Este estudo sugere compreendermos a Literatura de Cordel pela perspectiva decolonial e intercultural, rompendo com as hierarquias de conhecimento e poder estabelecidas historicamente, a partir das reflexões de Candau (2020), que propõe uma educação que desconstrua padrões eurocêntricos, em paralelo com as reflexões de Abreu (1993), que compara o cordel brasileiro com o português, analisando as características de ambos e as entendendo enquanto gêneros literários distintos. De acordo com Abreu (1993), que já questionava, na década de 1990, o uso do termo Literatura de Cordel para designar tanto a produção brasileira quanto a portuguesa, o gênero português é marcado pela diversidade de formas e estruturas, enquanto a produção brasileira apresenta características uniformes e padronizadas. A autora critica a visão eurocêntrica sobre a Literatura de Cordel brasileira, que a identifica como uma mera cópia da portuguesa, defendendo a originalidade do cordel brasileiro e questiona assim a ideia de uma “filiação” direta entre ambas, o que subestima a originalidade e a autonomia da produção brasileira. Ela cita que, no Brasil, a denominação Literatura de Cordel para este estilo de poesia originado no Nordeste, com o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, foi inicialmente atribuída pelos estudiosos, sendo posteriormente incorporada pelos poetas, provavelmente influenciados pelos círculos acadêmicos. Assim, neste estudo, apontamos para a urgente necessidade de uma abordagem que descolonize o conhecimento sobre a Literatura de Cordel Brasileira, combatendo este olhar eurocêntrico que a subestima e que acaba gerando uma visão depreciativa acerca de uma literatura tão rica e de suma importância nacional.
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