Os manguezais são ecossistemas costeiros, intertropicais, sumidouros de carbono e ambiente de alimento, refúgio e reprodução para plantas e animais. Entre as espécies vegetais, estão as macroalgas que se fixam e recobrem os pneumatóforos de algumas plantas do mangue, servindo de hábitat para microrganismos, e compõem o consórcio “Bostrychietum”. São macroalgas associadas dos gêneros Bostrychia, Catenella e Caloglossa. Elas são tolerantes a condições adversas, mas podem servir como bioindicadores da qualidade ambiental em manguezais impactados por óleo. A partir de 03/10/2019, manchas de petróleo cru chegaram ao litoral da Bahia, afetando os ecossistemas costeiros. Tendo em vista a importância ecológica das macroalgas do “Bostrychietum”, fez-se necessária uma avaliação preliminar quali-quantitativa de sua presença como bioindicadores da qualidade ambiental do manguezal em Porto do Sauípe, município de Entre Rios, Litoral Norte da Bahia (Brasil). Diante disso, em 29/10/2019, foram realizados 10 lançamentos aleatórios de um quadrado amostral de 0,25 m2 de PVC, com análise dos pneumatóforos presentes segundo a escala de Fournier (1974) e coletadas amostras de pneumatóforos com macroalgas aderidas, recolhidas com o auxílio de uma espátula e uma tesoura de poda, colocadas em saco plástico identificado para transporte em caixa térmica. Em laboratório, as amostras foram retiradas dos sacos plásticos e acondicionadas em potes de vidro, devidamente identificados. Posteriormente, em uma proveta de 1000 ml foram misturados 150 ml de formol a 4% em 850 ml de água destilada e 3 ml de água retirada do manguezal. O formol já preparado foi adicionado para fixação das algas e pneumatóforos até que as amostras estivessem cobertas. De todos os lançamentos aleatórios realizados, foi observado um total de 212 pneumatóforos e apenas 25 tinham algas, enquadrando-se na escala 1 de Fournier, correspondente à porcentagem de 0 - 25% de cobertura. Na análise quali-quantitativa foi observada a presença reduzida de macroalgas associadas do “Bostrychietum”, sugerindo uma degradação ambiental local, levando em consideração que as macroalgas são bioindicadoras de locais contaminados por efluentes orgânicos e hidrocarbonetos do petróleo, estando ambos tensores presentes no ecossistema estudado.
Comissão Organizadora
Caique Ferreira Grave
Uinnie Paula
David Alves
Comissão Científica