Como reconheço meu estar no mundo? Consigo me diferenciar da lagarta ou de um carvalho? Percebo-me e ao mundo através da minha bolha, da minha umwelt. Arte e ciência são criações a partir do filtro da umwelt de cada existência e, portanto, é preciso ter discernimento para dar conta das variações perceptivas de cada mundo sabendo que jamais será possível estar fora de seu próprio. Tim Ingold (2015) traz a concepção que o ser humano é a criatura que carrega um dilema existencial pois só pode conhecer a si mesma e ao mundo que é parte através da renúncia ao seu próprio estar nesse mundo. Ou seja, só passamos a nos compreender de fato, compreender a nossa existência e a nossa relação com o ambiente e os outros quando nos propomos à olhar através da bolha do outro. Pensar-floresta é um bom exemplo de se concretizar as ideias rizomáticas, pois a floresta é um grande ambiente-organismo, vivo e interligado, com conexões aéreas e terrenas, constituindo de uma estrutura complexa e holística: tudo que ali existe faz parte e importa dentro da sua lógica coletiva. Ser-floresta, de imediato, nos faz entender como espuma, como acoplamento de existências. Viver é existir junto, perceber junto e se configurar junto. A partir desse pressuposto de ser-floresta, realizei uma série fotográfica onde reflito tais questões de posicionamento, pertencimento e reconhecimento no mundo de uma mulher, artista e dentro do espectro do transtorno autista.
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