ANÁLISES IN SILICO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS EM CÂNCERES AGRESSIVOS
Beatriz Nascimento Chaves1; Aline Sampaio Cremonesi2
1Estudante do Curso de Biomedicina - Universidade São Francisco; 2Professora da Universidade São Francisco
RESUMO
Para manter sua atividade, o câncer de mama HER2 positivo interage com as proteínas MUC1 e MUC4, enquanto o câncer de pâncreas com mutação em KRAS interage com RASGRF2. Assim, o objetivo desse trabalho foi identificar e caracterizar tais proteínas por meio de análises in silico, a fim de caracterizar as redes de interações destas proteínas e buscar possíveis inibidores. As análises tiveram início com a obtenção das sequências nucleotídicas das proteínas no banco de dados NCBI. Em seguida, a predição da estrutura secundária foi realizada com o programa Psipred, enquanto as regiões ordenadas foram identificadas utilizando o FoldIndex. Para a caracterização funcional, foram analisados os domínios por meio do SMART, as regiões transmembrana com o deepTMHMM, e os peptídeos sinais foram preditos pelo SignalP. A modelagem estrutural das proteínas foi feita através do ColabFold, sendo complementada pelo Swiss-Model no caso da proteína de maior tamanho. As vias interações foram obtidas por meio da plataforma STRING, que indicou possíveis parceiros de interação. Os resultados sugerem que MUC1 apresenta uma conformação ordenada, com regiões que se encontram dentro e fora da célula, podendo estar associada à proliferação tumoral por possivelmente interagir com EGFR, LGALS3 e CTNNB1. A MUC4 apresenta uma extensa estrutura ordenada, composta por 2.169 aminoácidos, e provavelmente possui uma região transmembrana, com a maior parte voltada para o meio extracelular, podendo favorecer a superexpressão de HER 2 e a evasão tumoral por meio da interação com ERBB3 e MUC16. RASGRF2 é uma proteína intracelular, composta por 1.237 aminoácidos e pode interagir com NRAS, indicando um possível papel na ativação de proteínas KRAS. Com base em dados previamente descritos na literatura, foram identificados possíveis inibidores para essas proteínas-alvo: A molécula GO-203 se liga ao domínio citoplasmático da MUC1, impedindo a ligação entre as partes de sua sequência e, consequentemente, bloqueando a sinalização oncogênica. O composto DSF-102 atua como inibidor de EGFR e pode interagir com o domínio funcional de EGF da MUC4, comprometendo a proliferação das células tumorais. Já a molécula Rhosin/G0 afeta a atividade da GTPase, interferindo diretamente na ativação da proteína RASGRF2. Diante dessas informações, sugere-se que as proteínas estudadas possuem regiões bem ordenadas e podem contribuir para a progressão dos cânceres analisados por meio de vias de interação envolvidas na proliferação e sobrevivência celular. As moléculas identificadas na literatura, por sua vez, poderão direcionar análises de docking molecular para avaliar o potencial inibitório das proteínas-alvo. Nesse sentido, este estudo se destaca por oferecer uma caracterização estrutural e funcional de proteínas diretamente relacionadas à progressão tumoral, ampliando a compreensão dos mecanismos moleculares associados a subtipos específicos do câncer de mama e de pâncreas. Tais achados podem embasar pesquisas futuras voltadas ao desenvolvimento de fármacos mais seletivos e à proposição de novas abordagens terapêuticas.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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