OBJETIVOS: Descrever estratégias de investigação de surto de gastroenterite em empresa de Campinas/SP abastecida por Solução Alternativa Coletiva (SAC). MÉTODOS: Foram realizadas: entrevistas junto aos responsáveis dos setores; aplicação de inquérito por Google Forms aos trabalhadores; inspeção para avaliação da dinâmica de trabalho e distribuição espaço-temporal dos casos; análises bromatológicas e biológicas (água e fezes), processadas pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo e Campinas; implementação de intervenções ambientais, sanitárias e epidemiológicas para interrupção do surto. RESULTADOS: Após denúncia em junho de 2023, a Vigilância em Saúde iniciou investigação epidemiológica de surto de gastroenterite em empresa com 1537 colaboradores. Em inquérito aplicado e respondido por 1056 trabalhadores dos 03 turnos: 78% apresentaram diarreia média de 03 dias de sintoma; 98% dos sintomáticos relatavam consumo de água da empresa, dos quais 74% não consumiam refeição ofertada pelo local. A Vigilância inspecionou o restaurante e concluiu que os procedimentos eram satisfatórios com restrições. O abastecimento de água para consumo humano por poço tubular profundo era cadastrado como SAC no SISAGUA, com responsável técnico e análises de controle. Quanto às análises bromatológicas na água bruta do poço e na água tratada por cloração em torneira da cozinha, foi identificada a presença de oocistos e material genético de Cryptosporidium spp. em ambas amostragens, além de 04 cepas de Aeromonas hydrophilla na água bruta; resultando na interdição pela Vigilância do poço para consumo humano, sendo o abastecimento substituído pela rede pública e transportador de água. Quanto às análises biológicas, foram realizadas 04 coletas, em que 01 amostra positivou para C. hominis e C. parvum e outra para Escherichia coli e rotavírus. A empresa implementou no plano de ação: avaliação de saúde, prescrição e fornecimento do medicamento para tratamento específico ao agente etiológico e monitoramento de casos via Serviço de Medicina do Trabalho, comunicação de risco, campanha de conscientização para higienização adequada das mãos. CONCLUSÕES: O presente surto alertou o potencial risco à saúde em soluções alternativas de abastecimento e as lacunas de legislação e diretrizes para prevenção e controle da transmissão hídrica do Crypstoridium por água subterrânea no âmbito das ações de vigilância em saúde.
Comissão Organizadora
Dv. de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar
Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac"
Comissão Científica
Alessandra Lucchesi de Menezes Xavier Franco
Bernadete de Lourdes Liphaus
Fabrício Augusto Moscardini Nobile
Fernanda Florência Fregnan Zambom
Juliana Monti Dias
Nidia Pimenta Bassit
Vitória Oliveira de Souza
dvhidri@saude.sp.gov.br
(11) 3066-8758