A teologia da cristandade ocidental reforçou historicamente a colonização e a subalternização dos povos latino-americanos. Das caravelas, desembarcaram os colonizadores, entre estes os religiosos. Por seu turno, a Teologia da Libertação (TdL) promove a decolonialidade, acentuada em seu discurso e reforçada na práxis libertadora. Trata-se da principal vertente teológica que nasce fora da Europa, incidindo na realidade para transformá-la. Traduz-se na concretude do agir de um povo que necessita afirmar a sua dignidade, enfrentando os conflitos instaurados sob o signo das dominações históricas. No discurso da TdL estão os subalternizados, porém, não como objetos da colonização política e religiosa, mas como sujeitos históricos. Na práxis, a emancipação humana é apresentada como forma de superação das estruturas de dominação. Ao assumir a condição humana numa dada realidade, o discurso incorpora questão social, étnica, de gênero e cultural, o que exige um modo de pensamento que alcance as dimensões do humano. A TdL é interpelada pela ideologia decolonial a fim de contribuir com uma perspectiva que valorize a alteridade cultural dos povos e a espiritualidade que tem a fé como recurso aberto aos horizontes da existência e não como categoria de um sistema fechado e metafísico. O presente estudo propõe identificar os elementos discursivos decoloniais em obras da TdL e os efeitos de sentido para a ruptura com a colonialidade. Para tanto, recorre aos pressupostos da Análise do Discurso materialista, ao tempo em que soma suas contribuições às que pretendem instaurar um processo de análise discursiva decolonial a partir da América Latina.
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