Com o objetivo de contribuir para o registro de sinais-termo na área de automação industrial, apresentamos uma proposta de Léxico Alfabético Bilíngue – Libras/Português da área de Automação Industrial do Instituto Federal da Bahia – IFBA. Essa pesquisa visa divulgar, discutir e destacar a importância dos sinais-termo no âmbito de atuação dos surdos e dos profissionais TILS (tradutores intérpretes de Libras).Enfatizamos, de uma perspectiva interdisciplinar, que, por meio de técnicas relacionadas aos processos de observação, mapeamento, análise e uso da língua, bem como de uma abordagem didática para a organização dos processos interpretativos, é possível suprir possíveis limitações, dificuldades, imposições e outros aspectos decorrentes do extenso processo que envolve o ato de registrar, traduzir e interpretar na língua de sinais. Essa contribuição pode impactar positivamente a formação e a pesquisa linguística no Brasil e no mundo.Pretendemos suscitar reflexões acerca dos fundamentos linguísticos para o léxico e a terminologia, considerando o processo de aprendizado, o contexto cultural e histórico de atuação dos sujeitos surdos e dos profissionais TILS. Além disso, focamos nos sinais-termo específicos da área técnica de automação industrial em Libras, explorando metodologias e uma abordagem lexicográfica que envolve técnicas tradutórias e interpretativas da língua de sinais.Nesse sentido, o presente estudo se insere no desafio de analisar a Libras na Lexicologia e Terminologia com um viés científico da Linguística da Língua de Sinais, buscando contribuir para diversos campos, incluindo tecnologia e inovação.Os procedimentos metodológicos adotados para a coleta de dados basearam-se nos pressupostos teóricos propostos por Castro Jr (2014), Faulstich (2014) e Prometi (2020). Os procedimentos consistiram no registro dos sinais-termo utilizados pelos intérpretes durante as aulas do curso de Automação Industrial de uma turma do curso técnico de Automação e Controle Industrial do IFBA. Na Terminologia, a língua é percebida como um ramo da Linguística responsável pela ampliação do léxico. Vale ressaltar que o processo de criação do sinal-termo tem grande significância para os sinalizantes da Língua de Sinais, pois também são processos naturais das línguas visual-espaciais quando o foco da comunicação permeia o âmbito da área do conhecimento.Posteriormente, verificamos se os sinais-termo propostos correspondiam efetivamente aos conceitos transmitidos pelos professores das disciplinas. Esse processo visou identificar sinais-termo eficazes que possibilitassem uma comunicação mais técnica. A turma em questão contava com a presença de um aluno surdo, além de aproximadamente 30 não-surdos. Durante as aulas, diversos temas relacionados à Automação Industrial foram discutidos, e catalogamos cerca de 15 sinais-termo. No entanto, selecionamos apenas 10 sinais-termo comuns na área de Automação Industrial para nossa discussão neste trabalho.Os principais resultados de nossa investigação apontam para algumas observações importantes: a maioria dos termos “criados” provisoriamente pelos TILS é predominantemente icônica e não abrange as especificidades dos alunos surdos, pois não passam por processos linguísticos. Além disso, há um descompasso entre os sinais utilizados pela intérprete e a fala dos professores, ocorre o uso de termos inadequados no ensino do curso de Automação Industrial, falta de interações entre alunos surdos e alunos/professores não-surdos, e incoerências na interpretação de termos técnicos no início do curso. Ao final, sugerimos uma maior interação entre intérpretes de Libras e demais profissionais envolvidos na educação dos alunos Surdos do IFBA. Destacamos a importância da colaboração dos professores que trabalham diretamente com esses estudantes, bem como o uso dos sinais-termos propostos e pré-validados pelos alunos Surdos do Instituto Federal da Bahia e apresentados neste trabalho através de um glossário alfabético bilingue (Libras – Português). Concluímos que a falta de vocabulário em Libras dificulta a aquisição de conceitos científicos e técnicos por parte dos Surdos, assim como a compreensão de conteúdos abordados em sala de aula. A fim de superar as adversidades, grande parte desses surdos cria sinais-termo dentro da própria sala de aula, juntamente com os intérpretes que ali trabalham. No entanto, esses sinais-termo não são validados tampouco disseminados, o que causa um grande problema no contato linguístico entre pessoas que se comunicam em Libras e atuam na área da educação tecnológica.
Comissão Organizadora
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)
Comissão Científica
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)
congressointernellis@gmail.com
Publicação dos anais do II Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais | Internellis - celebrando os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL.
ISBN: 978-65-01-25702-0