O manganês (Mn) é um micronutriente essencial para as plantas, participando ativamente na fotólise da água no fotossistema II, no metabolismo antioxidante e como cofator enzimático em diversos processos fisiológicos. No entanto, em concentrações excessivas, o Mn torna-se tóxico, induzindo sintomas como manchas necróticas foliares, clorose internerval, inibição do crescimento e alterações no balanço hídrico. A toxicidade por Mn é comum em solos ácidos (pH < 5,0), característica marcante de biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica, que são considerados hotspots de biodiversidade, mas estão sob crescente pressão antrópica devido a práticas como mineração, uso intensivo de fertilizantes e contaminação por resíduos industriais. Apesar disso, pouco se sabe sobre a resposta diferencial de espécies nativas desses biomas à toxicidade de Mn, especialmente durante estágios iniciais de desenvolvimento. Neste contexto, o presente estudo avaliou os efeitos do excesso de Mn sobre parâmetros de hidratação e desenvolvimento inicial em espécies congenéricas de distribuição predominante no Cerrado (Tabebuia aurea, ipê-amarelo) e na Mata Atlântica (Tabebuia roseoalba, ipê-branco). Em cultivo hidropônico com solução de Furlani & Furlani (1988) com ¼ da força, foram aplicadas concentrações de 0,85 mM (controle) e 1,5 mM de MnCl2 em 8 repetições de cada espécie. Aos 3, 7, 14 e 21 dias após o tratamento (DAT) foram coletados dados de condutância estomática (gs), transpiração (E) e eficiência do uso da água (EUA). Aos 21 DAT também foram avaliados o conteúdo relativo de água (CRA), e dados biométricos (altura, número de folhas e comprimento da raiz principal) e de biomassa. Os dados foram submetidos à análise de variância (Two-Way ANOVA) e médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Não houve variação no CRA entre as espécies e condições. No entanto, em T. aurea, gs, E e EUA permaneceram estáveis entre os tratamentos, exceto pela redução na EUA aos DAT no tratamento com excesso de Mn, não havendo redução significativa em parâmetros biométricos. Em contrapartida, em T. roseoalba, o excesso de Mn comprometeu a gs, E e EUA a partir de 7 DAT. Tais efeitos resultaram em reduções significativas no comprimento da raiz principal, na área foliar e na biomassa de raízes e folhas. A interação significativa entre espécie e concentração de Mn evidenciou que mudas de T. aurea apresentaram maior tolerância fisiológica à toxicidade por Mn em comparação às de T. roseoalba.
Comissão Organizadora
Estudantes de biologia da Universidade Estadual de Campinas.
Em caso de dúvida, envie um email para contato@caeb.com.br