Dada a importância das instituições de ensino na construção de uma sociedade igualitária e democrática, pluricultural e pluriepistêmica, se faz imprescindível a luta contra a violência política e epistêmica que as instituíram e sustentam. A luta contra a colonialidade nas escolas e universidades requer disputar sua constituição em todos os níveis através de propostas concretas para garantir a presença das epistemes negras e indígenas capazes de subverter, na prática, a constituição e o funcionamento dessas instituições. Historicamente, as transformações mais relevantes nas instituições de ensino brasileiras foram fruto da ação coletiva do movimento estudantil, do movimento sindical e dos movimentos sociais. Portanto, interessa refletir sobre o papel do sindicalismo na luta contra a colonialidade na educação. Os sindicatos podem ser uma força fundamental para a descolonização da educação, desde que superem seus próprios traços de colonialidade. Através do estabelecimento de diálogos interepistêmicos entre a tradição sindical e a da luta indígena e quilombola, os traços racistas, machistas, elitistas e corporativistas do sindicalismo brasileiro podem ser confrontados e combatidos. O debate passa, então, por pensar a descolonização da estrutura, da ação e do saber sindical como parte da luta pela descolonização das instituições de ensino e do conhecimento ali produzido em ambos os espaços. Transformados em espaço de encontro de múltiplos saberes e práticas de resistência, os sindicatos podem verdadeiramente contribuir para a necessária refundação étnico-racial e epistêmica das escolas e universidades brasileiras.
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