As pteridófitas, presentes no globo terrestre a cerca de 350 milhões de anos, são plantas que já desenvolveram seu sistema vascular, ou seja, possuem seu sistema de transporte de seiva bruta e elaborada. No entanto, são plantas que não desenvolvem flores, frutos e nem tão pouco sementes. Alternativamente, estas plantas podem se reproduzir de duas maneiras: pela via assexuada ou pela via sexuada. Na forma assexuada, esta reprodução se dá por separação de mudas ou rizomas ou mesmo, para algumas espécies, pelo desenvolvimento e enraizamento de estolhos. Já na forma sexuada, a reprodução se dá através da germinação de esporos ou esporângios, pequenos pontos escuros encontrados no verso das folhas das plantas, dentro de um ciclo reprodutivo específico que alterna fases de células haploides e diploides. Dentre as pteridófitas e dos vários gêneros pertencentes a este táxon, um grupo que tem ganhado considerável destaque é o gênero Adiantum, seja pelos seus aspectos decorativos/ornamentais ou por serem conhecidos popularmente por sua capacidade curativa para diversos males, dentre outros pontos de interesse. A este gênero Adiantum, pertencem as popularmente chamadas de avencas com cerca de 200 espécies distintas e catalogadas.
Este trabalho foi realizado utilizando-se amostras obtidas comercialmente da espécie Adiantum hispidulum. No entanto, existe na literatura uma certa divergência de nomenclatura para algumas espécies de avencas do gênero Adiantum. A espécie Adiantum pedatum é uma delas. Há citações utilizando-se o nome Aduantum hispidulum para descrever a mesma espécie, mas que se mostra distinta, não se tratando de uma simples sinonímia.
Esta espécie atualmente já cultivada em escala comercial por alguns centros de produção de mudas no Brasil e em outros países e que apresenta relatos de propriedades medicinais. Sabe-se que a reprodução sexuada in vitro de avencas é algo até então pouco explorado e de certa forma complexa. Assim este trabalho teve por objetivo o estabelecimento de cultura de esporos in vitro de A. hispidulum, buscando-se avaliar as melhores condições in vitro e meios de cultura visando se promover germinação e o desenvolvimento das fases gametofítica e esporofítica de avencas. Buscou-se entender quais os melhores meios de cultura, considerando-se as diferenças na composição entre eles e as razões pelas quais o desenvolvimento da fase gametofítica se dá melhor em determinadas condições de cultivo do que em outras. Procurou-se também definir as melhores condições para se conseguir o desenvolvimento da fase predominante da planta, que é a fase esporofítica. Foram comparados os desenvolvimentos dos protalos e da fase esporofítica da planta em dois meios de cultura: a-) Meio MS (Murashige & Skoog); b-) Meio JADS, referenciado em literatura e que se mostrou mais adequado para o crescimento gametofítico. Como explantes foram empregados esporos maduros que passaram por processos padronizados de antissepsia e incubados a 24 ± 1°C com fotoperíodo de luz/escuridão de 10/14 h e também em completa escuridão. Os resultados obtidos possibilitaram acumular muitas informações, gerando quantidade considerável de conhecimentos quanto ao cultivo e crescimento desta espécie in vitro, cultivada em ambiente com condições controladas de temperatura e luminosidade. Foram reunidas também informações sobre o controle de contaminação microbiológica das culturas in vitro, seja por microrganismos (bactérias e fungos) endofíticos ou externos ao vegetal. Portanto, conclui-se que a compilação de informações resultando dos dados experimentais gerados poderá contribuir para a escolha das melhores rotas para a obtenção de exemplares de mudas de qualidade para o cultivo da espécie para fins comerciais. Este estudo também aponta para os melhores caminhos para se obter quantidade significativa de biomassa a ser empregada em estudos futuros visando a identificação de metabólitos secundários produzidos pela planta e sua potencial utilização como agentes antioxidantes, antimicrobianos e anti-inflamatórios.
Apoio financeiro: FAPESP, CNPq, FAEPEX-UNICAMP
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Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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