Cenários atuais de mudanças climáticas têm intensificado a ocorrência de períodos prolongados de seca e temperaturas elevadas. Nesse contexto, destaca-se o potencial de espécies vegetais invasoras, especialmente aquelas com alta capacidade adaptativa, em expressar elevada plasticidade fenotípica, garantindo o estabelecimento e a persistência dessas plantas sob estresses hídricos e térmicos. Em meio a essas condições, Solanum viarum (Joá-bravo), nativa do Brasil, Paraguai e Argentina, destaca-se como invasora em regiões tropicais e subtropicais, favorecida pelo rápido ciclo de vida e alta capacidade reprodutiva. De forma semelhante, Solanum capsicoides (Joá-vermelho), natural do sul da América do Sul e já amplamente dispersa, ocupa áreas abertas e degradadas. Baseado no exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de deficiência hídrica (DH) e alta temperatura (AT) nas variáveis germinativas de S. viarum e S. capsicoides. Para isso, os frutos foram coletados, despolpados e desinfetados, as sementes foram dispostas sobre duas folhas de papel filtro em potes de plástico transparente com tampa, contendo água (controle) ou solução contendo polietilenoglicol 6000, com potenciais osmóticos de -0,1, -0,3 e -0,4 MPa. Os potes foram mantidos em incubadoras do tipo BOD, reguladas para 25°C (controle) ou 35°C (alta temperatura), com fotoperíodo de 12 horas. A partir das contagens diárias de germinação foram calculados a porcentagem de germinação final (%Gf), o tempo médio de germinação (TMG) e o índice de velocidade de germinação (IVG). Os dados foram submetidos à análise de variância (Two-Way ANOVA, espécies x DH ou AT) e médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. (espécie x DH ou espécie x AT). Os potenciais -0,1, -0,3 e -0,4 MPa causaram reduções 46%, 96% e 98% da Gf, respectivamente, quando comparadas ao controle em S. viarum. No entanto, em S. capsicoides, -0,1 MPa não causou redução significativa na %Gf, enquanto -0,3 e -0,4 MPa reduziram 90% e 100% da %Gf, respectivamente, comparado ao tratamento controle. O TMG aumentou significativamente nos tratamentos com -0,3 e -0,4 MPa em S. viarum e -0,3 MPa em S. capsicoides. Diferentemente das variáveis apresentadas até o momento, o IVG foi significativamente maior em S. capsicoides quando comparado a S. viarum em condição controle, porém, todos os tratamentos com PEG reduziram o IVG quando comparados ao controle, independentemente da espécie. O tratamento com 35°C prejudicou severamente a %Gf em ambas as espécies, porém, enquanto houve redução de 43% em S. viarum comparada ao controle, S. capsicoides não germinou. O TMG de S. viarum a 35°C aumentou 146% em relação ao controle, enquanto o IVG foi reduzido em aproximadamente 87%. Assim, os resultados indicam que as espécies apresentaram tolerâncias contrastantes aos estresses avaliados. S. capsicoides é tolerante à condição de estresse hídrico moderado (-0,1 MPa), enquanto S. viarum apresenta relativa tolerância a temperaturas até 35°C. Tais respostas fisiológicas podem modular o potencial invasivo sob mudanças climáticas.
Palavras chave: Germinação; Temperatura; Déficit hídrico.
Financiamento: Processo Fapesp 2024/03464-2
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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