O processo de ensino e aprendizagem da matemática, especialmente para alunos com necessidades educacionais especiais, exige abordagens diferenciadas, criativas e, acima de tudo, inclusivas. O relato a seguir descreve uma experiência bem-sucedida no 4º ano do ensino fundamental, focada na consolidação dos conceitos de adição e subtração por meio de estratégias lúdicas e manipuláveis. O objetivo principal era tornar o aprendizado da matemática acessível e eficaz para todos, incluindo dois alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que também apresentavam dificuldades de fala e interação social. A maior barreira observada era a abstração dos conceitos matemáticos, ou seja, a transição do concreto para o simbólico. As operações de adição e subtração, mesmo com números de até três algarismos, eram um desafio constante, com erros recorrentes de "empréstimo" e "vai um". A metodologia utilizada foi qualitativa, baseada na observação da interação dos alunos durante a atividade. Para superar essa dificuldade, a estratégia foi estruturada em três etapas progressivas. A primeira foi a concreta com a utilização de materiais manipuláveis. Palitos de picolé e tampas de garrafas pet foram usados para demonstrar a noção de quantidade e facilitar a contagem nas operações de adição e subtração. Essa abordagem permitiu que os alunos visualizassem e tocassem os valores, construindo uma base sólida para a compreensão matemática. A segunda etapa foi a lúdica e representacional, esta combinou o concreto com o lúdico. As duas operações foram trabalhadas em uma amarelinha feita com papelão, adaptada para brincar sobre as mesas da sala de aula, respeitando a mobilidade reduzida dos alunos da educação especial. Foram utilizadas tampinhas para contar e encontrar os resultados da observação dos números presente nas plaquinhas. Em seguida, envolveu a representação das operações por meio de imagens. Os alunos resolviam problemas relacionando objetos a quantidades, criando uma ponte fundamental entre o material concreto e a abstração numérica. Por fim, a etapa abstrata, que consistiu em resolver as operações de forma abstrata, em contas "armadas" no papel. Embora essa fosse a fase mais desafiadora, a base sólida construída nas etapas anteriores tornou a transição mais suave. Os alunos com necessidades educacionais especiais, em particular, conseguiram resolver as operações com o auxílio das tampinhas, reforçando a conexão entre os diferentes níveis de representação. E quando surgia uma dificuldade, eles eram incentivados a voltar ao material concreto ou ao desenho, garantindo que o aprendizado continuasse. Os resultados foram notáveis, a maioria dos alunos, incluindo os com (TEA), demonstraram maior confiança e autonomia para resolver as operações. A taxa de acertos em atividades aumentou significativamente. Portanto, ao usar materiais concretos e adotar uma progressão gradual, a matemática se tornou mais acessível e divertida para os alunos. Essa experiência reforça a importância da diferenciação pedagógica e do uso de recursos multissensoriais para garantir a inclusão e o sucesso de todos os alunos.
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