Este trabalho analisa a política de alfabetização baseada em evidências científicas na rede municipal de Manaus, a partir da hermenêutica crítica de Ricoeur. Tendo como corpus documentos oficiais e normativas locais, mobiliza as categorias de ideologia (Chauí) e de práxis (Freire) para problematizar as contradições entre o discurso de eficácia científica e a prática docente. Argumenta-se que a centralidade conferida às neurociências, em detrimento da Pedagogia, funciona como estratégia ideológica que aliena o trabalho docente e reduz professores a executores de prescrições. O silenciamento dos docentes aparece como efeito de uma política que reifica sua prática e esvazia a dimensão crítica da alfabetização. A discussão articula Chauí, Freire e outros, mostrando como a política expressa disputas hegemônicas e reforça uma pedagogia de domesticação. Conclui-se pela necessidade de retomar a dialética crítica como método de resistência e reafirma-se a atualidade da pedagogia freiriana.
Comissão Organizadora
PROPESP Eventos
Comissão Científica