T. gondii é um protozoário intracelular obrigatório que infecta uma ampla gama de vertebrados de sangue quente (mamíferos e aves) como hospedeiros intermediários, nos quais o ciclo assexuado é realizado, com formação de cistos teciduais nas células. Os felinos são os hospedeiros definitivos do protozoário, cujo ciclo sexual culmina com a produção de oocistos eliminados nas fezes contaminando o meio ambiente. A importância da toxoplasmose está associada ao fato de ser uma infecção cosmopolita altamente difundida, que afeta cerca de um terço da população mundial, sendo descritas prevalências de 15% a 85%. O Instituto Adolfo Lutz atua como Laboratório de Saúde Pública no Estado de São Paulo atua no apoio analítico durante ações de vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental. O Núcleo de Morfologia e Microscopia atende as demandas de análise de amostras de alimentos e água relacionadas a surtos epidêmicos envolvendo parasitos de importância médica, dentre eles o Toxoplasma gondii. Nos últimos anos, desenvolvemos e aprimoramos técnicas de isolamento, extração e detecção de parasitos em diversas matrizes alimentares e ambientais, consideradas matrizes complexas. Amostras de água, alimentos e amostras ambientais (48 amostras de água para consumo humano, 8 produtos cárneos, 10 vegetais folhosos e 4 areias de parque de recreação) envolvidos em surtos de toxoplasmose foram enviadas para análise. Dentre as amostras analisadas, somente 3 amostras de produtos cárneos e 1 amostra de água foram positivas na PCR para detecção de Toxoplasma gondii. A baixa detecção do parasito pode estar relacionada a demora na coleta, sintomas tardios, dentre outros fatores que tornam nossas investigações retrospectivas.A aplicação da biologia molecular na elucidação dos surtos se faz importante ferramenta na detecção e caracterização desses patógenos, devido às dificuldades de isolamento e identificação, uma vez que sua distribuição não é homogênea e muitas vezes a alíquota enviada para análise não é representativa, ou seja, o alimento ou água envolvidos no surto não se encontram mais disponíveis para pesquisa. Vale ressaltar a importância da pesquisa molecular desses patógenos em alimentos e água, tendo em vista as dificuldades encontradas pela comunidade científica em isolar o DNA alvo em grandes alíquotas.
Comissão Organizadora
Dv. de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar
Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac"
Comissão Científica
Alessandra Lucchesi de Menezes Xavier Franco
Bernadete de Lourdes Liphaus
Fabrício Augusto Moscardini Nobile
Fernanda Florência Fregnan Zambom
Juliana Monti Dias
Nidia Pimenta Bassit
Vitória Oliveira de Souza
dvhidri@saude.sp.gov.br
(11) 3066-8758