Tenho pensando os processos de identificação em sua relação incontornável com as condições que produzem a formação social de nossas brasilidades (Franca, 2024), em suas contradições e pluralidades. A Améfrica Ladina, noção cunhada por Lélia Gonzalez (2020) nos ajuda a formular a tripla dimensão (de gênero, raça e classe) que estruturam os imaginários e os discursos que projetam os sentidos de Brasil, dando um especial enfoque ao mito da democracia racial, cujos efeitos (re)produzem-se nos discursos hegemônicos. Inspirada em Lélia Gonzalez, tenho trabalhado na hipótese de que há uma presença imbricada das dimensões da fala e do silêncio nos discursos de/sobre raça, dos discursos racializantes e racializados (Modesto, 2021). Esse funcionamento fala/silêncio se mostra de modo particular em produções discursivas que tenho analisado e que neste trabalho irei descrever. Como corpus tomo a produção discursiva de uma mulher negra brasileira que se auto-intitula "preta dotora” e que fala em primeira pessoa em seu livro; e as expressões culturais maranhenses, em especial os discursos da/sobre a dança do Cacuriá. Essas diferentes materialidades heterogêneas são delimitadas a partir das categorias de silêncio (Orlandi, 1992) e de lugar de enunciação (Zoppi-Fontana, 1999). Desenvolvo uma reflexa?o que busca os movimentos de dominac?a?o e as pra?ticas de resiste?ncia em torno da brasilidade. Analiso a articulação contraditória entre diferentes posições-sujeito e de lugares de identificação que produzem sujeitos que tensionam os discursos dominantes e que explicitam as relações de dominação enquanto estruturalmente determinadas pela raça, pelo gênero e pela classe.
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