VARIAÇÃO FONOLÓGICA NA LIBRAS: UMA ANÁLISE DOS SINAIS EM SIGNWRITING

  • Autor
  • Raquel Flavia Victor Cabral
  • Co-autores
  • Helmiton Thiago de Araújo , Anderson Almeida Silva
  • Resumo
  • A variação fonológica é um fenômeno presente tanto nas línguas orais quanto nas línguas de sinais (LS). Esse fenômeno é perceptível na comunicação quando indivíduos de diferentes regiões se encontram, compreendendo que Labov (2008) define o foco da Sociolinguística como a análise da linguagem oral em seu contexto social. O ponto de partida é a comunidade linguística, que é vista como um grupo de pessoas que não apenas interagem por meio da linguagem, mas também seguem um conjunto de regras comuns relacionadas ao uso da mesma. Logo, podemos exemplificar, o que ocorre na língua portuguesa com a palavra PORTA, uma variação fonológica na pronúncia: /poRta/ e /porta/ que tem a pronúncia realizada de forma diferente, dependendo do indivíduo ou região, enquanto o /R/ retroflexo, é semelhante ao “r” em inglês, característico do falar “caipira”, o /r/ vibrante pode ter duas variantes, a vibrante alveolar, que é o som mais suave, como em “caro” e “faro” e o vibrante velar, que é o som mais carregado, grafando-se com “r” no início e “rr” no meio, como em “carro” e “torre”. Entretanto, na modalidade escrita permanece sem alterações. Na LS não é diferente, logo, a pergunta da nossa pesquisa é: como variações na produção da configuração de mão de sinais em Libras são representadas na escrita?  Nesta pesquisa, analisaremos as variações fonológicas das configurações de mão “S” e “O” na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Utilizaremos o sistema de escrita de sinais: SignWriting

    O objetivo geral é analisar as variações fonológicas das CM, S e O na Libras, utilizando o SignWriting. Com o propósito de compreender como essas variações afetam a compreensão dos sinais. Os objetivos específicos: i. investigar se ambas CM pertencem à mesma classe fonêmica, isso auxiliará no entendimento da relevância dessas variações em termos de significado e por fim ii. analisar se a modificação na CM altera o significado do sinal, nos permitindo compreender melhor a relação entre a forma da mão e o conteúdo semântico dos sinais. Battison (1978 apud Alecrim 2022, p. 27) explica que as CM podem ser de dois tipos: marcadas e não-marcadas, portanto, selecionamos do grupo das não-marcadas as configurações de mão S e O, por observarmos uma variação na pronúncia do sinal CRIAR. Identificamos que em algumas escritas, surdos e ouvintes tendem a usar variantes entre-sujeitos. 

    A metodologia de pesquisa é de caráter quantitativo, onde um corpus de sinais escritos, registrados no site Signbank, serão coletados, buscando pelas CM em S e O, com o intuito de investigar a variação fonológica presente nos sinais que possuem ambas as CM supracitadas. A partir da coleta e análise do corpus e levando em consideração que os registros são realizados por sujeitos sinalizantes e as possíveis variações de escrita dos sinais, será possível investigar a variação que ocorre em ambas as CM e se pertencem à mesma classe fonêmica, visto que em algumas situações, ambas são utilizadas para execução do mesmo sinal. Em seguida, para quantificar e refinar os sinais que correspondem às características da análise da pesquisa, utilizaremos uma tabela onde os registros serão armazenados. Serão usados como critério de categorização as seguintes características: bimanualidade, monomanualidade, dinamicidade, estabilidade e se há influência da letra inicial.

    Resultados parciais: Identificamos variantes no Signbank. Categorizamos alguns sinais como: ENSINAR, CRIAR, CIDADE e outros 17 que apresentaram variação em suas CM: S e O. Logo, essa pesquisa se baseia em uma análise a partir de registros de usuários do Signbank. Estes registros podem ser válidos para análises e pesquisas futuras acerca da escrita da língua de sinais. Posto isso, através do refinamento dos registros e a análise dos mesmos, será possível constatar se ambas as CM pertencem à mesma classe fonêmica e quais particularidades e similitudes elas possuem para estar na mesma classe. Além disso, identificamos que as configurações mencionadas são mais recorrentes em sinais dinâmicos, ou seja, com mudança na CM durante a sinalização. Esta pesquisa lança luz sobre como os sinalizadores a partir de sua produção linguística efetuam suas escolhas ortográficas em SW. 

    REFERÊNCIAS

    ALECRIM, Elisane Conceição. A variação fonético-fonológica da configuração de mão na Libras. Curitiba, 2022.

    BARRETO, Madson e BARRETTO, Raquel. Escrita de sinais sem mistérios. Belo Horizonte: Ed. do autor, 2012.

    LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

    LABOV, William et al. Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

    SILVA JÚNIOR, Daltro Roque Carvalho da. A configuração de mão como unidade significativa na formação de sinais da Libras. Florianópolis, 2023.

  • Palavras-chave
  • Variação fonológica. SignWriting. Fonologia.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Descrição e análise linguística de Línguas de Sinais
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ISBN: 978-65-01-25702-0