Drosophila melanogaster em foco: um manual didático para uso e manutenção em Laboratórios Didáticos de Ciências na Educação Básica

  • Autor
  • Willian Teófilo Viana
  • Co-autores
  • Ivana Elena Camejo Aviles
  • Resumo
  • O ensino de genética no Brasil no contexto da educação básica tem sido marcado por uma abordagem tradicionalista, conteudista, descontextualizada e acrítica, o que não é consistente com as tendências atuais de ensino de ciências para uma alfabetização científica. Afinal, os conteúdos são ensinados de forma vertical, neutral, e coercitiva. A desvalorização de uma perspectiva epistemológica no ensino  da genética, mantém um ensino anacrônico e colonial, sustentado por visões estereotipadas de construtos sociais, como a ideia de Mendel ser considerado o “pai” da Genética. Não se trata de descartar as contribuições desse cientista, mas de analisá-las criticamente, considerando suas contradições, relevância e também, as implicações éticas para o ensino da genética. Nesse contexto, os laboratórios didáticos de ciências podem contribuir para uma Aprendizagem Significativa e Crítica  de conceitos estruturantes de genética, desde uma perspetiva contextualizada, implementando na experimentação didática de materiais biológicos modelos. Optou-se, assim, pela utilização de Drosophila melanogaster, organismo amplamente utilizado desde o início do século XX, com Morgan e seus colaboradores como precursores, e que permite explorar diversos processos fundamentais da hereditariedade, como segregação alélica, recombinação genetica, cariotipos, fenotipos, genotipos, mutações, interações alélicas e interações cromossômicas, herança ligada ao sexo, alelos letais, ligação gênica (linkage), entre outros. Os autores entendem que este material biológico não é apenas uma excelente opção didático-pedagógica para o ensino de genética na educação básica, senão também, serve de base para aumentar as pontes de diálogos entre outros conteúdos estruturante da Biologia, naturalmente relacionados com Genética, como a Zoologia, Bioquímica, Evolução e Educação Ambiental. Ainda, trata-se de organismo de fácil manutenção no laboratório  ou sala de aula, abundante na natureza e com ciclo reprodutivo curto, o que faz com que sua incorporação nas escolas públicas seja viável, sendo esse processo de captura doméstica e manutenção uma excelente oportunidade de entrelaçar responsabilidades entre os estudantes e professores. Diante do potencial didático e pedagógico da Drosophila melanogaster, assim como suas viáveis condições de captura e manutenção, este estudo partiu da necessidade de subsidiar  o trabalho docente diante de condições adversas e escassez de tempo para formação continuada, a pesquisa se propôs  a elaborar  um manual didático para o uso pedagógico e manutenção de Drosophila melanogaster no ambiente escolar, com os objetivos que foram propostos a seguir: 1. revisar a literatura sobre ensino de genética, laboratórios didáticos de Ciências e biologia das Drosophilas;  2. identificar aplicações didáticas voltadas ao ensino de genética na educação básica; 3. desenvolver  orientações práticas sobre os cuidados e a criação desses organismos; 4. disponibilizar o manual para docentes da rede pública do município de São Paulo por meio da Secretaria Municipal de Educação. Trata-se de uma pesquisa translacional aplicada,  na qual foram utilizados diversos instrumentos para a coleta e análise dos dados. Foram  empregados métodos de revisão literatura, assim como entrevistas semiestruturadas com docentes, sobre os contextos e usabilidade  da Drosophila melanogaster. A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo buscando identificar categorias emergentes que revelem os sentidos atribuídos pelos sujeitos às práticas de ensino e ao uso do manual didático elaborado. Como resultado obtidos temos um Manual didático que foi dividido nos seguintes tópicos para facilitar a organização e a consulta por parte dos docentes. Inicia-se com o ítem “Biologia Geral” que aborda aspectos relevantes da anatomia e biologia geral das Drosophilas. No item “Captura” foram abordadas técnicas de como os estudantes e docentes podem recolher suas próprias variedades de Drosophila melanogaster. Já no item “Manutenção” foram abordadas orientações sobre quais recipientes são mais adequados, como armazenar e transportar os indivíduos de um recipiente para outro bem como fornecer nutrição aos mesmos. No ítem “Limpeza” foram acrescentadas algumas sugestões para esterilização dos recipientes e cuidados de higiene. E no item “Cruzamentos” são feitas algumas sugestões de possíveis cruzamentos e suas proporções fenotípicas esperadas. Por fim no item “Visualização” são feitas sugestões sobre instrumentos e procedimentos para a adequada visualização das características desses organismos. Após a elaboração do Manual, ele passou por um processo de validação por usuários através da sua implementação no Laboratório Didático de Ciências em Escola Pública de São Paulo, e posteriormente disponibilizado aos docentes da rede.  A presente pesquisa teve como pressuposto,  além de fornecer um material confiável e prático para que docentes da escola pública utilizassem, teve como finalidade também  estimular o uso da Drosophila melanogaster nas aulas de genética com o intuito de torná-las mais Significativas e Críticas melhorando a Aprendizagem dos estudantes e as aulas dos docentes.

  • Palavras-chave
  • ensino de genética, Drosophila melanogaster, laboratório didático de ciências
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
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Comissão Organizadora

Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas. 

 

 

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