ECOSSISTEMAS COSTEIROS AFETADOS POR PETRÓLEO NO ESTADO DA BAHIA (BRASIL): ANÁLISE DA CARCINOFAUNA NO MANGUEZAL DE PORTO DO SAUÍPE NO LITORAL NORTE

  • Autor
  • Igor Felipe Maggioni Tavella
  • Co-autores
  • Lucas Vicente da Silva , Paula Arlany Santos Costa , Priscila Ferreira Cavalcante de Araújo , Maria Dolores Ribeiro Orge , Rogenaldo de Brito Chagas
  • Resumo
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    O manguezal é um ecossistema costeiro intertropical, periodicamente inundado, que serve de local para fixação, alimento, abrigo e reprodução de espécies vegetais e animais. Entre estes últimos destacam-se os crustáceos que compõem a carcinofauna, importante fonte de proteína e de renda. Os crustáceos estão presentes em todos os ambientes litorâneos, mas a disposição das espécies pode variar em consequência de diferentes situações e sofrer alterações em regiões sujeitas a perturbações ambientais. A partir de 03/10/2019, manchas de petróleo cru chegaram ao litoral da Bahia, afetando plantas e animais em alcance variado. Por esta razão, buscou-se realizar um estudo preliminar do impacto causado pelo óleo, considerando os componentes da carcinofauna do manguezal como possíveis bioindicadores da qualidade ambiental. A coleta do material foi realizada de forma manual no manguezal de Porto do Sauípe (12º24’181”S - 37º53’646”W), município de Entre Rios, estado da Bahia (Brasil), onde foram traçados 2 transectos perpendiculares entre si: o transecto 1 (T1) no sentido rio-bosque de mangue e o transecto 2 (T2) paralelo ao rio, cada um com 100 m divididos em 10 pontos amostrais equidistantes. Ao longo de cada transecto, foram escavadas manualmente as tocas em 1 m² na faixa lateral de cada ponto para amostragem dos indivíduos. Os exemplares coletados foram fixados em álcool a 70% no campo e triados posteriormente no Laboratório de Zoologia da UNEB - Alagoinhas (Campus II), onde os indivíduos foram separados em morfotipos, através de seus caracteres morfológicos e identificados em comparação com a literatura disponível e consulta a especialistas. Foi amostrado um total de 185 indivíduos de 9 espécies ou morfotipos, sendo 124 indivíduos coletados ao longo do T1 (pontos 1 a 10) e outros 61 indivíduos ao longo do T2 (pontos 11 a 20). A área de maior riqueza e diversidade foi observada ao longo do T1 no sentido rio-bosque. Essa ocorrência pode ser atribuída à baixa ação antrópica no T1 em relação ao T2 ao longo do rio e exposto a uma intensa atividade humana, que afeta o equilíbrio da região com diminuição de indivíduos na área. Com relação ao sexo dos indivíduos encontrados, notou-se uma maior predominância na amostragem do número de machos (~70%), mas este evento não pode ser atribuído diretamente à contaminação pelo óleo, pois o papel dos machos na busca e captura de alimentos para a toca aumenta sua exposição e consequente coleta, como ocorreu neste estudo. Um fator de impacto no manguezal tem sido a caça irresponsável e predatória de fêmeas capturadas e não liberadas, porém mesmo em menor quantidade, elas produzem muitos ovos, fato que ainda permite a manutenção da carcinofauna rica e diversa no ecossistema. Os resultados indicaram uma alta diversidade de espécies de crustáceos, o que caracteriza o manguezal de Porto do Sauipe como um ecossistema ainda em estado relativamente bom de conservação apesar da intensa atividade turística no ambiente de praia próximo. Nenhum dos exemplares coletados tinha vestígio de óleo, mas a continuidade do trabalho através do monitoramento é necessária para aumentar o universo amostral e o maior conhecimento da diversidade da carcinofauna local.

     

  • Palavras-chave
  • Bahia; carcinofauna; manguezal; petróleo; Porto do Sauipe.
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