A investigação objetiva compreender a potência de guardados afetivos como mecanismos didático-pedagógicos e ativadores de memórias relacionadas a artesanias e conhecimentos ancestrais, de mulheres da Baixada Maranhense (Brasil) e da ilha de São Vicente (Cabo Verde). Os guardados afetivos são percebidos como hipertextos visuais e mídias culturais, pois o seu acesso e leitura podem remeter a outros elementos e narrativas (Emmanuel Alloa, 2015; Aleida Assmann, 2011; Arlette Farge, 2017). Apoiadas nas relações entre tempo espiralar (Leda Martins, 2021) e memória (Ecléa Bosi, 1994; Maurice Halbwachs, 2004), as recordações são percebidas como movimento de ressignificação que mistura presente e passado. A noção de guardados afetivos, também denominados guardafetos, se adequa à pesquisa por se referir à esfera do íntimo, subjetivo e distante dos centros urbanos, dedicando atenção às pessoas de classes populares, às especificidades de mulheres e à estética do cotidiano. Os guardafetos são compreendidos como potencializadores de emoções, pois proporcionam um afetamento de percepções e mobilizam memórias (Georges Didi-Huberman, 2021). A abordagem metodológica está amparada na perspectiva autobiográfica por meio de procedimentos da pesquisa narrativa e artística. Destacam-se depoimentos acionados por imagens, possíveis significações dos guardafetos e vinculações com as rememorações, que conectam histórias a partir da memória-trabalho dos saberes da costura, da terra e do algodão. Através do Coletivo Neve Insular, identificam-se pressupostos educativos e novas materialidades como possíveis guardados para o futuro, os quais podem apontar para ações na arte/educação brasileira que contribuam para o reflorestamento de imaginários, sensibilização do olhar e aprendizagens a partir de saberes populares.
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