Amphipoda consiste em uma ordem da classe Malacostraca, a mais biodiversa dentro do filo Crustacea. É um grupo com representantes que ocorrem, sobretudo, em ambiente bentônico de praias e costões rochosos. Tendo em vista a grande variedade ecológica e comportamental que existe entre eles, há distintos métodos de estudo que buscam compreender as interações que realizam. Sabendo que entender o fotoperíodo de maior atividade de forrageamento de anfípodes pode auxiliar na compreensão da coexistência de certas espécies que aparentam ter um nicho ecológico similar, desenvolver uma metodologia eficiente para seu estudo comportamental quanto a forrageamento e escolha de substrato é de grande relevância científica. Dessa forma, propõe-se a criação de um mapa de densidade temporal de organismos em função do espaço para cada fotoperíodo do dia, através de uma sobreposição de frames de uma gravação de 96 horas. Para tal, serão usadas câmeras com sinal infravermelho que gravarão populações de duas populações distintas de 20 indivíduos cada, uma de Parhyale hawaiensis e outra de Ptilohyale littoralis, as quais são algumas das mais abundantes espécies em costões rochosos do litoral norte do estado de São Paulo. Cada uma dessas populações será previamente aclimatada em béqueres de 200 mL de 60 mm de diâmetro tampados com papel filme e será composta por 10 machos e 10 fêmeas não ovadas. Haverá 20 réplicas padronizadas. Além disso, pretende-se desenvolver experimentos de competição interespecífica entre elas, em 96h, nos quais existirão 10 réplicas contendo um único macho de P. hawaiensis e P. littoralis juntos, e outras 10 contendo uma única fêmea não ovada de cada espécie juntas também, todos de tamanho similar. Cada recipiente terá algas de Bostrychia sp. no fundo como substrato e recurso alimentar para os organismos. A fim de se evitar associar erroneamente mortes de indivíduos à existência de competição, haverá 20 réplicas de controle para cada espécie, metade de machos e outra de fêmeas não ovadas, nas quais estarão inseridas apenas um indivíduo em cada béquer, também de tamanho similar. Sequencialmente, populações de 20 indivíduos de dimensões parecidas serão inseridas em béqueres iguais aos descritos anteriormente e terão suas mortalidades medidas por espécie, transcorridas 96h. Haverá também 20 réplicas para esta série e como grupo controle, pretende-se avaliar a mortalidade nos experimentos relacionados ao comportamento dos organismos descritos anteriormente, em que haverá populações de 10 indivíduos isoladas em cada béquer. Os anfípodes utilizados nos experimentos foram coletados na comunidade “Bostrychietum” localizada na zona entre marés da Praia das Cigarras, Ubatuba, São Paulo, e transportadas para o Laboratório de Interações em Comunidades Marinhas (LICOMAR) do Departamento de Biologia Animal do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. No laboratório, os organismos são mantidos em aquários com condições controladas de temperatura e salinidade correspondentes ao ambiente natural, com fornecimento adequado de alimento e água. Durante as coletas feitas, os parâmetros de temperatura e salinidade foram registrados, e a média desses valores foi utilizada para a aclimatação em laboratório (22ºC e 32 ppt, respectivamente). A identificação das espécies foi realizada com base em características diagnósticas das antenas II, gnatópodes II de macho, pereiopódes V-VII, e uropódes I e III. Terminadas as medições destes dados, serão feitos testes de normalidade dos dados e ANOVA clássica (one-way) no software R a fim de avaliar se há diferença de forrageamento para cada fotoperíodo e se há para o número de indivíduos mortos no experimento e no grupo controle para cada espécie individualmente. Somando as informações comportamentais com as de desempenho competitivo, espera-se contribuir para a criação de uma metodologia eficiente, acessível, e de fácil interpretação, sobretudo, para o monitoramento de atividades desses organismos.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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