Este trabalho tem como objetivo apontar a noção de sabedoria como ética a partir da tensão com o conceito filosófico de verdade na filosofia indígena de Daniel Munduruku. Para tanto, parte-se de dois pressupostos, a saber: o primeiro é que o pensamento filosófico de Daniel Munduruku não representa a totalidade da filosofia indígena brasileira, ao contrário, ele é uma potência filosófica, entre outras, no percurso de decolonização da filosofia na América Latina, pois possibilita pensar a ética para além das categorias hegemônicas do cânone filosófico ocidental; o segundo pressuposto de nossa abordagem estabelece que pensar com a filosofia indígena brasileira é pensar suas múltiplas determinações em diálogo crítico – refutando, relativizando ou subsumindo –, com conceitos de outros matizes filosóficos. Nosso trabalho assim, aciona as obras de Daniel Munduruku em diálogo com a tradição filosófica, especialmente no campo da ética. Nossa abordagem parte da intuição de que a sabedoria é uma ética e ela se dá na experiência do sujeito que renuncia à verdade em si. Renúncia que afirma a existência mundana e põe a sabedoria como uma potência ética capaz de cura e restituição da relação entre o eu e o outro.
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