A pesquisa concentra-se na etnomatemática e na educação escolar indígena por meio de uma investigação realizada em uma escola indígena Mura em Itacoatiara-AM. O estudo busca valorizar e compreender o processo de ensino-aprendizagem, identificando a relação entre cultura e matemática, descrevendo as práticas pedagógicas e analisando os desafios na construção dos saberes matemáticos. O trabalho aprofundou-se em experiências docentes vivenciadas na comunidade escolar.
O principal objetivo da pesquisa é “pensar a etnomatemática e a educação escolar indígena sob a perspectiva de um encontro". O autor busca compreender o ensino e a aprendizagem da comunidade para contribuir com a educação matemática no contexto indígena. Os objetivos específicos são identificar a relação entre cultura e educação matemática no processo de ensino, descrever as práticas pedagógicas da educação matemática utilizadas na escola e analisar os desafios da escola na construção dos saberes matemáticos universais e tradicionais da comunidade indígena.
O trabalho, de caráter teórico-filosófico e educacional, adota uma abordagem qualitativa com metodologia bibliográfica e de campo. Segue uma perspectiva fenomenológica e etnográfica, utilizando observação participativa e entrevistas semiestruturadas com duas professoras e a coordenadora pedagógica. A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Manoel de Souza, localizada em uma área indígena em Itacoatiara-AM.
O estudo mostra que as escolas indígenas enfrentam muitas dificuldades, principalmente por falta de materiais didáticos adequados e professores com formação específica para esse tipo de ensino. Observou-se que os professores de matemática têm dificuldade em abandonar a postura rígida, e em integrar conhecimentos de outras culturas à matemática tradicional e implementar métodos de ensino que respeitem a cultura, história e o jeito de viver da comunidade indígena. Além disso, os materiais didáticos que chegam às escolas não refletem a realidade cultural dos povos indígenas, e os professores precisam fazer adaptações para conseguir ensinar melhor.
A etnomatemática propõe valorizar e divulgar os saberes matemáticos de diferentes grupos sociais. Defende que, em contextos informais, a matemática busca soluções aceitáveis culturalmente, não necessariamente as consideradas 'corretas' pela academia. O documento enfatiza a importância de um currículo em que os conhecimentos e práticas tradicionais dos povos indígenas sejam valorizados, e que seja complementado pelos saberes propostos pelas comunidades locais para uma melhor compreensão do conteúdo. O papel da etnomatemática é registrar saberes matemáticos de relevância social, respeitando e valorizando as raízes culturais dos estudantes.
O trabalho conclui que a etnomatemática, como ação pedagógica, é capaz de estimular o desejo de aprender, pesquisar e buscar a cidadania.O cenário atual exige uma visão crítica da educação matemática, integrando a expressão individual e a dimensão política. A contextualização da cultura matemática em sala de aula e na comunidade é a essência da Educação Matemática sob a etnomatemática.O currículo das escolas indígenas deve integrar áreas do saber de forma interdisciplinar, contemplando questões culturais. O trabalho demonstra que, com o respaldo de constituições, leis e decretos educacionais, o respeito e valorização da cultura e identidade indígena são fundamentais para o ensino-aprendizagem.
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