CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE Microtrombicula brennani GOFF, WHITAKER & DIETZ, 1986 (TROMBIDIFORMES: TROMBICULIDAE), INCLUINDO NOVOS REGISTROS DE HOSPEDEIROS E LOCALIDADE
Maria Eduarda Barbosa de Souza-Silva1, Maria Vitória Almeida Bechara1, Vithoria Alves Barbosa1, Ester Nascimento da Costa1, Isabella Pereira Pesenato1, Ricardo Bassini-Silva2, Fernando de Castro Jacinavicius1
1 Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil.
2 Laboratório de Coleções Zoológicas, Instituto Butantan, São Paulo, SP, Brasil
Os Trombiculídeos, são popularmente conhecidos como mucuins (Trombidiformes: Trombiculidae s.l.), são ácaros cuja fase larval é ectoparasita de vertebrados terrestres. Durante a alimentação, as larvas liberam enzimas digestivas na pele do hospedeiro, provocando uma reação inflamatória denominada trombiculíase. Atualmente, são descritas cerca de 3.000 espécies distribuídas em aproximadamente 300 gêneros em todo o mundo. No Brasil, são conhecidas 74 espécies, dentre essas, destaca-se Microtrombicula brennani Goff, Whitaker & Dietz, 1986, registrada até o momento apenas nos espécimes-tipo coletados na Reserva Biológica de Poço das Antas (Rio de Janeiro), onde foi encontrada parasitando o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia [Linnaeus, 1766]; Mammalia: Callitrichidae). A larva de M. brennani distingue-se das demais espécies neotropicais do gênero Microtrombicula por um conjunto específico de características morfológicas, como: fêmur da perna I dividido em telofêmur e basifêmur; geno da perna II com três cerdas ramificadas; escudo dorsal com cerda VI ramificada; tricobótria flageliforme; tarso do palpo com seis cerdas (quatro ramificadas e duas lisas); primeira fileira de cerdas dorsais com oito cerdas ramificadas; e tarso da perna III com uma mastisseta. Este estudo teve como objetivo realizar as primeiras sequências moleculares de M. brennani, e depositar em banco genético, dada a ausência de registros dessa espécie em bancos genéticos para a região Neotropical. Foram analisados 35 espécimes previamente depositados na Coleção Acarológica do Instituto Butantan (IBSP), coletados em diferentes regiões do Brasil sendo roedores da família Cricetidae e de marsupiais da família Didelphidae. Entre os cricetídeos, cinco exemplares foram coletados em Campos do Jordão (São Paulo), parasitando Akodon montensis (Rodentia: Cricetidae), e um exemplar em Bonito (Mato Grosso do Sul), parasitando Hylaeamys megacephalus. Entre os marsupiais, sete exemplares foram encontrados parasitando Thylamys macrurus em Miranda (MS), quatro em Bonito (MS), e um em Anastácio (MS), parasitando Didelphis albiventris extraídos espécimes tiveram seu material genético extraído individualmente, e submetido à amplificação por PCR convencional, tendo como alvo fragmentos dos genes nuclear (18S) e mitocondrial (COI), seguido de sequenciamento das amostras que demonstraram amplificação. Dentre os resultados analisados, apenas cinco amostras de Campos do Jordão, obtiveram ambos os genes amplificados com sucesso, bem como a obtenção das primeiras sequências parciais de M. brennani, disponibilizada em bancos de dados genéticos. Estes dados moleculares representam um avanço significativo para a sistemática do grupo, permitindo a confirmação de identificações morfológicas e subsidiando futuros estudos filogenéticos. Além disso, o trabalho fornece novos registros de ocorrência da espécie nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, ampliando o conhecimento sobre suas associações com diferentes hospedeiros roedores e marsupiais.
Palavras-chave: Ácaros, Ectoparasitas, Análise molecular.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
Em caso de dúvida, envie um email para contato@caeb.com.br