Este trabalho analisa a figura de Gaia na Teogonia de Hesíodo, com foco em sua partenogênese e na centralidade do corpo feminino como força criadora do cosmos e da paisagem natural. A narrativa mitológica apresenta Gaia como uma deusa autônoma, capaz de gerar Céu, Montanhas e Mar sem a necessidade de um consorte masculino, destacando uma cosmogonia em que o feminino é matriz de toda a existência. Discute-se como, ao longo da Teogonia, essa autonomia criativa é progressivamente subordinada a figuras masculinas, como Urano e Zeus, em um movimento que reorganiza o cosmos sob uma ordem patriarcal. A análise considera essa transformação como uma tentativa de reconfigurar o corpo e o território feminino, refletindo dinâmicas de poder e gênero. A partir de autores como Jane Harrison, Rigoglioso e Kirk, argumenta-se que a narrativa partenogenética de Gaia propõe uma visão cosmológica que desafia estruturas de controle e centraliza o feminino como origem cosmogônica.
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