rodrigues dos Santos.

  • Régua em SignWriting: Uma proposta para o ensino simultâneo da Libras e sua escrita.
    Amélia Rodrigues Amorim Araujo, Janaina Oliveira Bezerra, Erika Teodósio.

  • Representação Surda em Histórias em Quadrinhos: Uma análise visual de "A Surda Absurda".
    Ermans Quintela Carvalho, Jaqueline Vitória da Silva.

  • Estado da Arte sobre Avaliação de Desempenho Educacional de Pessoas Surdas Falantes da Libras.
    Humberto Meira de Araujo Neto, Yasmin Costa Feitosa, Leilane Ramos Sena, Heloyse Sarah Melo de Lira.

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Local

Auditório da Reitoria - UFAL, 57051-565, Av. Lourival Melo Mota, S/n, Tabuleiro do Martins, Maceió, Alagoas
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