Entre 1978 e 1985, os jornais Lampião da Esquina, ChanaComChana, Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo propagaram, em seus projetos políticos e gráficos, um conjunto de representações textuais e imagéticas acerca das identidades travestis. O cenário torna-se mais complexo, quando tensionamos as narrativas desses impressos com os depoimentos orais das travestis Gretta Silveira, Thais de Azevedo, Marcinha do Corintho e Neon Cunha. Nesse sentido, a fim de compreender os matizes que caracterizaram o processo de redemocratização brasileira o presente trabalho tem como objetivo investigar as construções textuais e imagéticas acerca das identidades travestis, identificando assim as lutas representacionais e as trajetórias visuais pela composição da identidade travestis. Para alcançar o objetivo proposto, será analisado a disseminação, as disputas e os tensionamentos acerca das composições travestis, buscando evidenciar as nuances de uma sociedade que aspirava à abertura democrática, mas que, concomitantemente, perseguiu e estigmatizou essas identidades. Serão utilizados, principalmente, o conceito de representações de Roger Chartier, as teorizações do campo da cultura visual, sobretudo as concepções de visualidades formuladas por Nicholas Mirzoeff, o conceito de identidade de Joel Candau, bem como as perspectivas de gênero de Dona Haraway. O procedimento metodológico da pesquisa conta com a análise do conteúdo dos jornais, em uma abordagem temática e qualitativa das publicações, na observação dos posicionamentos político-ideológicos e do projeto gráfico, bem como de um trabalho analítico de problematizações que busca relacionar os depoimentos orais de travestis com o contexto do Regime Militar e com as trajetórias representacionais produzidas pela imprensa.
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