Nascido em 16 de julho de 1943, o escritor cubano Reinaldo Arenas fez parte de uma geração que viu a ilha caribenha sofrer profundas transformações. Presenciou não só o golpe militar empreendido por Fulgêncio Batista Zaldivar em 10 março de 1952, como também o surgimento da Luta Insurrecional em 26 de julho de 1953. Em meio às forças em curso, ainda na adolescência, afeiçoa-se aos insurgentes, passando a compor no ano de 1958 o grupo que lutava contra a ditadura. Com o triunfo revolucionário, usufrui das políticas emergentes, formando-se e construindo carreira em instituições incentivadas financeiramente pelo governo castrista. No entanto, uma série de fatores, como o cerceamento às atividades culturais após o Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura e o endurecimento das políticas sexuais, posicionaram sua atividade literária e sua identidade homossexual como vícios de um sistema burguês decadente. Exilado nos Estados Unidos, o intelectual ficou conhecido por sua escrita dissidente, omitindo postulados fundamentais de sua literatura que, ao abordar o moderno sob signo do desabrigo, explora narrativamente a libertação do Novo Mundo dos domínios do Velho Mundo, ou ainda, a sublevação do terceiro mundo contra a autoridade do primeiro. Nesse sentido, esse trabalho, que se vale dos conceitos de memória e ficção, apresenta a vida e obra de Arenas como expressões de uma identidade cindida. Seus escritos ficcionais na obra El portero – recorrentes às imagens do exílio cubano de 1980 –, são o ponto de partida para explorar uma experiência de desabrigo estatal na modernidade.
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