Na obra Duas fontes da moral e da religião, Henri Bergson adota o panorama teológico judaico-cristão considerando que o automatismo, a violência e a desigualdade social são produtos da natureza, sendo a civilização ocidental mais evoluída pelo seu maior desenvolvimento técnico, moral e político, do que as ditas “sociedades primitivas” e “fechadas”, o que seria efeito do “perfume inebriante” do cristianismo que permeia o ocidente. Tais sociedades teriam uma moral estática; a crença na magia seria um empecilho ao desenvolvimento científico. As crenças em espíritos, no “mana” e em divindades diversas seriam produto da “função fabuladora” criada pela natureza. O politeísmo grego, por outro lado, teria em si um monoteísmo latente, que daria a atmosfera fértil para a disseminação do cristianismo; conclusões semelhantes são tecidas acerca do profetismo judeu. Para Bergson, é apenas através do encontro ou pela inspiração do “misticismo autêntico”, tomando como referência disto a vida de Cristo e dos santos católicos, que a humanidade pode transformar-se, pois este revelaria a possível coincidência entre “homem” e Deus, pensado pelo autor como amor e criação. Assim, tal mística chamaria a mecânica, e o desenvolvimento tecnológico seria imprescindível para que a humanidade se desligue da matéria e possa se direcionar ao espírito, libertando-se do
jugo das necessidades materiais. Evidenciando os problemas desta obra através de uma perspectiva decolonial, pretende-se abordar a proposta sociológica de Bergson criticamente com o aporte dos conceitos “humanidade” e “sub-humanidade” de Ailton Krenak, e da concepção de “monocultura” e “cosmofobia” de Antonio Bispo dos Santos.
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