Chalconas e Pirazolinas: Novas Perspectivas Terapêuticas para o Tratamento da Estrongiloidíase
Anna F. M. de Souza1#, Rosimeire N. de Oliveira1, André L. Kerek2, Eduardo Protachevicz2, Flávio Augusto Vicente Seixas3, Barbara C. Fiorin2, Silmara M. Allegretti1.
1 Departamento de Parasitologia, Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.
2 Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG, Ponta Grossa, PR, Brasil.
3 Departamento de Tecnologia, Universidade Estadual de Maringá- UEM, Umuarama, PR, Brasil.
Palavras- chaves: Chalconas, Ensaios fenotípicos, Strongyloides venezuelensis
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Introdução
A estrongiloidíase é uma helmintíase causada pelo nematoide Strongyloides stercoralis, que infecta humanos pela via percutânea. Considerada uma Helmintíase Transmitida pelo Solo (HTS), agrupa a lista das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) com prevalência estimada de 100 a 600 milhões de pessoas infectadas pertencentes a grupos socioeconômicos menos favorecidos de regiões tropicais ou subtropicais. Lacunas nas estratégias em saúde pública, além do surgimento de cepas resistentes aos fármacos atualmente utilizados, torna urgente a busca por novas alternativas terapêuticas eficazes e seguras. As chalconas e derivados apresenta-se como uma promissora alternativa, dadas suas amplas atividades biológicas (antibacteriana, antifúngica, antiparasitária). Este trabalho teve como objetivo realizar ensaios fenotípicos para avaliar o potencial anti-helmíntico de Chalconas e Pirazolinas contra fêmeas parasitas de Strongyloides venezuelensis, modelo experimental da estrongiloidíae.
Métodos
Para realização dos ensaios fenotípicos, ratos machos (Rattus norvegicus) Wistar, previamente infectados com 1500 larvas filarioides (L3) de S. venezuelensis, foram eutanasiados e uma porção do intestino delgado foi seccionada para a recuperação das fêmeas parasitas. Estas, foram cuidadosamente lavadas em solução salina e meio RMPI-1640, acrescido de penincilina/streptomicina. Quatro fêmeas foram selecionadas e transferidas para cada poço de uma placa de cultura com 24 poços, contendo um volume final e 2 mL de meio RPMI- 1640. Os ensaios foram conduzidos em triplicata, avaliando-se as concentrações de 5, 10 e 20 µg/mL da hidroxifenilchalcona-18 (CH-18) e da pirazolina-18 (AP-18), em comparação com o albendazol (controle farmacológico) e um controle negativo (livre de fármacos). As placas foram incubadas a 37?°C, em estufa com atmosfera contendo 5% de CO?, por um período de 72 horas. As alterações fenotípicas e a mortalidade dos parasitas- definida como ausência de movimento por pelo menos dois minutos -foram analisadas com o auxílio de um estereomicroscópio.
Resultados
Foram observadas alterações fenotípicas significativas nos parasitas expostos às chalconas CH18 e AP18 nas concentrações de 10 µg/mL e 20 µg/mL, após 48 e 72 horas de incubação. Essas alterações incluíram redução acentuada da motilidade, escurecimento da cutícula e modificações visíveis nos órgãos internos, em comparação ao grupo controle livre de fármaco. A taxa de mortalidade dos vermes aumentou proporcionalmente à concentração do composto e ao tempo de exposição. A concentração de 20 µg/mL ocasionou 100% de mortalidade em 24 horas para CH18 e em 48 horas para AP18, demonstrando a alta atividade anti-helmíntica. A concentração de 10?µg/mL da chalcona CH18 resultou em 66% de mortalidade das fêmeas parasitas após 48 horas e 34% após 72 horas de incubação. Por outro lado, a mesma concentração de AP18 causou 34% de mortalidade em 48 horas, aumentando para 66% em 72 horas. Nenhuma mortalidade foi observada em fêmeas expostas à concentração de 5?µg/mL de ambos os compostos. No entanto, mesmo nessa concentração, CH18 e AP18 induziram alterações fenotípicas evidentes, especialmente a redução da motilidade dos parasitas. Já as fêmeas expostas ao albendazol (controle farmacológico), nas mesmas concentrações, apresentaram apenas redução da motilidade, sem registro de mortalidade até o final do experimento (72 horas), sugerindo maior eficácia das chalconas e pirazolinas testadas frente ao fármaco de referência.
Conclusão
Considerando as limitações terapêuticas do albendazol contra Strongyloides stercoralis, apresentamos uma abordagem inovadora para o tratamento da estrongiloidíase, que pode ser estendida ao tratamento de outros helmintos.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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