O USO DE EVENTOS DE LETRAMENTO COMO SUPORTE PARA O ENSINO NAS AULAS DE LIBRAS
Moisés Lima da Paz (Letras-Libras/Fale/Ufal)
O referido trabalho apresenta um Estudo de Caso que aconteceu durante um estágio supervisionado do Curso de Formação de Tradutores e Intérpretes de Libras e Língua Portuguesa em uma escola pública Estadual no município de Anadia/Alagoas. As discussões de um estudo aprofundado foram permeadas a partir dos momentos de interpretação do português para a libras durante as aulas dos componentes curriculares, o educando surdo não esboçava reação de compreensão e ou entendimento dos assuntos abordados, o que para Robson (2002) o “caso” pode ser: situação, indivíduo, grupo, organização ou qualquer coisa que nos interessemos em pesquisar. Após algumas interferências pelos professores ficou claro que o aluno não estava entendendo a interpretação em libras, motivo pelo qual o aluno não dispunha de aquisição de libras o suficiente para entender os conteúdos abordados. Muitos questionamentos vieram a favorecer indicando o caminho para a pesquisa: não havia professores na sala de aula que dispunha com conhecimento de libras; não havia comunicação e ou interação de outros alunos (ouvintes) com o educando surdo, pois, para Marcuschi (2001) as línguas se aproximam em usos. Sendo assim, não se priorizam as regras gramaticais nem o uso da morfologia, tão pouco o ensino descontextualizado, o que merece atenção é o uso da língua. A interação com a criança surda se dará através de libras, portanto, a linguagem deve ser vista como resultado da interação entre sujeitos. Em uma decisão conjunta e coletiva com coordenadores e diretores da referida escola e na tentativa de diminuir o problema (a falta de aquisição de libras do aluno surdo), organizamos um Atendimento Educacional Especializado (AEE): primeiro suporte de ajuda foi a família (pai, mãe e irmão) onde puderam participar de uma breve entrevista, relatando como foi a trajetória de vida e educacional do aluno surdo. Durante a entrevista encontramos outra ajuda, essa maior, uma amiga surda e vizinha que participou de uma breve bate papo e relatou as dificuldades de aquisição de libras do aluno, o que reforçou ainda mais nosso ensino. Dessa forma, esclareceu ainda mais o contexto social do aluno, contextualizando seus costumes e cultura com o ensino de libras. Na sequência com aulas extras e no contraturno reforçando o ensino de libras com apoio de apostilas especializadas (Básico I e Básico II) em ensino de libras do Curso Básico de Libras elaboradas pelo Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) Maceió/Alagoas. A proposta é salientar que a libras é uma língua e como toda língua ela deve ser entendida com sentido. Para Bakthin; Volochinov (1929) a prática escolar que aqui criticamos quando discutimos o ensino de língua, pontua que, se a língua for tratada fora dos contextos sociais que a tornam viva, ela perde sua mobilidade e potencialidade de sentidos. O objetivo das aulas de reforço foi levar para o aluno surdo a aquisição de libras formal, ampliar seu vocabulário de sinais de libras através dos métodos acima aplicados, se distanciando dos sinais caseiros usados – o que foi desenvolvido para manter uma comunicação, Lodi (2013), nos adverte que as práticas de letramento são plurais. Para satisfação de um trabalho realizado de forma complementar, percebe-se que o aluno apresenta um resultado positivo com o aprendizado de sinais em libras relacionados ao seu contexto de vida fora do espaço escolar, quando passa a utilizar sinais em libras a partir do que aprendeu nas aulas de reforço fazendo referência a sua família, a sua casa, aos seus animais. Interessante foi perceber a participação do aluno contextualizando e discutindo dentro do espaço escolar a partir dessas aulas de reforço; quando o aluno passa a apresentar sua opinião sobre o assunto abordado em sala de aula nos diferentes componentes curriculares. Portanto, oportunizar novos métodos de ensino-aprendizagem para o aluno é ressignificar outras situações de conhecer o processo de aprender a aprender. Acreditamos, através do trabalho realizado que a concepção do ensino de libras se torna ainda mais necessário para os educandos que a tem como L1 e que os professores participam de forma colaborativa e cooperativa a partir do momento que oportuniza o ensino e a aprendizagem.
Palavras-chave: Evento. Letramento. Libras.
Comissão Organizadora
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)
Comissão Científica
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)
congressointernellis@gmail.com
Publicação dos anais do II Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais | Internellis - celebrando os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL.
ISBN: 978-65-01-25702-0