OBJETIVOS: Investigar surto de gastroenterite em Estância rural de Campinas, abastecida por poço raso. MÉTODOS: Foram realizados: aplicação de inquérito epidemiológico por meio de Google Forms, identificação de sintomáticos recentes e vínculo para coleta de amostras biológicas; articulação de retaguarda laboratorial; inspeções e integração dos saberes de vigilância (ambiental, sanitária e epidemiológica) para intervir e encerrar oportunamente o surto. RESULTADOS: Vigilância recebeu denúncia de 01 caso de Hepatite A e surto de gastroenterite entre 138 alunos de escola de futebol - locatária de Estância rural – vindos de 14 municípios, entre 06 e 15 anos, dos quais 57 relatavam consumo de água de poço raso no local. Após inquérito epidemiológico retrospectivo (07/2022 à 09/2022) com 77 respostas: 93% sintomáticos; 75% buscaram atendimento médico com internação de 02 crianças com diagnóstico de Adenite mesentérica; 79% referiram consumo direto da água do poço e outros 7% de alimentos não industrializados do restaurante. Durante avaliação predial, constatou-se a presença de fossa a montante de dois poços sem controle de qualidade e sistema de desinfecção: raso (consumo humano) e profundo (piscinas). A partir de 04 amostras clínicas - negativas na sorologia de Hepatite A, detectou-se Escherichia coli não patogênica em 03 delas, além de E. coli patogênica e norovírus noutra. Nos laudos de análise de água do poço raso (suspeita do surto) e torneira de consumo, detectou-se a presença de E. coli, além de Aeromonas hydrophila (poço), desencadeando a interdição desta fonte e abastecimento provisório por caminhão pipa até regularização do poço profundo. Também houve autuação do restaurante pela Vigilância Sanitária, devido às condições higiênico sanitárias insatisfatórias. O surto foi encerrado por critério laboratorial clínico bromatológico, com agentes etiológicos E.coli e norovírus. CONCLUSÕES: A investigação de surtos DTHA é desafiadora devido sua transversalidade de saberes e por Campinas não ter histórico expressivo de surtos de transmissão hídrica, se este tema não estiver sempre no radar da vigilância em saúde, através de grupos de trabalho permanentes, pode passar despercebido nas investigações.
Comissão Organizadora
Dv. de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar
Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac"
Comissão Científica
Alessandra Lucchesi de Menezes Xavier Franco
Bernadete de Lourdes Liphaus
Fabrício Augusto Moscardini Nobile
Fernanda Florência Fregnan Zambom
Juliana Monti Dias
Nidia Pimenta Bassit
Vitória Oliveira de Souza
dvhidri@saude.sp.gov.br
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