Este estudo tem como objetivo discutir, à luz da Teoria dos Exemplares e da Fonologia de Uso, aspectos morfofonológicos da Língua de Sinais Brasileira (Libras) na produção de sinais verbais e suas respectivas negativas. Pretendemos identificar se verbos que apresentam maior frequência de ocorrência sofrem alguma alteração paramétrica quando usados em sua forma negativa. Segundo Bybee (2001), a frequência de uso determina a produtividade de determinados padrões. Esta produtividade pode ter relação com a forma como um determinado padrão estrutural é cotado para ser aplicado a novas formas, ou seja, quanto mais frequente for um padrão mais chances ele tem de ser combinado a novos itens do léxico. Pierrehumbert (2001) explica que, no modelo de exemplar, cada categoria é representada na memória por uma nuvem de ocorrências. Essas memórias são organizadas num mapa cognitivo: aquelas memórias altamente similares estão mais próximas uma da outra e memórias diferentes estão distantes. Além disso, a probabilidade de distribuição de qualquer unidade estrutural é atualizada através da experiência do falante, ou seja, as representações linguísticas emergem a partir da categorização das ocorrências de uso. Por conseguinte, se as ocorrências de uso mudam, o centro da categoria também mudará gradativamente. Assim, ao longo da vida, os exemplares são acumulados e alterados e é a frequência de uso que determina qual exemplar ocupa o centro da categoria, isto é, quanto mais um exemplar ocorre, mais forte ele fica na memória do falante. A Fonologia de Uso e a Teoria dos Exemplares podem ajudar a esclarecer a nossa hipótese: baseados no uso, os verbos com maior frequência de ocorrência apresentam um novo sinal para sua realização negativa e os verbos com menor frequência são realizados apenas com o acréscimo do movimento de cabeça e/ou o movimento da mão em G1, indicando “não”. Objetivos: Discutir, à luz da Teoria dos Exemplares e da Fonologia de Uso, aspectos morfofonológicos da Libras na produção de sinais de verbos simples e suas respectivas negativas. Para tanto, pretende-se estabelecer a frequência de ocorrência de verbos simples em Libras e suas respectivas negativas e analisar os itens de maior frequência e os de menor frequência para verificar se há influência da frequência de ocorrência na realização fonética desses sinais. Metodologia: Pretende-se analisar a frequência de uso de verbos simples em Libras e suas respectivas negativas, em um contexto de conversação espontânea. Os dados serão coletados a partir do Corpus Libras, organizado a partir do mapeamento da Libras, realizado de 2014 a 2018 e executado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Instituto de Políticas Linguísticas (IPOL), como resultado de um projeto financiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Imaterial (IPHAN - Ministério da Cultura). No modelo baseado no uso, a representação cognitiva de uma palavra/sinal é constituída por um conjunto de exemplares de palavras/sinais experenciadas pelos falantes. Quanto à análise dos dados, utilizaremos recursos tecnológicos disponíveis atualmente. O desenvolvimento de ferramentas que permitem a visualização e anotação simultânea de gravações em vídeo tem beneficiado nos últimos anos os estudos linguísticos das línguas de sinais. Neste trabalho optamos por utilizar o ELAN. Os sinais constantes do Inventário Nacional da Libras estão sendo catalogados e inseridos na plataforma SignBank - https://signbank.libras.ufsc.br/#/ - e as glosas para os sinais em Libras também tem sido convencionadas e concentradas no site referido acima. Nesta pesquisa, selecionaremos as glosas dos sinais para verbos que pretendemos investigar e faremos uma busca, através da ferramenta específica para isso no ELAN, afim de saber qual a frequência de uso desses sinais durante cada entrevista previamente selecionada. Assim, faremos uma contabilização do número total de sinais executado na entrevista completa e compararemos com a frequência de ocorrência de cada um dos sinais/glosas selecionados para nossa investigação. Resultados: Esta pesquisa ainda não apresenta resultados pois está em sua fase inicial. Conclusões: Esta pesquisa se insere no ramo das pesquisas em linguística das línguas de sinais e pretende contribuir com os estudos linguísticos desta língua trazendo uma nova perspectiva, que é a análise a partir da frequência. Para tanto, conforme mencionado anteriormente procuramos discutir conceitos das teorias chamadas multirrepresentacionais, como a Fonologia de Uso e o Modelo dos Exemplares.
Comissão Organizadora
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Me. Thiago Bruno de Souza Santos (UFAL)
Comissão Científica
Dr. Alexandre Melo de Souza (UFAL)
Dr. Anderson Almeida da Silva (UFPE)
Dr. Bruno Gonçalves Carneiro (UFT)
Dra. Camila Tavares Leite (UFU)
Dr. Charley Pereira Soares (UFMG)
Dra. Dayane Celestino de Almeida (Unicamp)
Dr. Guilherme Lourenço de Souza (UFMG)
Dr. Humberto Meira de Araujo Neto (UFAL)
Dr. Jair Barbosa da Silva (UFAL)
Dra. Lígia dos Santos Ferreira (UFAL)
Dra. Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Dra. Miriam Royer (UFCA)
Dr. Nágib José Mendes dos Santos (UFAL)
Dr. Paulo Rogério Stella (UFAL)
Dra. Rita de Cássia Souto Maior Siqueira Lima (UFAL)
congressointernellis@gmail.com
Publicação dos anais do II Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais | Internellis - celebrando os 10 anos do curso de Letras-Libras da UFAL.
ISBN: 978-65-01-25702-0