Com a promulgação do Decreto nº 5.626/2005, o ensino de Libras passou a ser obrigatório no ensino superior para os cursos de licenciatura e Fonoaudiologia. Pode-se considerar que essa decisão foi um passo muito importante para a inclusão de pessoas surdas, pois, dessa forma, os novos profissionais formados poderiam romper com as barreiras de aprendizagem e assim incluírem alunos e pacientes surdos em suas vivências. Contudo, a realidade está aquém do que é estabelecido na legislação. Embora não se possa negar o fato de que a existência desse decreto e de outras leis foram fundamentais para que fosse possível se avançar em quesitos de inclusão e melhorias no cenário educacional brasileiro, ainda existe um déficit muito grande quando se trata do ensino da Libras no Ensino Superior. Diante essa problemática, este trabalho tem como objetivo geral analisar a prática docente dos professores de Libras e a teoria que lhes fundamentam. Os objetivos específicos são: investigar as metodologias utilizadas pelos professores de Libras no Ensino Superior e sua eficácia na formação de novos professores; examinar a percepção dos alunos dos cursos de licenciatura sobre o ensino de Libras e sua aplicação prática em contextos profissionais; analisar a infraestrutura e recursos disponíveis nas instituições de Ensino Superior para o ensino de Libras; e explorar as barreiras e desafios enfrentados pelos professores de Libras no Ensino Superior e propor estratégias para superá-los. Os textos de Rossi (2011) e de Sousa, Ferreira e Neto (2017) fundamentaram as análises desta pesquisa. Esta é uma pesquisa qualitativa de análise bibliográfica e pesquisa etnográfica. Até o presente momento, apenas as análises bibliográficas foram realizadas, mediante leitura e interpretação dos textos. A próxima etapa será uma pesquisa etnográfica com professores de Libras do Ensino Superior e com estudantes de cursos de licenciatura que já tenham cursado a disciplina em período anterior a esta pesquisa. A pesquisa procurou discutir como as ementas das disciplinas de Libras e como a prática dos professores têm se efetivado. Aqui se destaca a ausência de debate e aporte teórico em muitas aulas. Após analisar algumas ementas, foi possível perceber que existe uma prática docente centrada no ensino de sinais fora de contexto e na ausência de discussões socioeducacionais sobre o tema, sobretudo para explicar o que é surdez, quais as terminologias corretas, o que é a Libras e quais as diferenças para a Língua Portuguesa, dentre outros temas importantes para que os egressos dessas licenciaturas consigam atuar de forma eficiente para com os seus possíveis alunos surdos. Com isso, concorda-se com Rossi (2011) quando a autora afirma que é necessário que os profissionais sejam devidamente preparados durante a sua formação para que a inclusão de pessoas surdas no sistema de ensino brasileiro aconteça de forma efetiva. Para isso que seja possível, é preciso que os futuros professores estejam aptos para dominar a Libras, entender conceitos culturais que permeiam a comunidade surda e saber respeitar o processo comunicativo dos seus estudantes surdos. Sousa, Ferreira e Neto (2017) exemplificam como isso pode ser feito. Ao analisarem a ementa de uma disciplina de introdução à Libras, mostraram uma organização curricular que consegue suprir o teórico e o prático da Libras de acordo com o nível de formação proposto. Segundo o relato dos autores, a sinalização na prática em sala de aula com os estudantes de graduação se desenvolveu de forma a integrá-los com contextos de sala de aula, que envolvem a sua formação, possibilitando que os alunos experimentassem o processo comunicativo de forma lúdica e consciente. Entretanto, uma única disciplina não é suficiente para explicar todos os contextos sociopolíticos que envolvem a comunidade surda, bem como não é possível ensinar toda uma língua. Embora esse breve contato seja crucial para a formação dos futuros docentes, a formação dos professores para a Libras e para a comunidade surda não pode se resumir a esse contato. Portanto, mesmo que a pesquisa ainda não esteja concluída, pode-se afirmar que a formação em Libras precisa ser constante para que se possa melhorar. A proposta analisada por Sousa, Ferreira e Neto (2017) concebe uma perspectiva de ensino que chama atenção para o fato que essa formação deveria ser concebida desde a Educação Infantil. Outrossim, a Libras enquanto disciplina no Ensino Superior precisa perpassar pelos campos teóricos e práticos de forma integrada, contextualizada e com contato com a comunidade surda, para que haja a devida valorização dos professores surdos e o aprendizado efetivo para a sua futura prática docente.
Comissão Organizadora
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)
Comissão Científica
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)
congressointernellis@gmail.com
Publicação dos anais do II Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais | Internellis - celebrando os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL.
ISBN: 978-65-01-25702-0