Imaginários sobre colonização no discurso político é o tema deste trabalho e sua base teórica é a análise de discurso francesa, fundada por Pêcheux (1975), que propõe um olhar para a materialidade do discurso do sujeito, a partir da língua, da ideologia e da história, para, assim, apontar possíveis sentidos e significações. Nosso corpus são seis discursos de Luiz Inácio Lula da Silva, dois de cada um dos seus três mandatos presidenciais, proferidos em eventos internacionais. O objetivo é verificar como os imaginários sobre colonização perpassam o discurso de Lula e são direcionados aos líderes de outros países, ou seja, como o presidente constrói seus argumentos para confrontar e deslocar os efeitos de sentido dominantes provocados pela colonização; e como ao longo dos mandatos esses argumentos foram modificados, visando a união dos países da América Latina na luta pela decolonialidade política e econômica. Para isso, a teoria discursiva da argumentação, proposta por Orlandi (2023), também será utilizada, na medida em que pensa a “argumentação como sustentação de sentidos, confronto e deslocamento na articulação entre formações discursivas distintas”. Além disso, os efeitos de sentidos provocados pela colonização serão colocados à luz do conceito de Quijano (2005) sobre a colonização do poder. Para ele, a globalização em curso é fruto de um capitalismo colonial, que criou uma versão eurocêntrica da modernidade e uma separação de raças que perdura no espaço/tempo desde o século XV. Essa colonização do poder, que sobreviveu às proclamações de independência, continua moldando as relações sociais, políticas e econômicas.
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