Considerando a dinâmica capitalista moderna, que promove inúmeras lógicas de exclusão no interior das fronteiras dos Estados-Nação e entre aqueles que se veem obrigados a migrar, percebe-se que esses, entre outros grupos marginalizados, são socialmente vulnerabilizados. Isso contribui para o apagamento das histórias de vida desses migrantes e da potência de suas vivências-existências-resistências. Desta maneira, objetivo nesta comunicação entender como a calibragem do olhar do pesquis-a-dor (Sá, 2016, 2019) sobre as narrativas de migrantes haitianos no Brasil pode possibilitar maior sensibilidade e percepção das dores desse grupo a partir de suas histórias e trajetórias visando ao alívio de privações (Calvino, 1996). Como possibilidade metodológica utilizei as cartografias visuais e afetivas (Deleuze & Guattari, 1996; Rolnik, 2014) com o fito de apresentar e discutir parte das vivências-existências-resistências, narrativas e escritas de si de dois migrantes. Epistemologicamente, as análises das narrativas em tela orbitaram a filosofia da hospitalidade incondicional e a política de amizade derridianas (Derrida, 1994a; 1997; 2003a), bem como a plataforma anticolonial (Walsh, 2023; Cusicanqui, 2021; Di Cesare, 2020; Césaire, 2020; Lechner, 2019; 2023). Portanto, como resultado desse olhar metodológica e epistemologicamente orientado, foi possível inferir a carência da aplicação dos pressupostos filosóficos e políticos em pauta, o que nos permitiu concluir a urgência do desenho de ações mais concretas não somente de recepção e acolhimento mas, também, de possibilitar condições de vida dignas a essas pessoas com o fito de construirmos uma ética migratória fundada na justiça, inclusão social ipso facto e respeito à pluralidade das narrativas dessas vivências-existências-resistências.
Comissão Organizadora
EDITORA PHILLOS ACADEMY
Comissão Científica