Nos últimos anos, no Brasil, o avanço de grupos neoconservadores e a ascensão de uma agenda antigênero, especialmente com foco em políticas antiaborto, têm se destacado como pautas centrais na política nacional. Esse projeto neoconservador antigênero se manifesta tanto nas esferas públicas quanto privadas, acarretando uma série de prejuízos, especialmente às mulheres, particularmente no que tange ao controle sobre seus corpos. A criminalização do aborto, alicerçada nos paradigmas da ideologia patriarcal, constitui um instrumento ideológico de controle dos corpos. Ao negar às mulheres o controle sobre seus corpos, o Estado priva-as de uma condição essencial para o exercício de sua autonomia e liberdade, degradando a maternidade à condição de trabalho forçado e confinando as mulheres à função reprodutiva. Tanto o Estado quanto o Capital buscam exercer o controle não apenas sobre a produção econômica, mas também sobre a reprodução social, transformando os corpos em máquinas de trabalho e, no caso das mulheres, em máquinas de reprodução, impondo a maternidade como um projeto político de controle. A partir desta exposição, o presente trabalho tem como objetivo analisar criticamente as condições ético-políticas que favorecem o fortalecimento da agenda antigênero e do neoconservadorismo no Brasil. Para tanto, será conduzida uma investigação minuciosa das políticas antiaborto no país, buscando compreender suas dimensões ético-políticas em tempos de crise do capitalismo. Para desenvolver uma análise crítica deste cenário, serão utilizadas como base teórica neste trabalho as referências do Feminismo Marxista, especialmente as teses de Silvia Federici.
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