LER, OUVIR E NARRAR: O PUXIRUM DE ENCANTADOS COMO ESTRATÉGIA PARA RESSIGNIFICAR A LEITURA

  • Autor
  • Kelly Cristina Batista de Castro
  • Co-autores
  • Davi Jhuan de Souza Pedrosa , Kariza Pessoa dos Santos , Mabelly Pietra Leão Costa , Maria Sophia Freitas Silva
  • Resumo
  • A proposta pedagógica “Ler, ouvir e narrar: o puxirum de encantados como estratégia para ressignificar a leitura” surgiu a partir da constatação de dificuldades de leitura e interpretação entre estudantes do 5º ano da Escola Estadual de Tempo Integral Helena Araújo, em Manaus/AM. Durante as práticas escolares, observou-se desinteresse pela leitura, muitas vezes verbalizado pelos(as) alunos(as), o que evidenciou a necessidade de uma intervenção pedagógica inovadora. Nesse cenário, a oralidade e as narrativas amazônicas de encantados — como Curupira, Iara, Boto e Matinta Perera — foram compreendidas como ferramentas pedagógicas significativas, capazes de aproximar o ato de ler da identidade cultural dos(as) estudantes, fortalecendo o sentimento de pertencimento.

    O objetivo central do projeto é promover o desenvolvimento das competências leitoras, interpretativas e identitárias dos(as) estudantes, articulando tradição cultural e inovação pedagógica no espaço escolar. Para isso, valoriza a oralidade e as histórias de encantados como estratégia de ressignificação da leitura, conectando a herança cultural amazônica com práticas contemporâneas de ensino.

    O projeto tem duração de sete meses e é desenvolvido em etapas sequenciais. Inicialmente, os(as) alunos(as) participam de momentos de escuta de podcasts e narrativas digitais, seguidos por rodas de conversa e reconto oral. Em seguida, realizam-se leituras mediadas de obras infantis amazônicas, produção de fanzines e socialização das experiências junto a convidados(as) da Universidade do Estado do Amazonas. Como culminância, os(as) estudantes elaboram vídeos autorais que sintetizam o processo vivenciado. A metodologia, de caráter interdisciplinar, está fundamentada nas práticas dialógicas de Paulo Freire (2022), no letramento literário defendido por Britto (2012) e Cosson (apud Castro, 2025) e na perspectiva de currículo territorializado proposta por Guimarães (2012).

    Os impactos já são perceptíveis tanto na escola quanto na comunidade. No âmbito escolar, destaca-se o fortalecimento da participação discente, a ampliação do repertório literário e o engajamento crescente nas práticas de leitura. A oralidade em sala de aula tem estimulado a escuta atenta, a imaginação, a criatividade e a produção textual. Para a comunidade, o projeto representa um espaço de valorização do patrimônio imaterial amazônico, pois resgata narrativas tradicionais que reforçam a identidade cultural local. Ao mesmo tempo, ao incorporar recursos como podcasts e vídeos, a proposta articula tradição e inovação, promovendo aprendizagens significativas e contextualizadas.

    Conclui-se que o puxirum de leitura reafirma o potencial da escola como espaço de preservação e reinvenção da tradição oral amazônica. A experiência mostra que ler, ouvir e narrar histórias de encantados potencializa não apenas competências cognitivas, mas também culturais e socioemocionais, consolidando uma prática pedagógica mais significativa, territorializada e transformadora. Nesse sentido, evidencia-se a relevância de projetos que unem identidade cultural, inovação pedagógica e participação coletiva, reforçando a escola como ambiente de resistência cultural e de transformação social na Amazônia

     

  • Palavras-chave
  • Oralidade; Letramento literário; Identidade cultural; Narrativas de encantados.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
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