A geração atual cresceu ouvindo sobre aquecimento global e a questão ambiental vem sendo tratada desde o final do século XX, com obrigatoriedade da preservação inserida na Constituição Federal Brasileira de 1988. Mas infelizmente o poder de fiscalização ainda é falho, haja vista a quantidade de desastres ambientais que ocorre há anos. Mais recentemente, a partir de 03/10/2019, manchas de petróleo cru chegaram ao litoral da Bahia, afetando os ecossistemas costeiros. Com o objetivo de analisar os impactos socioambientais ocorridos em uma comunidade do Litoral Norte da Bahia (Brasil), de importância ambiental e forte apelo turístico, iniciou-se uma pesquisa exploratória qualitativa no vilarejo de Siribinha/Conde, através de perguntas abertas junto à comunidade e relatos de experiências sobre as seguintes áreas atingidas: praia, rio Itapicuru e manguezal. Os moradores que participaram da pesquisa eram nativos de Siribinha/Conde, em um grupo amostral de 30 pessoas entrevistadas na faixa etária de 22 a 55 anos, que na maioria sobrevive da comercialização de peixes e mariscos. Todos relataram como está sendo difícil pagar as contas sem clientes e turistas. Percebe-se que a economia é sustentada pelas atividades pesqueira, marisqueira e turística, desta forma o impacto do petróleo não se limitou apenas ao ambiente, mas também alcançou os aspectos econômicos e sociais. Notou-se que a comunidade está indignada pela circulação de notícias, nas mídias e em redes sociais, que as praias, peixes e mariscos estão com resíduos de petróleo e alegam que os próprios moradores de índole duvidosa implantaram provas para a repercussão de fake news em troca de dinheiro. Nesse contexto, outro morador chegou a relatar que não é a primeira vez que aparece óleo na praia, pois, há cerca de 15 anos, ele alegou ter trocado o petróleo coletado por dinheiro. Não se viu relato na mídia, portanto a informação carece de prova. Além da insatisfação com os órgãos governamentais, em especial a empresa estatal Bahia Pesca, que aproximadamente há 20 dias iniciou um cadastro das comunidades prejudicadas pelo óleo, mas não liberou qualquer verba do “seguro óleo” até o momento da entrevista. Ao questionar sobre como estão conseguindo sobreviver, eles mencionaram o escambo para troca de peixes e mariscos do estoque congelado por outros produtos. E, os que não conseguiram fazer esta prática, alimentam-se com suas mercadorias e o restante dos produtos que permanecem nos freezers. Em meio a tantas notícias tristes, percebeu-se a força e a garra da comunidade em defender Siribinha/Conde, os produtos comercializados e o ecoturismo, além de serem gratos a todos que colaboram com a limpeza do óleo, foram citados por eles: IBAMA, INEMA, Exército, Ray e comunidade local. Na área de estudo, foram encontrados vestígios de óleo no manguezal e na praia por uma equipe de pesquisadores da UNEB - DCET (Campus II - Alagoinhas), após a saída da equipe de limpeza local carregando sacos com resíduo de óleo, contrapondo a afirmativa da comunidade de que o local está limpo. Diante disso, espera-se a emissão de relatórios de balneabilidade pelo INEMA, para confirmação de que aquele ecossistema costeiro está próprio para a vida saudável da população e as atividades econômicas principais de pesca, mariscagem e turismo.
Comissão Organizadora
Caique Ferreira Grave
Uinnie Paula
David Alves
Comissão Científica