Título
MACROFAUNA ASSOCIADA AO CORAL-ESTRELA-DE-DEZ-RAIOS, Madracis decactis (CNIDARIA, ANTHOZOA,SCLERACTINIA) DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Autor(es)
Clara Flor Nogueira, Renato Hajenius Aché de Freitas, Marcelo Visentini Kitahara.
Área temática
AMBIENTAL
Palavras-chave
Coral, Madracis decactis, fauna associada.
Desde o final do século XIX, em parte devido a ações diretas e indiretas humanas, a temperatura global das águas marinhas aumentou significativamente, resultando na ruptura da associação simbiótica entre dinoflagelados fotossintetizantes e os corais escleractíneos, fenômeno conhecido como branqueamento. Mais recentemente, o branqueamento dos corais vem se tornado mais frequente e severo, sendo o gatilho para diversas doenças nos corais, reduzindo assim drasticamente a cobertura dos principais engenheiros ecossistêmicos dos recifes. Os ecossistemas recifais, caracterizados por sua grande complexidade estrutural, abrigam a maior parcela da vida marinha conhecida e formam o ecossistema marinho mais biodiverso do planeta. Ao serem os principais formadores dos ecossistemas recifais, os corais escleractíneos garantem abrigo para inúmeras espécies, sustentando processos ecológicos essenciais. O coral-estrela-de-dez-raios, Madracis decactis, espécie de coral escleractíneo, pode formar grandes colônias, as quais variam de incrustantes a mais tridimensionais, sendo ampla a diversidade de macroinvertebrados encontrados em suas colônias. Apesar das estimativas de que cerca de 25% de toda a biodiversidade marinha está associada aos ecossistemas recifais, salvo poucas exceções, ainda não está claro quantas e quais são as espécies de invertebrados que vivem diretamente associados a vasta maioria das espécies de corais escleractíneos, de modo que o conhecimento acerca da diversidade taxonômica e, consequentemente, dos padrões de distribuição desses organismos é escasso e fragmentado, dificultando a implementação de medidas de conservação e gestão espacial eficazes. Este projeto tem como objetivo geral identificar e quantificar a diversidade faunística associada ao coral M.decactis a nível taxonômico. Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2025 houve início do desenvolvimento das atividades, que estão atreladas à coleta parcial de colônias do coral hospedeiro por meio de mergulho autônomo, de modo que três coletas do coral-estrela-de-dez-raios foram realizadas no Litoral Norte de São Paulo, duas na praia Ponta da Sela, em condições ambientais distintas, e uma no Arquipélago de Alcatrazes. Em cada mergulho de SCUBA, geralmente de 10m de profundidade, foram retiradas em média seis colônias de diversos tamanhos e diferentes pontos de fixação, com auxílio de martelo, formão de aço inoxidável e redes de náilon para armazenamento das colônias durante os mergulhos. Uma vez coletadas, as colônias são provisoriamente acondicionadas em baldes com água do mar até o retorno ao laboratório, onde são feitas as triagens. No laboratório, cada colônia é triada separadamente, com o auxílio de pinças e pipetas. Inicialmente, os animais encontrados são removidos das bandejas e agrupados em grandes grupos, como poliquetas, caranguejos e ofiuroides, por exemplo, para identificação específica posterior. Durante esse processo, as colônias que não estão sendo analisadas são mantidas em tanques com água do mar corrente. Após a coleta, os invertebrados são anestesiados em solução isotônica, com a água do mar e cloreto de magnésio (MgCl), onde permanecem por cerca de 10 minutos. Esse procedimento possibilita a obtenção dos registros fotográficos em estereomicroscópio acoplado a uma câmera fotográfica, ou por câmera DSLR com lente macro. Concluído o registro fotográfico de todas as diferentes espécies encontradas, os indivíduos coletados são fixados separadamente em potes de vidro com álcool 70% ou 99% contendo informações de coleta, como data, local, classificação preliminar, coletor e identificador. Os indivíduos de cada táxon associado ao coral estão sendo identificados e quantificados por amostras. Resultados preliminares revelaram um total de mais de 300 invertebrados amostrados, distribuídos em aproximadamente 50 espécies, com destaque para a abundante fauna de poliquetas da Ordem Phyllodocida, crustáceos da Subordem Brachyura, o ophiuroidea Ophiactis savignyi e o bivalve Leiosolenus aristatus. Também foi encontrado grande número de Crustáceos de diferentes taxonomias, como os gêneros Paguros e Synalpheus, além de cnidários, quelicerados e diversos moluscos gastrópodes. Os resultados obtidos servirão como inventário taxonômico sobre a fauna associada, garantindo maior conhecimento sobre as relações ecológicas que afetam ambos hospedeiros e associados.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
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